História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
diarreia aquosa copiosa
A diarreia aquosa copiosa, sem sangue e com aspecto de "água de arroz" é específica da cólera nas condições clínicas adequadas.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Frasco de fezes com aspecto de "água de arroz" típicas de um paciente com cólera mostrando manchas de muco no fundoCDC/Dr William A. Clark [Citation ends].
A diarreia >1 litro/hora é quase patognomônica de cólera quando contínua (>20 mL/kg durante um período de observação de 4 horas).[74]
evidências de depleção de volume
Os pacientes com depleção de volume grave no contexto de uma doença diarreica têm 5.5 vezes maior probabilidade de ter cólera que outras doenças diarreicas.[88]
Em depleção de volume leve a moderada, os pacientes podem demonstrar irritabilidade, olhos encovados, xerostomia, evidência de uma queda postural da pressão arterial (PA) significativa (>20 mmHg), turgor cutâneo levemente diminuído e sede, mas conseguem tomar quantidades significativas de fluidos por via oral.[3][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Devido à depleção de volume grave, a cólera se manifesta com turgor cutâneo diminuído, que produz o chamado sinal de "mão de lavadeira"CDC/Dr William A. Clark [Citation ends].
Em depleção de volume grave, os pacientes estarão letárgicos ou comatosos com colapso circulatório (pulso filiforme, PA baixa com PA sistólica <80 mmHg), bem como olhos encovados, ausência de lágrimas, membranas mucosas ressecadas, retorno capilar fraco (>2 segundos) e turgor cutâneo diminuído.[3]
Outros fatores diagnósticos
comuns
idade <5 anos
Nas áreas endêmicas, os adultos frequentemente têm imunidade preexistente às cepas circulantes de Vibrio cholerae. Portanto, os novos surtos normalmente afetam os mais jovens primeiro. Como a diarreia provocada por outros agentes é comum em crianças pequenas, a ocorrência de diarreia grave nessa faixa etária não é específica para cólera.
Durante os surtos, a cólera pode afetar todas as idades. Embora as taxas sejam mais altas em crianças, mais adultos ficarão doentes porque, na população em geral, há mais adultos em risco. Entre as pessoas que voltam de viagem, os adultos podem ser afetados com um período de incubação de até 5 dias.
A amamentação tem demonstrado proteger os bebês da ocorrência de cólera, provavelmente devido à probabilidade reduzida de exposição direta.[36] Lactentes também têm menos probabilidade de serem hospitalizados devido ao cólera.[42]
ingestão de frutos do mar
Os frutos do mar são uma fonte comum de contaminação com cólera.
história familiar de recente doença grave similar à cólera
A cólera geralmente ocorre em grupos familiares por causa de casos secundários ou de um surto de origem comum.[89]
vômitos
Podem ser um dos primeiros sinais de cólera e são extremamente comuns entre as crianças, mas são inespecíficos.[73]
Incomuns
febre
Embora a febre tenha sido observada em estudos com voluntários (38% dos voluntários durante o pródromo da infecção por cólera artificial), ela não é observada em cólera adquirida naturalmente.[51]
dor abdominal
Registrada em um terço das crianças estudadas.[73]
letargia ou coma
Pode indicar depleção de volume grave com colapso cardiovascular iminente.
Fatores de risco
Fortes
ingestão de água contaminada
A Vibrio cholerae se replica livremente em água pura com baixo teor de sal, como a água de rios.
As fontes de água contaminadas são responsáveis por surtos de cólera.[26]
Evidências da América do Sul mostram que beber água e gelo não tratados é um risco para cólera.[27]
Os produtos de desmame contaminados são um importante fator de risco para cólera em crianças pequenas.[28]
Medidas simples para melhorar a qualidade do armazenamento e o tratamento da água têm sido intervenções eficazes.[29][30]
ingestão de alimentos contaminados
A água infectada pode contaminar fontes de alimento. Frutos do mar contaminados e seus produtos ou pessoas que manuseiam alimentos podem disseminar bactérias conforme o alimento é preparado.[22]
Frutos do mar, mariscos, ostras e caranguejos mantêm Vibrio cholerae transmissível porque geralmente contêm poucas bactérias concorrentes e têm pH levemente alcalino ou neutro. Arroz, vegetais e alimentos vendidos nas ruas sem condições de higiene também têm sido responsáveis por surtos.[27][31]
saneamento inadequado
Os surtos de cólera geralmente ocorrem em cenários com poucos recursos e áreas de pobreza, como comunidades urbanas, campos de refugiados, zonas de conflito, após desastres naturais e presídios com acesso limitado ou sem acesso a água potável, onde instalações de saneamento (por exemplo, lavatórios e sistemas de esgoto) podem não existir. Onde há saneamento municipal, falhas na cloração podem causar surtos.[27][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Favela típica em Kampala, Uganda; surtos de cólera são comuns em países de baixa rendaDr Philip Gothard, especialista em doenças infecciosas, Hospital for Infectious Diseases, University College London Hospital, Reino Unido [Citation ends].
As pessoas que vivem em áreas com inundação recente ou em áreas com saneamento inadequado ou superpovoadas também correm risco de circunstâncias semelhantes, o que pode causar uma epidemia.
A exposição a um caso conhecido de cólera, geralmente um membro da família, também pode provocar casos secundários.[21][32]
Histórico urbano, condição socioeconômica baixa, higiene pessoal precária, saneamento e suprimento de água potável inadequados contribuem principalmente para a ocorrência de epidemias.
chuvas fortes e inundações recentes
Responsáveis por 25% de todos os surtos de cólera registrados no período de 10 anos até 2005.[16] Durante períodos de inundação, as taxas de cólera aumentam quase seis vezes.[33]
As pessoas mais afetadas após inundações costumam ser aquelas que usam poços feitos de tubos que são contaminados com elementos fecais por saneamento de má qualidade.
diminuição da secreção do suco gástrico
grupo sanguíneo O
Muitas doenças infecciosas mostram uma relação entre grupo sanguíneo e suscetibilidade à doença.[37] O risco de cólera sintomática é maior entre os indivíduos do grupo sanguíneo O.[36][38]
No entanto, embora o grupo sanguíneo O leve a uma doença mais grave, ele pode na verdade ser protetor contra a infecção inicial ou colonização.[36][39] O grupo sanguíneo O é muito menos presente nas áreas endêmicas de cólera como o sul da Ásia, sugerindo um efeito protetor do grupo sanguíneo.[32]
desnutrição
A duração, mas não o volume, da diarreia é prolongada em 30% a 70% dos adultos e crianças com evidência de desnutrição, conforme medido por altura e peso.[40]
Fracos
Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)
Existem algumas evidências de que a infecção por HIV pode predispor à cólera. Em um estudo de caso-controle realizado na África Subsaariana, houve uma tendência dos pacientes HIV-positivos terem história recente de suspeita de cólera.[36][41] O mecanismo provavelmente ocorre devido à depleção da imunoglobulina A secretora, o anticorpo mais importante para a imunidade mucosa, por causa de sua capacidade de neutralizar a toxina da cólera e bloquear os receptores de ligação usados pelas bactérias enquanto elas aderem ao epitélio.
Há algumas evidências de que pessoas que vivem com HIV podem liberar bactérias viáveis nas fezes por períodos muito maiores de tempo do que pessoas com imunidade normal.
Outros tipos de imunocomprometimento são uma consideração teórica no contexto da doença, mas não há nenhuma literatura publicada.
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