Prognóstico

Sequelas da escoliose idiopática do adolescente

Varia muito na escoliose idiopática do adolescente (EIA), dependendo do grau da deformidade da coluna vertebral presente e do tratamento selecionado. A maior parte dos estudos sobre o tópico se concentra em 4 principais sequelas da EIA (progressão da curva, dorsalgia, complicações cardiopulmonares e efeitos psicossociais) e seu efeito na saúde e no funcionamento gerais do paciente.

Progressão da curva

  • A progressão da curva que requer tratamento é muito mais comum em mulheres adolescentes, com uma razão de 7-8:1.[13] Além disso, o número de meninas afetadas aumenta exponencialmente com a magnitude da curvatura.[13]

  • A determinação do risco de progressão futura da curva é a essência do tratamento da escoliose.

  • O risco mais alto é durante o período de crescimento rápido do adolescente, embora teoricamente o risco continue após a maturidade esquelética. Em geral, o risco de progressão da curva depende da maturidade do paciente (determinada pela estimativa de crescimento esquelético remanescente e o estado puberal), tamanho da curva e posição do ápice da curva. Curvas com ângulo de Cobb alto oferecem alto risco de progressão com a continuação do crescimento.[25]

  • Curvas estruturais principais com ápice acima do nível da T12 têm maior probabilidade de progressão que aquelas com ápice abaixo da T12.[26]

  • Demonstrou-se que, se os pacientes alcançarem a maturidade sem progressão da curva além de 30°, a qualidade de vida e funcionalidade será similar a daqueles pacientes sem escoliose.

  • Com base em estudos da história natural, pacientes com curvatura escoliótica >45° e evidências de crescimento esquelético remanescente apresentam alto risco de progressão futura da curva e morbidade associada na fase adulta, como dorsalgia significativa, descompensação do tronco (deformidade clinicamente aparente e grave, na qual o tronco não está mais centralizado sobre a pelve em consequência do desequilíbrio coronal em curvaturas graves) e desequilíbrio sagital.[1][2][13][50][51][52][53][54][55] Esses pacientes são então tratados com artrodese cirúrgica da coluna vertebral.

  • Estima-se que pacientes com curvas >50° terão progressão contínua da curva de aproximadamente 1° por ano após a maturidade esquelética.[53][54][55]

Dorsalgia

  • Há controvérsias na literatura sobre a prevalência da dorsalgia em pacientes com escoliose. Embora a maior parte dos especialistas acredite que pacientes com escoliose sofram de dorsalgia com incidência similar à população geral de adultos da mesma idade, alguns pesquisadores demonstraram que pacientes com escoliose têm dorsalgia com maior frequência e intensidade.[50][53][55][77][78][79]

  • A maior parte dos pacientes com escoliose trabalha e realiza atividades diárias sem limitação e não relata incapacidade significativa relacionada à dorsalgia em comparação a seus colegas.[50][80]

Complicações cardiopulmonares

  • Diferentemente dos pacientes com escoliose juvenil (ou de início precoce), os pacientes com EIA geralmente não desenvolvem dificuldades cardiopulmonares clinicamente significativas que possam estar relacionadas ao grau de curvatura.

  • Pacientes com EIA com curvaturas torácicas >50° demonstraram anormalidades nos testes de função pulmonar (TFPs) consistentes com um padrão restritivo de doença pulmonar, mas raramente são clinicamente significativas.[55][80][81][82][83][84][85]

Efeitos psicossociais

  • Há controvérsias na literatura sobre o efeito da escoliose na autoimagem global e na saúde percebida de pacientes com EIA.

  • Pacientes não tratados com escoliose que desenvolvem deformidade significativa relatam estar muito menos satisfeitos com sua imagem corporal e aparência com roupas que seus colegas da mesma idade.

  • Aproximadamente 30% dos pacientes não tratados sentem que a curvatura e a deformidade resultante causaram alguma forma de limitação em relação à sua autoconsciência e à capacidade física reduzida.[50][77][80]

As complicações cirúrgicas da EIA são menos comuns que as experimentadas com tratamento cirúrgico de adultos com deformidade na coluna vertebral. A incidência de cada complicação é variável, dependendo de muitos fatores do paciente (magnitude e rigidez da curva, presença de comorbidades), bem como de fatores associados à técnica cirúrgica selecionada (abordagem anterior, abordagem posterior, combinação de abordagem anterior e superior, tipo de próteses selecionadas, técnica de enxerto ósseo). Talvez a medida mais importante a se considerar seja a possibilidade de uma determinada complicação resultar em necessidade de intervenção cirúrgica futura. Isso é de extrema importância para os pacientes e seus familiares. Em geral, as taxas de necessidade de nova operação relatadas na literatura variam de 3% a 4% até 14%. As razões mais comumente relatadas para uma nova operação incluem necessidade de toracoplastia (remodelação cirúrgica do hemitórax proeminente para melhorar o resultado cosmético), extensão de fusão para incluir segmento caudal ou craniano (devido ao desenvolvimento de deformidade juncional sintomática ou descompensação coronal/sagital), falha em próteses (quebra de haste) e pseudoartrose sintomática. A incidência individual de cada complicação varia amplamente na literatura.

Calculadora de risco

Um modelo de prognóstico validado em EIA não tratada foi desenvolvido usando a escala de maturidade esquelética.[86] Este modelo usa medições de vistas coronais da coluna vertebral e a escala de maturidade esquelética de radiografias de mão de rotina para determinar o risco de uma curva de EIA não tratada atingir um limiar cirúrgico. Ele serve como uma ferramenta a ser usada por médicos e familiares em um processo compartilhado de tomada de decisão ao determinar a necessidade de tratamento.

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