Caso clínico
Caso clínico #1
Uma pessoa transgênero de 45 anos, com sexo atribuído ao nascer masculino, solicita uma prescrição de estrogênios e um encaminhamento rápido para uma cirurgia de redesignação de gênero. Ela se identifica como uma mulher transgênero e usa os pronomes "ela/dela". Ela está vestida como uma mulher e fornece uma história de travestismo ao longo da vida, o qual se tornou sexualmente excitante na puberdade. Sua excitação sexual diminuiu por volta dos 20 anos de idade, sendo substituída por uma sensação de relaxamento e conforto quando em um papel feminino, descrita como a capacidade de expressar seu lado feminino. Ela é casada com uma mulher, mas se separou, e juntas elas têm 2 filhos. A atividade sexual de seu casamento (que nunca foi muito boa) diminuiu após o nascimento dos filhos. Ela escondeu o travestismo de sua esposa até a esposa descobrir suas roupas femininas e supor que ela estava tendo um caso. Embora inicialmente aceitasse que ela se vestisse com roupas femininas, a esposa foi ficando cada vez mais insatisfeita à medida que ela passava mais tempo em um papel feminino, e sugeriu que elas pudessem viver juntas como irmãs. Afastando-se de sua esposa e filhos, ela começou a comprar estrogênios na internet. Para todos os efeitos, ela vivia como uma mulher, com exceção de seu trabalho, onde nada se sabia sobre sua vida feminina fora dali. Ela começou a se sentir cada vez mais infeliz em sua vida profissional masculina, sentindo que somente era verdadeiramente ela mesma quando estava vivendo como uma mulher.
Caso clínico #2
Uma pessoa transgênero de 35 anos, com sexo feminino atribuído ao nascer, solicita tratamento com andrógenos e mastectomia bilateral. Ele se identifica como um homem transgênero, e usa os pronomes "ele/dele". Ele parece masculino e muitas vezes é tido como um homem um pouco mais jovem que sua idade cronológica. Ele fornece uma história de ter sido uma “moleca” quando criança e, na escola secundária, era amplamente considerado lésbica. Declarando-se lésbica no final da adolescência, ele passou a fazer parte de círculos sociais lésbicos por alguns anos e construiu, com alguma facilidade, relacionamentos com mulheres. Esses relacionamentos tendiam a fracassar depois de alguns meses porque as parceiras se queixavam de que, ao invés de ser uma mulher masculina, ele se comportava mais como um homem. Embora sua libido fosse boa e ele fosse um parceiro sexual atencioso, ele não suportava receber atenção às suas próprias características sexuais (femininas), e a natureza unilateral da relação sexual tornava-se, depois de um tempo, perturbadora para suas parceiras. Finalmente, sentiu que seu senso de masculinidade não podia mais ser negado e decidiu viver como um homem. Ele está desesperado para interromper suas menstruações, buscando tratamento com androgênios para aumentar os pelos faciais e corporais e perder suas mamas.
Outras apresentações
A maioria das pessoas com sexo masculino atribuído ao nascer com incongruência/disforia de gênero (isto é, mulheres transgênero) apresenta uma história de travestismo. Um número menor apresenta uma história de homossexualidade mais precoce, muito feminina, associada a uma baixa libido e um senso cada vez maior de feminilidade que os leva a viver como uma mulher e ser visto pelos outros (incluindo homens gays) como uma mulher. As pessoas transgêneros com sexo feminino atribuído ao nascer (ou seja, homens transgêneros) muitas vezes apresentam uma história de comportamento masculino na infância, e muitas foram (pelo menos por algum tempo) identificadas por elas mesmas ou por outras pessoas como mulheres lésbicas masculinas.
Uma pequena proporção de pessoas com qualquer sexo atribuído ao nascer apresenta incongruência de gênero ou disforia de gênero pronunciadas na infância, mesmo desde os primeiros anos. Muitas vezes elas foram consideradas membros do outro sexo na infância, e muitas vezes sentiam atração sexual por outras pessoas do mesmo sexo atribuído ao nascer. No entanto, é importante observar que a incongruência de gênero ou a disforia de gênero da infância não necessariamente continuam na vida adulta.[4] Vários estudos em crianças pré-púberes com disforia/incongruência de gênero sugerem que a persistência na idade adulta ocorre em 12% a 27% das crianças.[7][8][9]
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