Prevenção primária
Usar corretamente os agentes antimicrobianos e descontinuá-los logo que possível ajuda a reduzir as modificações da flora intestinal, tornando menos provável o acometimento pelo Clostridioides difficile.
Probióticos
O uso de probióticos pode ser útil na prevenção primária. A evidência atual sugere que o uso de certas cepas probióticas ou combinações de cepas probióticas podem prevenir a infecção por C difficile em pacientes sob tratamento com antibióticos, e as diretrizes da American Gastroenterology Association (AGA) recomendam seu uso nessa situação. No entanto, a qualidade da evidência é baixa, e o relato de danos potenciais não foi sempre consistente.[57]
As diretrizes da Infectious Diseases Society of America/Society for Healthcare Epidemiology of America (IDSA/SHEA) e o American College of Gastroenterology (ACG) não recomendam os probióticos para a prevenção primária da infecção por C difficile fora de ensaios clínicos devido a dados insuficientes.[2][58] A razão para a diferença de recomendações entre a AGA e o ACG é o fato de que a AGA levou em consideração a especificidade da cepa em sua análise das evidências.[59]
Uma revisão Cochrane de 31 ensaios clínicos randomizados e controlados (8672 pacientes) mostrou que havia evidências de qualidade moderada de que os probióticos foram seguros e eficazes na prevenção da diarreia associada a C difficile quando usados com antibióticos em pacientes que não estão imunocomprometidos ou gravemente debilitados.[60] [
] [Evidência B]
A administração de probióticos perto da primeira dose de antibióticos mostrou reduzir o risco de infecção por C difficile em mais de 50% nos adultos hospitalizados.[61]
Em uma revisão sistemática e metanálise, o Lactobacillus casei foi considerada a melhor intervenção entre 9 intervenções probióticas para a prevenção de doença associada a C difficile.[62]
Prevenção e controle de infecção
Orientações sobre o controle de infecções e lavar as mãos com água e sabão ajudam a prevenir a disseminação de paciente para paciente. A Organização Mundial da Saúde fornece diretrizes sobre a técnica correta de lavagem das mãos. Foi demonstrado que uma técnica de lavagem estruturada é mais efetiva que uma técnica não estruturada contra o C difficile.[63] WHO: guidelines on hand hygiene Opens in new window Os pacientes devem receber os cuidados com precauções de contato por pelo menos 48 horas após a remissão da diarreia.[64]
A limpeza ambiental em hospitais é fundamental para prevenir a introdução ou disseminação de patógenos.[65][66] Os métodos de descontaminação incluem o uso de peróxido de hidrogênio, agentes que liberam cloro e luz ultravioleta. O peróxido de hidrogênio reduziu consideravelmente a frequência de contaminação por C difficile, em comparação com hipoclorito, e reduziu a incidência de infecção por C difficile adquirida em hospital, em comparação com outros métodos de limpeza. A descontaminação com UV reduziu consideravelmente a frequência de infecção por C difficile adquirida no hospital, em comparação com hipoclorito.[67]
Não está claro se dar banho em pacientes criticamente enfermos com clorexidina reduz as infecções adquiridas no hospital, a mortalidade ou o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva devido às evidências de muito baixa certeza disponíveis.[68]
Programas de direcionamento de antimicrobianos
A administração antimicrobiana deve ser um componente central nos programas de controle da infecção por C difficile.[28] Os benefícios dos programas de manejo incluem efeitos adversos reduzidos e melhores desfechos do paciente.
As recomendações incluem:[2]
Minimizar a frequência e a duração de antibióticos, bem como o número de antibióticos prescritos, para reduzir o risco de infecção por C difficile.
Implementação de um programa de manejo com antibióticos
Deve-se considerar a restrição de fluoroquinolonas, clindamicina e cefalosporinas (exceto para profilaxia cirúrgica).
Uma metanálise revelou que programas de manejo mostraram reduzir significativamente a incidência de infecções por C difficile em 32% em pacientes hospitalizados e foram mais eficazes quando implementados com medidas de controle de infecção.[29]
Descontinuação dos inibidores da bomba de prótons
Não existem evidências suficientes para recomendar a descontinuação do inibidor da bomba de prótons para evitar a infecção por C difficile; porém, ele deve ser descontinuado se não for necessário.[2]
Vacinas
Não há vacinas disponíveis, mas há várias em desenvolvimento.[69]
Prevenção secundária
Deve-se ter cautela com os antibióticos conhecidos por causarem (ou serem suspeitos de causarem) infecção por Clostridioides difficile (por exemplo, ampicilina, cefalosporinas, clindamicina, carbapenêmicos e fluoroquinolonas), particularmente em grupos específicos de pacientes (por exemplo, idosos, pacientes hospitalizados e pacientes imunossuprimidos). Deve-se lavar as mãos de maneira rigorosa.
A profilaxia com vancomicina oral pode reduzir o risco de infecções recorrentes em pacientes de alto risco que tomam antibióticos sistêmicos.[146] Entretanto, estratégias de profilaxia secundária (por exemplo, probióticos, doses profiláticas de vancomicina ou fidaxomicina) em pacientes que precisem de antibioticoterapia para outra indicação após o tratamento do C difficile foram estudadas em ensaios clínicos randomizados e controlados. Os probióticos não são recomendados para prevenção da recorrência.[58]
O bezlotoxumabe, um anticorpo monoclonal humano que se liga à toxina B do C difficile, pode ser considerado para a prevenção da recorrência nos pacientes com alto risco de recorrência. Consulte a seção Novidades para obter mais informações.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal