O prognóstico depende da idade na apresentação, a extensão do tratamento necessário e a ocorrência de complicações. O sucesso da redução fechada ou aberta de uma luxação do quadril depende do potencial de remodelação da cabeça do fêmur e acetábulo de uma criança para atingir uma forma esférica adequada com cobertura satisfatória. Esse potencial de remodelação é mais confiável em crianças mais novas e nos primeiros 12 a 18 meses após a redução ser atingida. O potencial de remodelação permanece, mas é provavelmente reduzido durante os anos de crescimento posteriores.[32]Mencio GA. Developmental dysplasia of the hip. In: Sponseller PD, ed. Orthopedic knowledge update, pediatrics 2. Rosemont, IL: American Academy of Orthopedic Surgeons; 2002:161-172.
O acompanhamento em longo prazo até a maturidade esquelética e até a idade adulta é necessário para avaliar os desfechos funcionais. Quadris com características radiográficas desfavoráveis podem funcionar bem na infância e adolescência, mas depois podem se tornar sintomáticos.[50]Kahle WK, Anderson MB, Alpert J, et al. The value of preliminary traction in the treatment of congenital dislocation of the hip. J Bone Joint Surg Am. 1990;72:1043-1047.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2384503?tool=bestpractice.com
Além disso, podem se manifestar complicações radiográficas tardias.[51]Mladenov K, Dora C, Wicart P, et al. Natural history of hips with borderline acetabular index and acetabular dysplasia in infants. J. Pediatr Orthop. 2002;22:607-612.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12198462?tool=bestpractice.com
Em geral, os fatores associados a um prognóstico mais desfavorável incluem uma idade mais avançada na ocasião da intervenção, luxação alta, subluxação residual e evidência de osteonecrose.[8]Schwend RM, Pratt WB, Fultz J. Untreated acetabular dysplasia of the hip in the Navajo: a 34 year case series followup. Clin Orthop Relat Res. 1999;364:108-116.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10416399?tool=bestpractice.com
[33]Zionts LE, MacEwen GD. Treatment of the congenital dislocation of the hip in children between ages of one and three years. J Bone Joint Surg Am. 1986;68:829-846.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3733773?tool=bestpractice.com
[47]Moseley CF. Developmental hip dysplasia and dislocation: management of the older child. Instr Course Lect. 2001;50:547-53.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11372358?tool=bestpractice.com
Luxações e subluxações de quadril não tratadas
A história natural das subluxações do quadril não tratadas inclui o surgimento de sintomas a uma idade média de aproximadamente 30 anos para as mulheres e 50 anos para os homens.[33]Zionts LE, MacEwen GD. Treatment of the congenital dislocation of the hip in children between ages of one and three years. J Bone Joint Surg Am. 1986;68:829-846.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3733773?tool=bestpractice.com
As luxações elevadas e completas podem permanecer minimamente sintomáticas até metade da idade adulta, embora a presença de um falso acetábulo esteja associada a artrose degenerativa e dor precoces. As luxações no quadril não tratadas unilaterais podem ser mais problemáticas devido à desigualdade dos comprimentos dos membros, joelho valgo e dorsalgia.[6]Shipman SA, Helfand M, Moyer VA, et al. Screening for developmental dysplasia of the hip: a systematic literature review for the US Preventive Services Task Force. Pediatrics. 2006;117:e557-e576.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16510634?tool=bestpractice.com
Crianças submetidas ao tratamento fechado usando suspensório de Pavlik
Para pacientes que se apresentam como crianças que usam o suspensório de Pavlik, as taxas de sucesso se aproximam dos 90% e as taxas de complicação são consideradas baixas. As taxas de osteonecrose vão de 1% a 3% para a maioria dos quadris tratados. A paralisia do nervo femoral tem uma incidência de 2.5%, geralmente é transitória e se resolve quando o suspensório é removido.[52]Tibrewal S, Gulati V, Ramachandran M. The Pavlik method: a systematic review of current concepts. J Pediatr Orthop B. 2013;22:516-520.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23995089?tool=bestpractice.com
Crianças mais velhas submetidas à redução aberta
São mais comedidos os desfechos para quadris com apresentação tardia e que precisaram de intervenções mais agressivas. As taxas de complicação relatadas podem variar muito, de 12% a 60%.[50]Kahle WK, Anderson MB, Alpert J, et al. The value of preliminary traction in the treatment of congenital dislocation of the hip. J Bone Joint Surg Am. 1990;72:1043-1047.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2384503?tool=bestpractice.com
[53]Schoenecker PL, Strecker WB. Congenital dislocation of the hip in children: comparison of the effects of femoral shortening and of skeletal traction in treatment. J Bone Joint Surg Am. 1984;66:21-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6690440?tool=bestpractice.com
[54]Lindstrom JR, Ponseti IV, Wenger DR. Acetabular development after reduction in congenital dislocation of the hip. J Bone Joint Surg Am. 1979;61:112-118.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/759420?tool=bestpractice.com
De diversas crianças que tiveram luxações do desenvolvimento do quadril com apresentação tardia e se submeteram à redução aberta e osteotomia inominada, foi identificada uma taxa de sobrevida de 99% aos 30 anos, 86% aos 40 anos e 54% aos 45 anos de idade.[55]Tucci JJ, Kumar SJ, Guille JT, et al. Late acetabular dysplasia following early successful Pavlik harness treatment of congenital dislocation of the hip. J Pediatr Orthop. 1991;11:502-505.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1860952?tool=bestpractice.com
Anormalidades residuais
Em geral, os quadris tratados e não tratados parecem responder de forma semelhante à subluxação e displasia residuais. Após a ocorrência de dor e evidências radiográficas de alterações degenerativas, a progressão da osteoartrose pode ser rápida.[6]Shipman SA, Helfand M, Moyer VA, et al. Screening for developmental dysplasia of the hip: a systematic literature review for the US Preventive Services Task Force. Pediatrics. 2006;117:e557-e576.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16510634?tool=bestpractice.com
Quadris residualmente displásicos parecem carregar um prognóstico pior que uma luxação elevada e completa.[36]Hedequist D, Kasser J, Emans J. Use of an abduction brace for developmental dysplasia of the hip after failure of Pavlik harness use. J Pediatr Orthop. 2003;23:175-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12604946?tool=bestpractice.com