Abordagem
O tratamento para molusco deve ser individualizado, levando em consideração fatores como se um paciente é imunocompetente ou imunocomprometido, a localização e extensão das lesões, a presença de outras doenças de pele (por exemplo, dermatite atópica) e a preferência do paciente.
Pacientes imunocompetentes sem outras doenças de pele são geralmente tratados na atenção primária. Uma revisão Cochrane não encontrou evidências fortes para dar suporte ao uso de um tratamento em vez de outro em pacientes imunocompetentes e concluiu que a resolução natural é uma opção forte para se considerar como primeira linha.[22]
Em pacientes imunocomprometidos (por exemplo, aqueles com infecção por HIV) e aqueles com dermatite atópica, a infecção por molusco pode ser mais prolongada e disseminada. Pode ser necessário encaminhar ou discutir com um especialista (por exemplo, dermatologista no contexto de dermatite atópica ou equipe de HIV se houver infecção por HIV coexistente). O tratamento precoce geralmente é necessário para esses pacientes, especialmente se eles tiverem lesões extensas.[23] O encaminhamento para a dermatologia também deve ser considerado se houver incerteza diagnóstica.[24]
O encaminhamento para especialista também é necessário para pacientes com:[23]
Lesões anogenitais: os adultos precisam ser encaminhados à medicina geniturinária e devem ser avaliados para outras infecções sexualmente transmissíveis (incluindo HIV). Crianças com lesões anogenitais devem ser encaminhadas para suspeita de abuso sexual se houver outras evidências que sugiram isso.
Margem palpebral ou lesões oculares com olhos vermelhos associados: esses pacientes necessitam de encaminhamento urgente a um oftalmologista.
Tratamento para pacientes imunocompetentes
Em pacientes imunocompetentes sem outras doenças de pele, a infecção por molusco desaparece naturalmente com o tempo. O tratamento geralmente não é necessário para esses pacientes.
Os pacientes devem ser tranquilizados de que, na maioria dos casos, a infecção por molusco é uma condição autolimitada que apresenta resolução espontânea em 1-2 anos. No entanto, os pacientes que desejam tratamento (por exemplo, devido à ansiedade, desconforto, aparência e não querer infectar outras pessoas) devem ser considerados para o tratamento.[9][25] Se os pacientes optarem pelo tratamento, devem ser avisados de que novas lesões podem se desenvolver por um tempo e podem precisar de mais de um ciclo de tratamento.[9] As opções de tratamento incluem agentes tópicos ou tratamentos físicos.
Uma revisão Cochrane não revelou nenhum tratamento convincente e eficaz no tratamento da infecção por molusco em pacientes imunocompetentes e concluiu que a resolução natural é uma opção forte a se considerar.[22]
Tratamento tópico
O hidróxido de potássio tópico pode fornecer um benefício modesto em comparação com o placebo.[22] Há evidências limitadas para outros tratamentos tópicos, incluindo ácido salicílico, peróxido de benzoíla e tretinoína.[22]
Tratamento físico
A crioterapia pode ser considerada como uma terapia cirúrgica ou na atenção primária para lesões não extensas em adultos e crianças.[22][25]
Tratamento para pacientes imunocomprometidos
Em pacientes imunocomprometidos, o manejo eficaz da condição subjacente (por exemplo, HIV ou dermatite atópica) geralmente resultará em uma melhora das infecções por molusco.
As principais causas de imunossupressão associadas ao molusco contagioso incluem infecção por HIV, transplantes de órgãos sólidos, terapia imunossupressora (inclusive terapia biológica), lúpus eritematoso sistêmico, sarcoidose e neoplasia.[13] O tratamento da condição subjacente deve ser otimizado em primeiro lugar, e isso envolverá um especialista no tratamento apropriado.
Em pacientes com HIV, a restauração imunológica com terapia antirretroviral (TAR) geralmente resulta na resolução da infecção por molusco. No entanto, o molusco pode apresentar síndrome inflamatória da reconstituição imune (SIRI) após o início da TAR. Se as lesões do molusco persistirem apesar do início da TAR e forem desfigurantes, mas não extensas, o tratamento pode ser realizado com crioterapia ou curetagem, especialmente se estiverem no rosto.[20] Cauterização ou crioterapia com anestésico local está amplamente disponível em hospitais e na atenção primária e é um tratamento físico eficaz para lesões não extensas.
Os tratamentos tópicos também podem ser usados em pacientes com HIV, apesar das evidências limitadas. As opções incluem cidofovir, podofilotoxina, imiquimode e cantaridina.[13][22][26] O imiquimode não é recomendado para uso em crianças.[13]
Tratamento para pacientes com dermatite atópica
Pacientes com dermatite atópica apresentam comprometimento da função de barreira da pele e um perfil imunológico alterado que os torna mais suscetíveis a infecções por molusco. Eles podem ser imunocompetentes ou, se estiverem usando medicação sistêmica (como um corticosteroide ou ciclosporina), imunocomprometidos. A probabilidade de uma infecção bacteriana secundária associada ao prurido e ao cutucar o molusco também é maior em pacientes com dermatite atópica.[8]
Infecções extensas ou prolongadas por molusco são uma indicação de que a dermatite atópica pode estar subtratada. As infecções por molusco geralmente melhoram ou remitem quando o tratamento para dermatite atópica é otimizado e, portanto, este deve ser o primeiro passo. Isso pode incluir adicionar um antisséptico tópico se houver infecção secundária, aumentar a quantidade e a frequência dos emolientes e adicionar um corticosteroide tópico para controlar a dermatite atópica ativamente inflamada. Consulte Dermatite atópica (Abordagem de tratamento).
A fototerapia ou uma terapia sistêmica (por exemplo, metotrexato) deve ser considerada se a infecção por molusco persistir, apesar da otimização da terapia tópica.[4] Algumas terapias sistêmicas usadas para tratar a dermatite atópica (e psoríase) podem melhorar ou exacerbar o molusco.[27]
A consulta com um dermatologista deve ser procurada se molusco extenso ocorrer após o início de um medicamento sistêmico.
Tratamento para pacientes com molusco anogenital
Pacientes com molusco anogenital podem ser imunocompetentes ou imunocomprometidos. Um exame completo de saúde sexual, incluindo o teste de HIV, deve ser realizado, pois a maioria dos moluscos anogenitais são transmitidos sexualmente.[13]
Em pacientes imunocompetentes, se o molusco não for extenso, os pacientes geralmente podem ser tranquilizados de que a infecção deve apresentar resolução espontânea, mas devem ser aconselhados a evitar raspar ou depilar a área anogenital e evitar compartilhar toalhas ou lençóis até à resolução das lesões. Um exame completo de saúde sexual deve ser realizado, mesmo que apenas 1 ou 2 moluscos sejam observados.
As indicações para o tratamento de molusco anogenital incluem a preferência do paciente, doença extensa e/ou persistente, razões cosméticas, medo de disseminação e cicatrização da doença e sintomas/complicações (por exemplo, prurido, inflamação e infecção secundária).
O tratamento físico ou tópico pode ser recomendado para pacientes com molusco anogenital.[25] No entanto, faltam evidências para dar suporte ao uso nesses pacientes.[13]
Crioterapia
A crioterapia é frequentemente usada em clínicas de saúde sexual e dermatologia para tratar molusco anogenital, embora faltem evidências publicadas de eficácia. Para desfechos ideais, tratamentos semanais durante 6-8 semanas podem ser necessários.[28]
Se disponível, a cauterização com anestésico local pode ser preferível à curetagem na pele anogenital, pois é menos traumático e menos doloroso.
Terapias tópicas para molusco anogenital
Podofilotoxina, hidróxido de potássio e imiquimode podem ser considerados para o tratamento do molusco anogenital.[13] Outros tratamentos tópicos, como peróxido de benzoíla e tretinoína, podem causar irritação e são inadequados para pele anogenital sensível.[13]
O imiquimode, um modificador de células T, tem o objetivo de estimular uma resposta imune ao vírus do molusco. No entanto, há poucas evidências de eficácia do imiquimode no tratamento do molusco. O imiquimode não é recomendado para uso em crianças.[13][25]
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