Abordagem

Um alto índice de suspeita deve ser mantido para todos os pacientes, pois o quadro clínico do astigmatismo varia de acordo com a idade do paciente e o grau de astigmatismo.[1]

Em lactentes e crianças pequenas, o médico não pode depender de uma história médica e, portanto, o rastreamento com exame oftalmológico é a abordagem ideal para diagnosticar o astigmatismo.

Em pacientes que podem fornecer a anamnese apropriada, aqueles com baixo grau de astigmatismo podem queixar-se principalmente de cefaleia e fadiga ocular, em vez de acuidade visual deficiente, e o médico deve ficar alerta para essa possibilidade. É mais fácil diagnosticar astigmatismos de alto grau, pois a acuidade visual geralmente é reduzida para perto e para longe.

Retinoscopia

A retinoscopia é o procedimento em consultório mais prático para determinar uma refração objetiva.

Os principais componentes de um retinoscópio são uma fonte de luz, uma lente de teste, um espelho e uma luva. O médico projeta um feixe de luz em direção ao olho do paciente (geralmente a uma distância funcional de 66 cm) e a retina emite um reflexo vermelho em direção ao olho do médico. Por meio de observação e análise das propriedades do reflexo, o examinador pode determinar o estado refrativo do paciente.

O médico deve percorrer de um lado a outro com o feixe de luz e observar a direção do reflexo vermelho, que pode acompanhar ou ir contra o movimento do feixe. Em termos gerais, quando se observa acompanhamento, deve ser colocada uma lente positiva com aumento gradual em frente ao olho até que não se observe movimento (neutralização). Quando se observa movimento contrário, deve ser colocada uma lente negativa com aumento gradual em frente ao olho até que se obtenha neutralização.

Quando a neutralização é obtida em todos os meridianos usando lentes do mesmo poder dióptrico, diz-se que o olho tem um erro refratário esférico (miopia ou hiperopia). No entanto, quando são necessários poderes dióptricos diferentes para atingir a neutralização em diferentes meridianos, temos o diagnóstico de astigmatismo. A diferença nos poderes dióptricos é o poder do astigmatismo, e os meridianos principais são localizados para determinar o eixo.[29]

tecnologia de análise de frente de onda

Uma abordagem alternativa para avaliar o poder de refração do cristalino e da córnea (anterior e posterior). A tecnologia de análise de frentes de ondas consegue uma correção refrativa mais precisa, com potencial aplicação em casos de astigmatismo irregular. Existem 4 aberrometrias de frente de onda diferentes, 3 delas são combinadas a um topógrafo corneano.

Considerações por idade

O diagnóstico em bebês e crianças pequenas deve seguir as orientações locais e nacionais adequadas.[30][31] Um exame oftalmológico deve ser realizado bem cedo, no primeiro ano de vida, para avaliar a função visual. Essa avaliação inclui biomicroscopia com lâmpada de fenda, exame do fundo do olho, retinoscopia, visão binocular e motilidade ocular.

Se for detectado um valor significativo de astigmatismo (ou qualquer outro erro refratário), a avaliação deverá ser repetida em intervalos de 3 a 6 meses até a estabilidade. Se a estabilidade não for atingida até os 12 meses de idade, deve-se considerar a prescrição.[32]

Em crianças mais velhas, a avaliação oftalmológica deve incluir teste de acuidade visual, biomicroscopia com lâmpada de fenda, exame do fundo do olho, retinoscopia, visão binocular, acomodação e motilidade ocular.

A detecção de astigmatismo fora dos limites normais requer uma segunda avaliação em 3 a 6 meses ou, em casos de astigmatismo de alto poder, uma decisão de prescrever, especialmente em pacientes com astigmatismo de eixo oblíquo. Uma abordagem de tratamento ainda mais agressiva, antes mesmo da prescrição, deve ser utilizada quando há desenvolvimento de ambliopia e/ou estrabismo.[33]

O diagnóstico em adultos jovens e adultos deve seguir as orientações locais e nacionais adequadas.[30][34] O exame oftalmológico anual deve incluir teste de acuidade visual, biomicroscopia com lâmpada de fenda, exame do fundo do olho e retinoscopia. Se houver alterações frequentes no grau de astigmatismo, ou quando houver suspeita de astigmatismo irregular, é necessário realizar avaliação adicional, incluindo ceratometria e topografia corneana.[35]

Ceratocone

É fácil diagnosticar ceratocone avançado por exame físico com lâmpada de fenda isoladamente. No entanto, geralmente é difícil diagnosticar casos leves, e um alto índice de suspeita deve ser mantido. É importante ter familiaridade com os sinais e sintomas de ceratocone, pois isso auxilia no diagnóstico precoce e ajuda a prevenir quedas desnecessárias na visão funcional. A ceratometria padrão pode não acertar o diagnóstico, especialmente quando a área de distorção estiver descentralizada na córnea, mas a topografia corneana pode destacar alterações da córnea no começo da evolução da doença.[36][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Topografia corneana: ceratoconeDo acervo do Departamento de Oftalmologia do Assaf Harofeh Medical Center, Israel. Usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@4c3b8902

Após ceratoplastia

O processo de recuperação após a ceratoplastia é demorado e as suturas geralmente não são removidas até, no mínimo, 6 meses após o implante. Altos graus de astigmatismo são comuns antes e depois da remoção da sutura, atingindo uma média 4.5 a 5.5 dioptrias em vários estudos.[37][38]

A ceratometria pode ser usada após a operação para diagnóstico e avaliação do astigmatismo, mas ela não tem precisão suficiente para auxiliar na prescrição de lentes de contato. O exame da topografia corneana é ideal para determinar o formato do transplante e o tipo de astigmatismo.

Após trauma corneano

Cicatrização e distorção corneana são comuns após trauma corneano e, portanto, o astigmatismo é comum. A ceratometria geralmente é usada, assim como em pacientes ceratocônicos, mas as leituras têm valor limitado. Topografia corneana pode ser mais útil para avaliar e acompanhar esses pacientes. Tecnologias como tomografia de coerência óptica do segmento anterior e exames de imagem de Scheimpflug, poderão ser consideradas quando for importante realizar a medição da curvatura da córnea posterior (por exemplo, no astigmatismo pós-operatório após a cirurgia de catarata).[39]

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