Etiologia
O mecanismo subjacente à hipotermia é um desequilíbrio entre a produção e a perda de calor.[18] A hipotermia primária é causada por exposição ao frio, enquanto a hipotermia secundária é causada por uma redução da reserva fisiológica como resultado de uma doença ou outras causas externas.[19][20] A hipotermia primária é mais comum em pessoas desabrigadas ou intoxicadas, atletas e pessoas que se perdem ao ar livre devido a problemas cognitivos (por exemplo, AVC ou doença de Parkinson).[19][20] As condições associadas a hipotermia secundária podem ser agrupadas naquelas que causam comprometimento da termorregulação, diminuição da produção de calor ou aumento da perda de calor.[18][19]
Comprometimento da termorregulação[19]
Falência do sistema nervoso central
Anorexia nervosa
Lesão cerebral traumática
Disfunção hipotalâmica
Falência metabólica
Neoplasia
Doença de Parkinson
Efeitos farmacológicos (anestésicos gerais)
AVC (hemorrágico ou isquêmico)
Toxinas
Felência periférica
Transecção aguda da medula espinhal
Neuropatia periférica
Diminuição da produção de calor[19]
Falência endócrina
Cetoacidose diabética ou alcoólica
Hipoadrenalismo
Hipopituitarismo
Acidose láctica
Combustível insuficiente
Esforço físico extremo
Hipoglicemia
Desnutrição
Comprometimento neuromuscular
Extremidades etárias
Comprometimento do tremer
Inatividade
Aumento da perda de calor[19]
Doença dermatológica
Queimaduras
Vasodilatação induzida
Drogas, medicamentos e toxinas
Iatrogênica
Parto de emergências
Infusões frias
Tratamento de uma intermação
Outros estados clínicos associados
Carcinomatose
Doença cardiopulmonar
Infecções graves
Trauma múltiplo
Choque
Fisiopatologia
A hipotermia ocorre por diminuição da temperatura interna. A temperatura interna é um reflexo do equilíbrio entre produção e perda de calor.[18] O calor é produzido durante a quebra de ligações de fosfato de alta energia, e é perdido através dos pulmões e da pele. A perda de calor corporal por radiação ocorre principalmente por emissão infravermelha.[21]
Nos estágios iniciais da hipotermia, termorreceptores situados na pele e nos tecidos subcutâneos sentem a baixa temperatura do ambiente e causam uma vasoconstrição regional. Isso faz o hipotálamo estimular a liberação de hormônio estimulante da tireoide (TSH) e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), causando estimulação da tireoide e das glândulas adrenais. O hipotálamo também estimula a produção de calor ao promover tremores, que geralmente ocorrem entre 34 °C e 36 °C (93.2 °F e 96.8 °F). Devido aos efeitos da vasoconstrição prolongada, pode ocorrer acidose, que debilita a resposta à produção de catecolaminas.
O monitoramento contínuo por eletrocardiograma (ECG) mostra bradicardia progressiva. Podem ocorrer ondas J (ondas de Osborn) nas temperaturas abaixo de 30°C (86°F) e, geralmente, são observadas nas derivações precordiais laterais.[22] Complexos QRS amplos, elevação ou queda de ST e inversão das ondas T também podem ocorrer quando a condução do miocárdio fica mais lenta.[7] Os intervalos PR, QT e QTc estão prolongados. Alguns pacientes desenvolvem fibrilação atrial ou ritmo juncional.[23]
Inicialmente, o centro respiratório é estimulado, mas com o passar do tempo, há uma diminuição da frequência respiratória e do volume corrente. Os espaços mortos anatômico e fisiológico aumenta, assim como o edema bronquiolar e alveolar.[24] O corpo começa a limitar as funções de produção de energia.
O fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular também diminuem. A reabsorção tubular diminui por ser um processo que exige energia. Como resultado, ocorrem natriurese e diurese induzidas pelo frio.[7]
A hipotermia também está associada à resistência insulínica e à hiperglicemia. Geralmente ocorre uma disfunção plaquetária que pode causar uma doença hemorrágica. A vasoconstrição pode causar hipóxia tecidual.[25]
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