Etiologia
A miliária cristalina representa a variante de miliária mais superficial na qual a obstrução do ducto écrino ocorre na camada córnea.[1] A miliária cristalina é observada principalmente em doenças febris, situações em que roupas oclusivas impedem a dissipação de calor e umidade como em lactentes muito agasalhados, após queimadura solar sob condições climáticas quentes e úmidas, em pacientes de cuidados intensivos devido aos medicamentos usados e em neonatos imediatamente após o parto em caso de febre materna.[1][3][6][7][9][10] Além disso, a miliária cristalina tem sido associada a hipernatremia subjacente tanto em adultos quanto em crianças.[12][13]
Na miliária rubra, a obstrução do ducto écrino ocorre na camada de Malpighi da epiderme.[1] A miliária rubra ocorre principalmente com o uso de roupas oclusivas em ambientes quentes e úmidos, afeta até 30% dos indivíduos e tem a incidência máxima 2 a 5 meses após a exposição a um ambiente tropical.[14][15]
Na miliária profunda, a obstrução do ducto écrino ocorre no nível da junção dermoepidérmica, após múltiplos episódios de miliária rubra.[1] A miliária profunda geralmente é observada apenas em ambientes tropicais.[1]
Fisiopatologia
O processo patogênico primário na miliária é ruptura do ducto écrino.[16] Sudorese excessiva causa hiper-hidratação da camada córnea, o que, por sua vez, causa oclusão acrossiríngea.[17] No entanto, a sudorese isoladamente não é suficiente para produzir ruptura do ducto e miliária. Concentrações elevadas de cloreto de sódio na pele, alta umidade e roupas oclusivas podem causar ruptura do ducto écrino devido à maceração da camada córnea; danos induzidos pela radiação ultravioleta às células epidérmicas também podem causar ruptura ductal.[16] Além disso, existem evidências de que o Staphylococcus epidermidis, que pode estar presente em quantidades mais elevadas em pele macerada e obstruída, produz uma substância polissacarídica que pode obstruir o fornecimento de suor para a pele.[18][19] Lesão no ducto écrino causada por alto conteúdo de sódio pode levar a miliária cristalina no quadro de hipernatremia.[13]
Classificação
Classificação clínica[1]
A miliária é classificada de acordo com a profundidade em que a obstrução do ducto écrino ocorre:
Miliária cristalina
Caracterizada por vesículas frágeis e assintomáticas que aparecem em grupos dias a semanas após a exposição a um fator desencadeante. A miliária cristalina é a variante mais superficial na qual a obstrução do ducto écrino ocorre na camada córnea.[1]
Miliária rubra
Caracterizada por uma erupção de pápulas acompanhada por uma sensação de prurido, parestesia, ardência ou formigamento, que é paroxística e exacerbada por estímulos que induzem a sudorese.[1][2] Na miliária rubra, a obstrução do ducto écrino ocorre na camada de Malpighi da epiderme.[1]
A miliária rubra é caracterizada por pápulas eritematosas não foliculares com uma vesícula central nos locais de atrito e oclusão.[1][3]
Miliária profunda
Geralmente observada em ambientes tropicais, após vários episódios de miliária rubra. A obstrução do ducto écrino ocorre no nível da junção dermoepidérmica.[1] A variante é caracterizada por pápulas assintomáticas, da cor da pele, no tronco e nos membros, com presença de anidrose que pode causar hiperpirexia e exaustão por calor.[1][4]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal