O tratamento da hérnia inguinal em adultos é, em grande parte, cirúrgico, pois representa o único potencial de cura. A cirurgia também é importante para prevenir o estrangulamento das hérnias e para tratar as hérnias que são doloridas e difíceis de reduzir.
Em adultos, a vigilância ativa é uma opção sensata nos casos de hérnia inguinal minimamente sintomática ou assintomática, sobretudo se eles estiverem fragilizados, forem idosos ou de alto risco para qualquer tipo de procedimento cirúrgico.
Vigilância ativa
A decisão quanto ao fato de todas as hérnias precisarem ser tratadas ou não, é controversa. Em adultos, a vigilância ativa é uma estratégia segura nos casos de hérnia inguinal minimamente sintomática ou assintomática e isso está refletido nas recomendações das diretrizes.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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Com o tempo, muitos pacientes com hérnias inicialmente assintomáticas desenvolverão os sintomas e se submeterão a uma correção eletiva.[11]Itani KMF, Fitzgibbons R. Approach to groin hernias. JAMA Surg. 2019 Jun 1;154(6):551-2.
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Um estudo de 720 homens (≥18 anos de idade) com hérnia inguinal minimamente sintomática ou assintomática constatou que 23% que foram designados aleatoriamente para a vigilância ativa passaram para a cirurgia em 2 anos devido ao desenvolvimento de sintomas, geralmente desconforto.[56]Fitzgibbons RJ Jr, Giobbie-Hurder A, Gibbs JO, et al. Watchful waiting vs repair of inguinal hernia in minimally symptomatic men: a randomized clinical trial. JAMA. 2006 Jan 18;295(3):285-92.
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O encarceramento se desenvolveu em 2 pacientes designados para a vigilância ativa. Aos 7.5 anos após a randomização, 72% dos pacientes do grupo de vigilância ativa (46% em acompanhamento) passaram por reparo cirúrgico.[58]Fitzgibbons RJ Jr, Ramanan B, Arya S, et al. Long-term results of a randomized controlled trial of a nonoperative strategy (watchful waiting) for men with minimally symptomatic inguinal hernias. Ann Surg. 2013 Sep;258(3):508-15.
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Um estudo do Reino Unido de 160 homens em idade avançada (≥55 de idade) designados aleatoriamente à cirurgia ou vigilância ativa constatou que 29% passaram da vigilância ativa para a cirurgia após 1 ano.[60]O'Dwyer PJ, Norrie J, Alani A, et al. Observation or operation for patients with an asymptomatic inguinal hernia: a randomized clinical trial. Ann Surg. 2006 Aug;244(2):167-73.
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Ocorreram 3 eventos adversos graves relacionados à hérnia nos pacientes que precisaram de cirurgia e um desses eventos resultou em morte (infarto do miocárdio pós-operatório) após deterioração significativa decorrente de doença cardiovascular comórbida durante a observação. Em 10 anos após a randomização (71% de acompanhamento), 68% dos pacientes do grupo de vigilância ativa precisaram de reparo cirúrgico.[59]Chung L, Norrie J, O'Dwyer PJ. Long-term follow-up of patients with a painless inguinal hernia from a randomized clinical trial. Br J Surg. 2011 Apr;98(4):596-9.
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Em um estudo na Holanda (496 pacientes do sexo masculino; >50 anos de idade), as taxas de complicações pós-operatórias e de recorrência em 2 anos não foram muito diferentes entre 99 (37.7%) dos 262 pacientes randomizados para vigilância ativa, e que subsequentemente se submeteram ao reparo cirúrgico, e os pacientes que foram designados originalmente para o reparo eletivo (8.1% vs.15.0%, P = 0.106; 7.1% vs. 8.9%, P = 0.668, respectivamente).[61]de Goede B, Wijsmuller AR, van Ramshorst GH, et al. Watchful waiting versus surgery of mildly symptomatic or asymptomatic inguinal hernia in men aged 50 years and older: a randomized controlled trial. Ann Surg. 2018 Jan;267(1):42-9.
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Complicações da hérnia aguda, como obstrução intestinal e encarceramento/estrangulamento, ocorrem raramente com uma estratégia de vigilância ativa. Uma revisão recomendou informar aos pacientes que a taxa de emergência cirúrgica durante a vigilância ativa é 1.8 por 1000 pessoas-ano.[62]Montgomery J, Dimick JB, Telem DA. Management of groin hernias in adults-2018. JAMA. 2018 Sep 11;320(10):1029-30.
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Os pacientes devem ser aconselhados a buscar atendimento médico imediatamente se desenvolverem sinais e sintomas de complicações graves (por exemplo, dor abdominal, náuseas, vômitos e constipação).[56]Fitzgibbons RJ Jr, Giobbie-Hurder A, Gibbs JO, et al. Watchful waiting vs repair of inguinal hernia in minimally symptomatic men: a randomized clinical trial. JAMA. 2006 Jan 18;295(3):285-92.
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Cirurgia
O reparo com tecido primário (sem tela) (por exemplo, usando a técnica de ligamento de Bassini, Cooper ou Shouldice) era a base do tratamento cirúrgico da hérnia inguinal antes de 1990; no entanto, essas técnicas foram quase totalmente substituídas pelo reparo aberto com tela utilizando a técnica de Lichtenstein ou pelo reparo laparoendoscópico minimamente invasivo.[63]Lichtenstein IL, Shulman AG, Amid PK, et al. The tension-free hernioplasty. Am J Surg. 1989 Feb;157(2):188-93.
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As três abordagens parecem ser igualmente eficazes.[64]Lyu Y, Cheng Y, Wang B, et al. Comparison of endoscopic surgery and Lichtenstein repair for treatment of inguinal hernias: a network meta-analysis. Medicine (Baltimore). 2020 Feb;99(6):e19134.
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[65]Aiolfi A, Cavalli M, Micheletto G, et al. Primary inguinal hernia: systematic review and Bayesian network meta-analysis comparing open, laparoscopic transabdominal preperitoneal, totally extraperitoneal, and robotic preperitoneal repair. Hernia. 2019 Jun;23(3):473-84.
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Reparo por técnica aberta
A técnica de Lichtenstein envolve a colocação de uma prótese de tela de polipropileno plana (geralmente, medindo cerca de 5 cm x 12 cm) que cobre a parede posterior do assoalho inguinal e o oblíquo interno, do púbis à espinha ilíaca, cercando as estruturas do cordão.[63]Lichtenstein IL, Shulman AG, Amid PK, et al. The tension-free hernioplasty. Am J Surg. 1989 Feb;157(2):188-93.
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A tela precisa ser presa ao púbis, à borda do ligamento inguinal e à fáscia oblíqua interna. A dormência inguinal, que diminui gradualmente com o tempo, é um efeito colateral comum deste procedimento.
O reparo em técnica aberta com tela pré-peritoneal, no qual o espaço pré-peritoneal é aberto para colocação da tela através de uma pequena incisão suprapúbica ou inguinal, é uma alternativa segura e eficaz para o reparo com tela pela técnica de Lichtenstein.[66]Li J, Ji Z, Cheng T. Comparison of open preperitoneal and Lichtenstein repair for inguinal hernia repair: a meta-analysis of randomized controlled trials. Am J Surg. 2012 Nov;204(5):769-78.
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O sistema "plug-and-patch" é a técnica de reparo aberto com tela menos desejável. Este procedimento insere um tampão de tela de polipropileno no defeito, o qual fica preso ao anel interno no caso de uma hérnia indireta, ou ao pertuito do defeito em uma hérnia direta, a qual deve ser coberta pela tela protésica. Esta técnica não é executada com tanta frequência quanto a técnica de Lichtenstein devido às altas taxas de complicações, incluindo a migração do tampão, com erosão no intestino ou bexiga.[68]Sanjay P, Watt DG, Ogston SA, et al. Meta-analysis of Prolene Hernia System mesh versus Lichtenstein mesh in open inguinal hernia repair. Surgeon. 2012 Oct;10(5):283-9.
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O reparo aberto com tela está associado a uma taxa de recorrência muito mais baixa do que o reparo com tecido primário ou outras técnicas de reparo sem tela.[11]Itani KMF, Fitzgibbons R. Approach to groin hernias. JAMA Surg. 2019 Jun 1;154(6):551-2.
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How does mesh compare with non‐mesh for inguinal hernia repair?/cca.html?targetUrl=https://www.cochranelibrary.com/cca/doi/10.1002/cca.2416/fullMostre-me a resposta[Evidência A]951c024d-b1a2-4079-a88a-f2e405a8beacccaAComo a tela se compara com o não uso de tela para o reparo de uma hérnia inguinal? Também é um procedimento de baixo risco que pode ser realizado sob anestesia espinhal, geral ou local com sedação leve. Caso seja viável, a anestesia local pode ser preferida em relação à anestesia espinhal.[72]Prakash D, Heskin L, Doherty S, et al. Local anaesthesia versus spinal anaesthesia in inguinal hernia repair: a systematic review and meta-analysis. Surgeon. 2017 Feb;15(1):47-57.
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Caso contrário, a anestesia espinhal e a anestesia geral são opções igualmente boas.[73]Li L, Pang Y, Wang Y, et al. Comparison of spinal anesthesia and general anesthesia in inguinal hernia repair in adult: a systematic review and meta-analysis. BMC Anesthesiol. 2020 Mar 10;20(1):64.
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Reparo cirúrgico minimamente invasivo (laparoscópico)
O reparo laparoscópico minimamente invasivo com tela é uma alternativa para o reparo aberto com tela. O reparo laparoscópico com tela requer anestesia geral e é tecnicamente mais desafiador e tem uma curva de aprendizagem mais longa para o cirurgião do que o reparo aberto com tela. Ele envolve a colocação de uma tela protética grande (aproximadamente 12 cm de diâmetro) no espaço pré-peritoneal, estendendo-se do púbis à espinha ilíaca, sobrepondo os vasos ilíacos.[74]Neumayer L, Giobbie-Hurder A, Jonasson O, et al. Open mesh versus laparoscopic mesh repair of inguinal hernia. N Engl J Med. 2004 Apr 29;350(18):1819-27.
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As vantagens do reparo laparoscópico com tela comparado com o reparo aberto com tela são:[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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As taxas de recorrência e complicação são similares às do reparo aberto com tela, embora os pacientes submetidos aos procedimentos laparoscópicos possam sofrer menos dor inguinal do que os submetidos a um procedimento de Lichtenstein.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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O risco de lesão grave no intestino, bexiga e estrutura vascular é mais alto com os procedimentos laparoscópicos.[83]O'Reilly EA, Burke JP, O'Connell PR. A meta-analysis of surgical morbidity and recurrence after laparoscopic and open repair of primary unilateral inguinal hernia. Ann Surg. 2012 May;255(5):846-53.
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Existem duas abordagens laparoscópicas: totalmente extraperitoneal (TEP) e transabdominal pré-peritoneal (TAPP). O procedimento TEP envolve abrir o espaço pré-peritoneal, geralmente com um dispositivo de balão, para criar um espaço no qual um grande remendo de tela cobrindo a área inguinal é colocado a partir de baixo. O procedimento TAPP envolve a colocação do laparoscópio na cavidade peritoneal e a incisão do peritônio sob o canal inguinal para abrir o espaço pré-peritoneal visando a colocação da tela, após o que a incisão peritoneal é fechada sobre a tela. Cada abordagem tem seus defensores, mas não há uma superioridade clara de uma abordagem sobre a outra para reparo da hérnia inguinal unilateral primária ou para reparo de hérnia inguinal recorrente após um reparo primário aberto prévio.[83]O'Reilly EA, Burke JP, O'Connell PR. A meta-analysis of surgical morbidity and recurrence after laparoscopic and open repair of primary unilateral inguinal hernia. Ann Surg. 2012 May;255(5):846-53.
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A escolha da técnica pode ser influenciada pelas habilidades e experiência do cirurgião.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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Escolha de reparo
A decisão de oferecer ao paciente um reparo aberto ou laparoscópico depende da anatomia da hérnia, se a hérnia é primária ou recorrente, da experiência do cirurgião e da opinião do paciente.[6]National Institute for Health and Care Excellence. Laparoscopic surgery for inguinal hernia repair. 2004 [internet publication].
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[76]McCormack K, Scorr NW, Go PM, et al. EU hernia Trialists Collaboration. Laparoscopic techniques versus open techniques for inguinal hernia repair. Cochrane Database Syst Rev. 2003;(1):CD001785.
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[83]O'Reilly EA, Burke JP, O'Connell PR. A meta-analysis of surgical morbidity and recurrence after laparoscopic and open repair of primary unilateral inguinal hernia. Ann Surg. 2012 May;255(5):846-53.
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[85]Wantz GE, Fischer E. Unilateral giant prosthetic reinforcement of the visceral sac. In: Bendavid R, ed. Abdominal wall hernias. New York: Springer-Verlag; 2001:219-27.[86]Itani KM, Fitzgibbons R Jr, Awad SS, et al. Management of recurrent inguinal hernias. J Am Coll Surg. 2009 Nov;209(5):653-8.
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Os riscos e as complicações variam entre as duas abordagens.[78]Köckerling F, Stechemesser B, Hukauf M, et al. TEP versus Lichtenstein: Which technique is better for the repair of primary unilateral inguinal hernias in men? Surg Endosc. 2016 Aug;30(8):3304-13.
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[83]O'Reilly EA, Burke JP, O'Connell PR. A meta-analysis of surgical morbidity and recurrence after laparoscopic and open repair of primary unilateral inguinal hernia. Ann Surg. 2012 May;255(5):846-53.
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A cirurgia por via aberta é a mais comum, perfazendo a maioria dos reparos de hérnia inguinal.[6]National Institute for Health and Care Excellence. Laparoscopic surgery for inguinal hernia repair. 2004 [internet publication].
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[74]Neumayer L, Giobbie-Hurder A, Jonasson O, et al. Open mesh versus laparoscopic mesh repair of inguinal hernia. N Engl J Med. 2004 Apr 29;350(18):1819-27.
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Uma abordagem aberta pode ser preferível em relação a uma abordagem laparoscópica para uma hérnia primária unilateral, embora uma abordagem laparoscópica possa ser apropriada para alguns pacientes, dependendo da disponibilidade de recursos suficientes e da especialidade cirúrgica.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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O reparo laparoscópico pode ser preferível para pacientes com recorrência após o reparo aberto ou para aqueles com hérnias bilaterais que possam ser reparadas simultaneamente.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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Duas revisões breves recentes oferecem algoritmos para decisões de tratamento.[11]Itani KMF, Fitzgibbons R. Approach to groin hernias. JAMA Surg. 2019 Jun 1;154(6):551-2.
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As metanálises mais recentes constataram que os três reparos mais comuns são comparáveis.[64]Lyu Y, Cheng Y, Wang B, et al. Comparison of endoscopic surgery and Lichtenstein repair for treatment of inguinal hernias: a network meta-analysis. Medicine (Baltimore). 2020 Feb;99(6):e19134.
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Tela protésica
A malha de polipropileno é o material protético mais popular usado na reparação da hérnia. É importante utilizar uma prótese que seja do tamanho apropriado. Estudos com acompanhamento de longo prazo não demonstram vantagem em usar telas leves mais modernas em relação às versões mais antigas e pesadas.[89]Burgmans JP, Voorbrood CE, Simmermacher RK, et al. Long-term results of a randomized double-blinded prospective trial of a lightweight (Ultrapro) versus a heavyweight mesh (Prolene) in laparoscopic total extraperitoneal inguinal hernia repair (TULP-trial). Ann Surg. 2016 May;263(5):862-6.
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A tela mosquiteira de baixo custo tem sido usada com sucesso em países de baixa renda na África Subsaariana e pode ser usada em países em desenvolvimento.[91]Löfgren J, Nordin P, Ibingira C, et al. A randomized trial of low-cost mesh in groin hernia repair. N Engl J Med. 2016 Jan 14;374(2):146-53.
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No entanto, um tipo adequado de tela pode não estar prontamente disponível em países em desenvolvimento.[93]Löfgren J, Beard J, Ashley T. Groin hernia surgery in low-resource settings - a problem still unsolved. N Engl J Med. 2018 Apr 5;378(14):1357-8.
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Caso a tela seja infectada, geralmente ela precisa ser removida. É incomum haver recorrência da hérnia após a remoção de uma tela infectada.[94]Rehman S, Khan S, Pervaiz A, et al. Recurrence of inguinal herniae following removal of infected prostheses. Hernia. 2012 Apr;16(2):123-6.
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Biopróteses obtidas de pele cadavérica ou de mucosa intestinal de origem suína são indicadas em um reparo de hérnia que esteja associado a áreas cirúrgicas contaminadas.[95]Albo D, Awad SS, Berger DH, et al. Decellularized human cadaveric dermis provides a safe alternative for primary inguinal hernia repair in contaminated surgical fields. Am J Surg. 2006 Nov;192(5):e12-7.
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Neste caso, o uso de tecido local está associado a uma alta taxa de recorrência, e a tela protética padrão está associada a um significativo risco de infecção. As biopróteses não são utilizadas rotineiramente em reparos eletivos de hérnia inguinal.
Questões iniciais com relação à dor pós-operatória atribuída a próteses de tela mostraram-se injustificadas.[97]Öberg S, Andresen K, Klausen TW, et al. Chronic pain after mesh versus nonmesh repair of inguinal hernias: A systematic review and a network meta-analysis of randomized controlled trials. Surgery. 2018 May;163(5):1151-9.
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Da mesma forma, questões com relação à infertilidade também foram refutadas.[98]Kohl AP, Andresen K, Rosenberg J. Male fertility after inguinal hernia mesh repair: a national register study. Ann Surg. 2018 Aug;268(2):374-8.
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Hérnia encarcerada ou estrangulada
Uma hérnia é encarcerada quando os conteúdos da hérnia não podem ser reduzidos para dentro da cavidade abdominal. O intestino e o omento, que passam através do estreito pertuito da hérnia, podem se tornar encarcerados e edematosos, o que pode causar o aumento do edema e o sequestro de fluidos no lúmen intestinal. Isso pode causar obstrução intestinal, comprometimento do suprimento de sangue ao intestino e, consequentemente, estrangulamento.
O reparo cirúrgico urgente é indicado para as hérnias agudas encarceradas.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10029-017-1668-x
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A abordagem cirúrgica ideal não é conhecida,[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10029-017-1668-x
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29330835?tool=bestpractice.com
mas uma abordagem laparoscópica pode ser considerada na ausência de estrangulamento.[100]Birindelli A, Sartelli M, Di Saverio S, et al. 2017 update of the WSES guidelines for emergency repair of complicated abdominal wall hernias. World J Emerg Surg. 2017 Aug 7;12:37.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5545868
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Às vezes, é possível reduzir uma hérnia encarcerada com o paciente sedado, mas é preciso tomar cuidado para se evitar empurrar uma porção morta do intestino com o saco herniário para dentro da cavidade peritoneal (hérnia em massa). O reparo com tela é indicado se o intestino for viável, mas o reparo sem tela é indicado se o intestino for inviável ou se a sua viabilidade for duvidosa.
Os pacientes devem ser submetidos ao reparo cirúrgico urgente para suspeita de hérnia inguinal estrangulada, pois o intestino pode necrosar se a obstrução subjacente não for rapidamente aliviada.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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[100]Birindelli A, Sartelli M, Di Saverio S, et al. 2017 update of the WSES guidelines for emergency repair of complicated abdominal wall hernias. World J Emerg Surg. 2017 Aug 7;12:37.
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Frequentemente, é necessário realizar ressuscitação fluídica, intubação nasogástrica e cateterismo uretral adequados. Na ausência de necrose ou contaminação, o intestino pode ser reduzido e a hérnia reparada com uma tela.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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[100]Birindelli A, Sartelli M, Di Saverio S, et al. 2017 update of the WSES guidelines for emergency repair of complicated abdominal wall hernias. World J Emerg Surg. 2017 Aug 7;12:37.
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Se o intestino não for viável (gangrenoso) ou for constatada contaminação durante a cirurgia, geralmente a ressecção do intestino é necessária, sendo feito um reparo da hérnia com tecido primário sem tela .[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10029-017-1668-x
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Deve-se evitar o reparo com tela nesta situação por causa do risco de infecção da tela.
Antibioticoterapia profilática
O uso de profilaxia antibiótica durante o reparo de uma hérnia não complicada é controverso, particularmente porque a taxa de infecção do sítio cirúrgico é baixa.
Em um ambiente de baixo risco (incidência de infecção da ferida ≤5%), a profilaxia antibiótica é:[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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What are the effects of antibiotic prophylaxis for preventing wound infection in adults undergoing open inguinal or femoral hernioplasty surgery?/cca.html?targetUrl=https://www.cochranelibrary.com/cca/doi/10.1002/cca.3131/fullMostre-me a resposta
Em um ambiente de alto risco (incidência de infecção da ferida >5%), a profilaxia antibiótica é recomendada para qualquer paciente submetido ao reparo aberto com tela.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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A profilaxia antibiótica para o reparo laparoscópico não é recomendada.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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Os pacientes com hérnias inguinais agudamente encarceradas/estranguladas devem receber profilaxia antibiótica.[2]HerniaSurge Group. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018 Feb;22(1):1-165.
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No entanto, o uso de antibióticos é comum nos EUA.
A escolha do esquema de antibioticoterapia depende da orientação local. Uma única dose de uma cefalosporina (por exemplo, cefazolina) tem sido recomendada. Se o paciente tiver fatores de risco para MRSA, a vancomicina deverá ser incluída. Clindamicina ou vancomicina podem ser usadas como uma alternativa para a cefazolina em pacientes alérgicos a antibióticos betalactâmicos.[104]Bratzler DW, Dellinger EP, Olsen KM, et al. Clinical practice guidelines for antimicrobial prophylaxis in surgery. Am J Health Syst Pharm. 2013 Feb 1;70(3):195-283.
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Uma metanálise constatou que os inibidores de beta-lactam/beta-lactamase e as cefalosporinas de primeira geração parecem ser os antibióticos mais eficazes para pacientes adultos submetidos ao reparo de hérnia inguinal.[105]Boonchan T, Wilasrusmee C, McEvoy M, et al. Network meta-analysis of antibiotic prophylaxis for prevention of surgical-site infection after groin hernia surgery. Br J Surg. 2017 Jan;104(2):e106-17.
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Na falta de evidências definitivas, a profilaxia antimicrobiana em dose única com uma cefalosporina de primeira geração é uma abordagem aceitável para o reparo aberto com tela.
Recorrência após cirurgia
Antes da introdução dos reparos com tela, as taxas de recorrência após o reparo primário da hérnia inguinal foram estimadas entre 10% e 30%.[106]Gopal SV, Warrier A. Recurrence after groin hernia repair-revisited. Int J Surg. 2013;11(5):374-7.
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As taxas de recorrência após reparos abertos ou laparoscópicos com tela são bem menores, menos de 2%.[106]Gopal SV, Warrier A. Recurrence after groin hernia repair-revisited. Int J Surg. 2013;11(5):374-7.
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Uma revisão sistemática e metanálise constatou que uma recorrência de hérnia poderia ser evitada a cada 46 reparos com tela em vez de reparos sem tela.[70]Lockhart K, Dunn D, Teo S, et al. Mesh versus non-mesh for inguinal and femoral hernia repair. Cochrane Database Syst Rev. 2018 Sep 13;(9):CD011517.
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O risco de evoluir para uma nova hérnia no lado contralateral após o reparo em um lado foi estimado em 7% a 11% ao longo de dez anos.[109]Zheng R, Altieri MS, Yang J, et al. Long-term incidence of contralateral primary hernia repair following unilateral inguinal hernia repair in a cohort of 32,834 patients. Surg Endosc. 2017 Feb;31(2):817-22.
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Funda para hérnia
Uma funda para hérnia (ou dispositivo que comprime os tecidos sobre o canal inguinal) é um tratamento não cirúrgico tradicional para hérnia inguinal. Quando usada, deve ser aplicada após a redução da hérnia e o alívio dos sintomas. A funda deve manter a hérnia reduzida, minimizando a dor e o desconforto. No entanto, muitos pacientes a consideram incômoda. Além disso, podem ocorrer acidentes com a hérnia (quando a hérnia escapa da funda e pode acabar sendo estrangulada por ela) e atrofia da pele sob a funda. A funda para hérnia não é uma cura. O uso em longo prazo deve ser reservado para pacientes para quem a cirurgia não é adequada, com expectativa de vida limitada, ou que recusam o reparo cirúrgico.