A história característica e os achados do exame físico geralmente são suficientes para diagnosticar a miliária.
História e sintomas
A miliária cristalina é caracterizada por vesículas frágeis e assintomáticas que aparecem em grupos dias a semanas após a exposição a um fator desencadeante.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
Os fatores importantes que podem induzir miliária cristalina incluem os seguintes:[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[3]Arpey CJ, Nagashima-Whalen LS, Chren MM, et al. Congenital miliaria crystallina: case report and literature review. Pediatr Dermatol. 1992 Sep;9(3):283-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1488382?tool=bestpractice.com
[10]Haas N, Martens F, Henz BM. Miliaria crystallina in an intensive care setting. Clin Exp Dermatol. 2004 Jan;29(1):32-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14723716?tool=bestpractice.com
[16]Shuster S. Duct disruption, a new explanation of miliaria. Acta Derm Venereol. 1997 Jan;77(1):1-3.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9059666?tool=bestpractice.com
[22]Rochmis PG, Koplon BS. Iatrogenic miliaria crystallina due to bethanechol. Arch Dermatol. 1967 May;95(5):499-500.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6023703?tool=bestpractice.com
[23]Gupta AK, Ellis CN, Madison KC, et al. Miliaria crystallina occurring in a patient treated with isotretinoin. Cutis. 1986 Oct;38(4):275-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3465509?tool=bestpractice.com
[24]Godkar D, Razaq M, Fernandez G. Rare skin disorder complicating doxorubicin therapy: miliaria crystallina. Am J Ther. 2005 May-Jun;12(3):275-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15891274?tool=bestpractice.com
Exposição a calor e umidade excessivos, especialmente em áreas tropicais ou, em áreas temperadas, durante os meses de verão
Uso de roupas oclusivas
Doença febril
Depois de queimadura solar em condições climáticas quentes e úmidas
Medicamentos como isotretinoína, doxorrubicina ou betacolina
Depois da síndrome da pele escaldada estafilocócica
Lactentes muito agasalhados
Em neonatos imediatamente após o parto em caso de febre materna.
A miliária rubra é caracterizada por uma erupção de pápulas acompanhada por uma sensação de prurido, parestesia, ardência ou formigamento que é paroxística e exacerbada por estímulos que induzem a sudorese.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[2]Sulzberger MB, Harris DR. Miliaria and anhidrosis. 3. Multiple small patches and the effects of different periods of occlusion. Arch Dermatol. 1972 Jun;105(6):845-50.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/5030233?tool=bestpractice.com
Exacerbações de miliária rubra frequentemente são seguidas por períodos de anidrose nos locais afetados.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[2]Sulzberger MB, Harris DR. Miliaria and anhidrosis. 3. Multiple small patches and the effects of different periods of occlusion. Arch Dermatol. 1972 Jun;105(6):845-50.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/5030233?tool=bestpractice.com
A miliária rubra ocorre principalmente em ambientes quentes e úmidos, afetando até 30% das pessoas expostas a essas condições, e geralmente afeta áreas de atrito e oclusão.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[14]Lyons RE, Levine R, Auld D. Miliaria rubra, a manifestation of staphylococcal disease. Arch Dermatol. 1962 Sep;86:282-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14467655?tool=bestpractice.com
[15]Sanderson PH, Sloper JC. Skin disease in the British army in SE Asia. I. Influence of the environment on skin disease. Br J Dermatol. 1953 Jul-Aug;65(7-8):252-64.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/13059235?tool=bestpractice.com
Embora a formação de miliária rubra possa ocorrer poucos dias após a exposição a um ambiente tropical, ela ocorre com mais frequência depois de 2 a 5 meses de exposição contínua a um ambiente quente e úmido.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[15]Sanderson PH, Sloper JC. Skin disease in the British army in SE Asia. I. Influence of the environment on skin disease. Br J Dermatol. 1953 Jul-Aug;65(7-8):252-64.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/13059235?tool=bestpractice.com
A miliária profunda normalmente ocorre após episódios repetidos de miliária rubra em adultos nos trópicos e é caracterizada por lesões assintomáticas que ficam mais evidentes quando o paciente é estimulado a suar.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
Além disso, os pacientes são anidróticos nos locais de comprometimento, com hiperidrose compensatória no rosto, nas mãos e nos pés, e se queixam de fraqueza e dispneia decorrentes da exaustão por calor associada.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[27]O'Brien JP. A study of miliaria rubra, tropical anhidrosis, and anhidrotic asthenia. Br J Dermatol Syph. 1947 Apr-May;59(4-5):125-58.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20242508?tool=bestpractice.com
Exame físico
A miliária cristalina é caracterizada por uma erupção difusa, normalmente no tronco e nos membros proximais, de vesículas translúcidas, frágeis e não foliculares sobre uma base não eritematosa. Em neonatos, o rosto e o pescoço também podem estar envolvidos.[3]Arpey CJ, Nagashima-Whalen LS, Chren MM, et al. Congenital miliaria crystallina: case report and literature review. Pediatr Dermatol. 1992 Sep;9(3):283-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1488382?tool=bestpractice.com
[5]Hidano A, Purwoko R, Jitsukawa K. Statistical survey of skin changes in Japanese neonates. Pediatr Dermatol. 1986 Feb;3(2):140-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3952030?tool=bestpractice.com
Se rompidas, as vesículas liberam um líquido aquoso transparente. A erupção apresenta resolução espontânea com uma aparência descamativa superficial farelenta.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
(O termo "farelenta" descreve a similaridade com a aparência da dura camada externa dos cereais.)
A miliária rubra é caracterizada por pápulas eritematosas não foliculares com uma vesícula central nos locais de atrito e oclusão.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[3]Arpey CJ, Nagashima-Whalen LS, Chren MM, et al. Congenital miliaria crystallina: case report and literature review. Pediatr Dermatol. 1992 Sep;9(3):283-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1488382?tool=bestpractice.com
Em adultos, a erupção ocorre no tronco com preservação do rosto, enquanto nos neonatos o rosto pode estar envolvido.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[3]Arpey CJ, Nagashima-Whalen LS, Chren MM, et al. Congenital miliaria crystallina: case report and literature review. Pediatr Dermatol. 1992 Sep;9(3):283-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1488382?tool=bestpractice.com
[5]Hidano A, Purwoko R, Jitsukawa K. Statistical survey of skin changes in Japanese neonates. Pediatr Dermatol. 1986 Feb;3(2):140-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3952030?tool=bestpractice.com
Pústulas não foliculares também podem se formar e, se forem disseminadas, a condição é denominada miliária pustulosa.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
Anidrose pode ocorrer nas áreas afetadas.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
A miliária profunda é caracterizada por pápulas profundas não foliculocêntricas, da cor da pele, que se concentram no tronco e nos membros proximais com anidrose associada das áreas afetadas.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
Outros achados incluem hiperidrose compensatória de rosto, axilas, mãos e pés, bem como adenopatia inguinal e axilar.[1]Wenzel FG, Horn TD. Nonneoplastic disorders of the eccrine glands. J Am Acad Dermatol. 1998 Jan;38(1):1-17; quiz 18-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9448199?tool=bestpractice.com
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Miliária cristalina em paciente febril hospitalizadoDo acervo de Brian L. Swick, usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Miliária rubraDo acervo de Brian L. Swick, usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Vesículas frágeis não inflamatórias cheias de líquido de miliária cristalinaDo acervo de Brian L. Swick, usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Pequenas pápulas inflamatórias de miliária rubra fortemente agrupadasDo acervo de Brian L. Swick, usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Pápulas inflamatórias profundas de miliaria profundaDo acervo de Brian L. Swick, usado com permissão [Citation ends].
Avaliação laboratorial
Exames laboratoriais normalmente não são necessários, pois o diagnóstico geralmente é feito com base nos achados da história e do exame físico. No entanto, uma biópsia de pele de uma lesão ativa talvez seja necessária para confirmação, caso o quadro clínico seja pouco esclarecedor.
Secções de uma lesão de miliária cristalina coradas com hematoxilina e eosina demonstram uma vesícula subcorneana situada ao longo de um ducto acrossiríngeo sem nenhum infiltrado inflamatório associado.
Secções de uma lesão de miliária rubra coradas com hematoxilina e eosina demonstram espongiose de um ducto sudoríparo intraepidérmico, às vezes formando uma vesícula espongiótica, com exocitose linfocítica e um infiltrado perivascular superficial de linfócitos e neutrófilos.
Secções de uma lesão de miliária profunda coradas com hematoxilina e eosina demonstram uma vesícula espongiótica intraepidérmica associada a um ducto acrossiríngeo com exocitose linfocítica e um infiltrado perivascular superficial de linfócitos e neutrófilos mais denso que o observado na miliária rubra.
As infecções herpéticas podem ser descartadas usando-se um esfregaço de Tzanck, anticorpo fluorescente direto viral, cultura ou reação em cadeia da polimerase viral. A Infecção estafilocócica pode ser descartada com cultura bacteriana, e a candidíase pode ser descartada usando-se uma cultura fúngica ou uma solução de hidróxido de potássio (KOH).[Figure caption and citation for the preceding image starts]: A micrografia demonstra a presença de vírus do herpes simples em um esfregaço de TzanckDo acervo de Brian L. Swick, usado com permissão [Citation ends].