Diagnóstico de prostatite com base na anamnese e no exame clínico, suportado pelos resultados de testes diagnósticos (ou seja, cultura e sensibilidade da urina). A infecção do trato urinário (ITU) é o maior fator de risco para o desenvolvimento de prostatite. A hiperplasia prostática benigna pode acarretar urina residual que age como um ninho para infecções, então também pode ser considerada um fator de risco para a doença. Prostatite aguda é o diagnóstico urológico mais comum em homens <50 anos de idade nos EUA.[6]Potts J, Payne RE. Prostatitis: infection, neuromuscular disorder, or pain syndrome? Proper patient classification is key. Cleve Clin J Med. 2007 May;74(suppl 3):S63-71.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17549825?tool=bestpractice.com
É também o terceiro diagnóstico urológico mais comum em homens com idade >50 anos.[7]Pontari MA, Joyce GF, Wise M, et al. Prostatitis. J Urol. 2007 Jun;177(6):2050-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17509285?tool=bestpractice.com
Anamnese e exame físico
Os sintomas precursores de prostatite aguda incluem mal-estar, febre, calafrios e um quadro clínico de sepse acompanhado de disúria, dor perineal ou genital e polaciúria.[26]Nickel JC. Prostatitis. Can Urol Assoc J. 2011 Oct;5(5):306-15.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3202001
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22031609?tool=bestpractice.com
[27]Coker TJ, Dierfeldt DM. Acute bacterial prostatitis: diagnosis and management. Am Fam Physician. 2016 Jan 15;93(2):114-20.
https://www.aafp.org/afp/2016/0115/p114.html
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26926407?tool=bestpractice.com
Podem estar presentes sintomas e sinais de obstrução urinária: diminuição do calibre do fluxo urinário, fluxo urinário lento e até mesmo retenção urinária aguda com a presença de um cateter urinário de Foley. A biópsia transretal da próstata ou a ressecção transuretral da próstata pode estar associada ao desenvolvimento de infecção prostática, particularmente em pacientes que apresentam infecção urinária não tratada na ocasião do seu procedimento prostático.
O local mais comum para a ocorrência de dor é a região da próstata e o períneo. Dor no escroto e nos testículos também é comum, enquanto alguns pacientes se queixam de dor no pênis, na região suprapúbica ou na coluna lombar.[28]Zermann DH, Ishigooka M, Doggweiler R, et al. Neurourological insights into the etiology of genitourinary pain in men. J Urol. 1999 Mar;161(3):903-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10022711?tool=bestpractice.com
Em homens com prostatite bacteriana aguda, o exame de toque retal (ETR) revelará uma glândula prostática com intensa sensibilidade à palpação. A glândula também pode parecer suave, esponjosa e quente ao toque, durante o exame físico. Deve-se realizar um ETR gentilmente; evite a massagem prostática, pois pode induzir à bacteremia e à sepse.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
[29]Miller JM, Binnicker MJ, Campbell S, et al. Guide to utilization of the microbiology laboratory for diagnosis of infectious diseases: 2024 update by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society for Microbiology (ASM). Clin Infect Dis. 2024 Mar 5:ciae104.
https://academic.oup.com/cid/advance-article/doi/10.1093/cid/ciae104/7619499
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38442248?tool=bestpractice.com
Exames laboratoriais
Realize a cultura para exame de urina de jato médio em pacientes com sintomas de prostatite bacteriana aguda para orientar o diagnóstico e personalizar o tratamento com antibióticos.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
[29]Miller JM, Binnicker MJ, Campbell S, et al. Guide to utilization of the microbiology laboratory for diagnosis of infectious diseases: 2024 update by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society for Microbiology (ASM). Clin Infect Dis. 2024 Mar 5:ciae104.
https://academic.oup.com/cid/advance-article/doi/10.1093/cid/ciae104/7619499
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38442248?tool=bestpractice.com
A urinálise e a cultura de urina frequentemente são os únicos exames laboratoriais solicitados em pacientes com prostatite bacteriana aguda. O exame microscópico da urina pode demonstrar a presença de leucócitos e bactérias e a cultura da urina frequentemente é positiva no contexto de doença aguda. Considere realizar hemoculturas em pacientes febris com prostatite bacteriana aguda; provavelmente, mostrarão o mesmo organismo que a cultura da urina.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
A massagem prostática não deve ser realizada na prostatite aguda, pois pode induzir à bacteremia e à sepse.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
[29]Miller JM, Binnicker MJ, Campbell S, et al. Guide to utilization of the microbiology laboratory for diagnosis of infectious diseases: 2024 update by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society for Microbiology (ASM). Clin Infect Dis. 2024 Mar 5:ciae104.
https://academic.oup.com/cid/advance-article/doi/10.1093/cid/ciae104/7619499
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38442248?tool=bestpractice.com
No entanto, em pacientes com prostatite crônica (sintomas persistentes por mais de três meses), considere realizar culturas quantitativas de localização bacteriana e microscopia de urina segmentada e secreção prostática expressa para categorizar a prostatite clínica.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
Conhecido como teste dos 4 frascos de Meares e Stamey, inclui culturas bacterianas do jato inicial (VB1), exame de urina de jato médio (VB2), de secreções prostáticas expressas (EPS) e de amostra de urina após massagem prostática (VB3).[30]Meares EM, Stamey TA. Bacteriologic localization patterns in bacterial prostatitis and urethritis. Invest Urol. 1968 Mar;5(5):492-518.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/4870505?tool=bestpractice.com
A VB1 é testada quanto à existência de infecção ou inflamação uretral e a VB2 é testada quanto à existência de infecção da bexiga urinária. As EPS são submetidas à cultura e examinadas quanto à existência de leucócitos (um número >10 a 20 por campo de grande aumento é considerado anormal). Acredita-se que a amostra de urina após massagem prostática (VB3) remove bactérias originárias da próstata que permanecem na uretra. O teste de 4 frascos de Meares e Stamey, entretanto, raramente é realizado na prática contemporânea devido ao seu custo e complexidade.[29]Miller JM, Binnicker MJ, Campbell S, et al. Guide to utilization of the microbiology laboratory for diagnosis of infectious diseases: 2024 update by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society for Microbiology (ASM). Clin Infect Dis. 2024 Mar 5:ciae104.
https://academic.oup.com/cid/advance-article/doi/10.1093/cid/ciae104/7619499
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38442248?tool=bestpractice.com
O teste de 2 frascos (amostras pré-massagem e pós-massagem) demostrou ter sensibilidade diagnóstica similar ao teste de 4 frascos.[29]Miller JM, Binnicker MJ, Campbell S, et al. Guide to utilization of the microbiology laboratory for diagnosis of infectious diseases: 2024 update by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society for Microbiology (ASM). Clin Infect Dis. 2024 Mar 5:ciae104.
https://academic.oup.com/cid/advance-article/doi/10.1093/cid/ciae104/7619499
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38442248?tool=bestpractice.com
[31]Nickel JC, Shoskes D, Wang Y, et al. How does the pre-massage and post-massage 2-glass test compare to the Meares-Stamey 4-glass test in men with chronic prostatitis/chronic pelvic pain syndrome? J Urol. 2006 Jul;176(1):119-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16753385?tool=bestpractice.com
O antígeno prostático específico (PSA) sérico pode estar elevado em alguns casos de prostatite. As diretrizes europeias não recomendam o teste de PSA porque ele não fornece informações diagnósticas práticas para prostatite.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
Níveis elevados de PSA não devem ser confundidos com câncer de próstata.[32]Sindhwani P, Wilson CM. Prostatitis and serum prostate-specific antigen. Curr Urol Rep. 2005 Jul;6(4):307-12.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15978235?tool=bestpractice.com
Além disso, em pacientes com PSA elevado e prostatite grau IV (assintomática), uma queda no PSA após o tratamento não prediz a ausência de carcinoma de próstata.[33]Stopiglia RM, Ferreira U, Silva MM Jr, et al. Prostate specific antigen decrease and prostate cancer diagnosis: antibiotic versus placebo prospective randomized clinical trial. J Urol. 2010 Mar;183(3):940-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20089269?tool=bestpractice.com
Exames invasivos
A cistoscopia não é rotineiramente indicada em homens com suspeita de prostatite. Em pacientes com hematúria ou outros sintomas (por exemplo, perda de peso), a cistoscopia do trato urinário inferior (juntamente com citologia da urina) é indicada para excluir carcinoma da bexiga.[34]Nickel JC, Ardern D, Downey J. Cytologic evaluation of urine is important in evaluation of chronic prostatitis. Urology. 2002 Aug;60(2):225-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12137814?tool=bestpractice.com
Realize uma ultrassonografia transretal em pacientes com sintomas agudos e que não apresentaram resposta à antibioticoterapia.[35]Langer JE, Cornud F. Inflammatory disorders of the prostate and the distal genital tract. Radiol Clin North Am. 2006 Sep;44(5):665-77.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17030219?tool=bestpractice.com
A European Association of Urology afirma que não é confiável como ferramenta diagnóstica para prostatite, mas pode ser útil em casos selecionados para descartar o abscesso prostático.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
Pode ser útil para determinar o diagnóstico de cistos prostáticos, abscessos e obstrução da vesícula seminal.[36]Wasserman NF. Prostatitis: clinical presentations and transrectal ultrasound findings. Semin Roentgenol. 1999 Oct;34(4):325-37.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10553607?tool=bestpractice.com
[37]Ackerman AL, Parameshwar PS, Anger JT. Diagnosis and treatment of patients with prostatic abscess in the post-antibiotic era. Int J Urol. 2018 Feb;25(2):103-10.
https://www.doi.org/10.1111/iju.13451
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28944509?tool=bestpractice.com
[38]Zaidi S, Gandhi J, Seyam O, et al. Etiology, diagnosis, and management of seminal vesicle stones. Curr Urol. 2019 May 10;12(3):113-20.
https://www.doi.org/10.1159/000489429
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31316318?tool=bestpractice.com
O exame também pode identificar bexiga distendida ou resíduo urinário significativo na bexiga. Infelizmente, a ultrassonografia não pode diferenciar inequivocamente doença benigna de doença maligna da próstata.
A biópsia prostática não é recomendada como parte da investigação de rotina e não é aconselhável em pacientes com prostatite bacteriana não tratada devido ao aumento do risco de sepse.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
Caso a biópsia prostática seja considerada necessária (por exemplo, se houver suspeita de outro diagnóstico, como carcinoma da próstata), as diretrizes europeias recomendam usar a abordagem transperineal, pois está associada com taxas menores de sepse que a biópsia transretal.[12]European Association of Urology. Guidelines on urological infections. 2022 [internet publication].
https://uroweb.org/guidelines/urological-infections
Também podem ser realizadas biópsias perineais da próstata para ajudar na detecção de micro-organismos de difícil cultura, mas elas são recomendadas somente para fins de pesquisa. Em pacientes com prostatite crônica, as culturas de biópsia prostática não mostraram diferença em comparação com os grupos de controle assintomáticos.[39]Lee JC, Muller CH, Rothman I, et al. Prostate biopsy culture findings of men with chronic pelvic pain syndrome do not differ from those of healthy controls. J Urol. 2003 Feb;169(2):584-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12544312?tool=bestpractice.com
O carcinoma da próstata pode ser uma consideração se o paciente tiver induração, nodularidade ou firmeza persistente no ETR ou PSA elevado.