Vômito não bilioso em jatos após a alimentação em criança com 2 a 12 semanas de idade com piloro palpável é patognomônico para estenose pilórica. A ultrassonografia é comumente usada nos casos onde um piloro palpável inicialmente não é detectado.
História
Os pais geralmente relatam história de vômitos não biliosos progressivos após a alimentação. É possível que exista uma história de alterações de fórmula sem resolução dos sintomas. Pode ter havido uma tentativa de diagnóstico de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
A criança também pode ter baixo ganho de peso, constipação ou sintomas de depleção de volume (por exemplo, menos fraldas molhadas).
A incidência é quatro vezes maior em meninos que em meninas.[19]Rasmussen L, Green A, Hansen LP. The epidemiology of infantile hypertrophic pyloric stenosis in a Danish population, 1950-84. Int J Epidemiol. 1989 Jun;18(2):413-7.
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A doença também está associada a um padrão familiar não Mendeliano.[17]Schechter R, Torfs CP, Bateson TF. The epidemiology of infantile hypertrophic pyloric stenosis. Paediatr Perinat Epidemiol. 1997 Oct;11(4):407-27.
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[19]Rasmussen L, Green A, Hansen LP. The epidemiology of infantile hypertrophic pyloric stenosis in a Danish population, 1950-84. Int J Epidemiol. 1989 Jun;18(2):413-7.
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[33]MacMahon B. The continuing enigma of pyloric stenosis of infancy: a review. Epidemiology. 2006 Mar;17(2):195-201.
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O diagnóstico de estenose pilórica em lactentes prematuros pode ser desafiador por se apresentar em idade cronológica mais avançada (40 dias vs. 33 dias em lactentes nascidos a termo), mas em idade pós-menstrual mais precoce (42 semanas vs. 45 semanas em lactentes nascidos a termo), que em bebês a termo.[24]Stark CM, Rogers PL, Eberly MD, et al. Association of prematurity with the development of infantile hypertrophic pyloric stenosis. Pediatr Res. 2015 Aug;78(2):218-22.
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Outro estudo retrospectivo demonstrou que um grau mais alto de prematuridade esteve associado a uma idade cronológica mais avançada à apresentação; os autores concluíram que é provável que a estenose pilórica apareça em uma idade pós-concepção de 44 a 50 semanas, tanto nos lactentes nascidos a termo como nos prematuros.[42]Costanzo CM, Vinocur C, Berman L. Prematurity affects age of presentation of pyloric stenosis. Clin Pediatr (Phila). 2016 Jul 20;56(2):127-31.
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Exame
Se a história apresentada é sugestiva, a palpação de uma massa abdominal superior em formato de oliva (também conhecida como "oliva") confirma o diagnóstico. A massa, que é o músculo pilórico hipertrofiado, pode ser palpada no epigástrio e no quadrante superior direito. Geralmente, a criança fica inquieta e chora; por isso, paciência e experiência são de extrema importância. O exame é auxiliado pela inserção de um tubo orogástrico para descompressão gástrica seguida por alimentação simulada com uma chupeta molhada em fórmula ou água com açúcar. O exame deve revelar uma massa móvel e firme inferior à borda do fígado.
É possível que a criança também mostre ondas peristálticas que se movem da esquerda para a direita pelo abdome no exame físico. Isso deve-se à tentativa do estômago forçar o seu conteúdo através da saída pilórica estreitada. Pode haver a presença de sinais de depleção de volume, como membranas mucosas secas, fontanelas deprimidas ou planas ou taquicardia.
O exame físico tem uma sensibilidade de 74% a 79%.[43]Forman HP, Leonidas JC, Kronfeld GD. A rational approach to the diagnosis of hypertrophic pyloric stenosis: do the results match the claims? J Pediatr Surg. 1990 Feb;25(2):262-6.
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[44]White MC, Langer JC, Don S, et al. Sensitivity and cost minimization analysis of radiology versus olive palpation for the diagnosis of hypertrophic pyloric stenosis. J Pediatr Surg. 1998 Jun;33(6):913-7.
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[45]Hulka F, Campbell TJ, Campbell JR, et al. Evolution in the recognition of infantile hypertrophic pyloric stenosis. Pediatrics. 1997 Aug;100(2):E9.
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Há uma tendência decrescente de médicos que diagnosticam essa condição com base no exame físico devido à disponibilidade de imagens, e a avaliação ultrassonográfica tornou-se prática padrão em muitas unidades de saúde.[46]Macdessi J, Oates RK. Clinical diagnosis of pyloric stenosis: a declining art. BMJ. 1993 Feb 27;306(6877):553-5.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8461768?tool=bestpractice.com
[47]Poon TS, Zhang AL, Cartmill T, et al. Changing patterns of diagnosis and treatment of infantile hypertrophic pyloric stenosis: a clinical audit of 303 patients. J Pediatr Surg. 1996 Dec;31(12):1611-5.
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Avaliação laboratorial
É necessário solicitar um perfil eletrolítico em todos os casos suspeitos; achados comuns incluem hipocalemia, hipocloremia e alcalose metabólica como resultado dos vômitos prolongados. O grau de anormalidades eletrolíticas depende da duração dos sintomas precedentes à consulta com o médico.[48]Touloukian RJ, Higgins E. The spectrum of serum electrolytes in hypertrophic pyloric stenosis. J Pediatr Surg. 1983 Aug;18(4):394-7.
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Por causa do diagnóstico precoce, menos crianças apresentam os achados clássicos.[45]Hulka F, Campbell TJ, Campbell JR, et al. Evolution in the recognition of infantile hypertrophic pyloric stenosis. Pediatrics. 1997 Aug;100(2):E9.
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Exames por imagem
A ultrassonografia é a investigação mais comumente utilizada para este diagnóstico.[49]Expert Panel on Pediatric Imaging., Alazraki AL, Rigsby CK, et al. ACR Appropriateness Criteria® Vomiting in infants. J Am Coll Radiol. 2020 Nov;17(11s):S505-S515.
https://www.doi.org/10.1016/j.jacr.2020.09.002
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33153561?tool=bestpractice.com
A sensibilidade da ultrassonografia para diagnóstico de estenose pilórica é reportada como sendo de 97% a 99%.[5]Stunden RJ, LeQuesne GW, Little K. The improved ultrasound diagnosis of hypertrophic pyloric stenosis. Pediatr Radiol. 1986;16(3):200-5.
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[8]Neilson D, Hollman AS. The ultrasonic diagnosis of infantile hypertrophic pyloric stenosis: technique and accuracy. Clin Radiol. 1994 Apr;49(4):246-7.
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[50]Hernanz-Schulman M, Sells LL, Ambrosino MM, et al. Hypertrophic pyloric stenosis in the infant without a palpable olive: accuracy of sonographic diagnosis. Radiology. 1994 Dec;193(3):771-6.
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[51]Tunell WP, Wilson DA. Pyloric stenosis: diagnosis by real time sonography, the pyloric muscle length method. J Pediatr Surg. 1984 Dec;19(6):795-9.
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[52]Iqbal CW, Rivard DC, Mortellaro VE, et al. Evaluation of ultrasonographic parameters in the diagnosis of pyloric stenosis relative to patient age and size. J Pediatr Surg. 2012 Aug;47(8):1542-7.
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A espessura do músculo pilórico >3 mm e o comprimento do canal pilórico >15 mm atendem aos critérios de diagnóstico para lactentes nascidos a termo.[11]Said M, Shaul DB, Fujimoto M, et al. Ultrasound measurements in hypertrophic pyloric stenosis: don't let the numbers fool you. Perm J. 2012 Summer;16(3):25-7.
https://www.doi.org/10.7812/TPP/12.966
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[53]Rohrschneider WK, Mittnacht H, Darge K, et al. Pyloric muscle in asymptomatic infants: sonographic evaluation and discrimination from idiopathic hypertrophic pyloric stenosis. Pediatr Radiol. 1998 Jun;28(6):429-34.
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A ultrassonografia também permite um exame físico em tempo real da função do canal pilórico. Os pacientes apresentarão fluxo anormal e peristaltismo.
Investigações com contraste do trato gastrointestinal superior foram descritas no diagnóstico de estenose pilórica. Uma observação positiva de contraste no trato gastrointestinal superior revela um fino feixe de contraste (um sinal em feixe) como resultado de um piloro estreitado. No entanto, ele pode causar vômitos e aumentar o risco de aspiração. Devido a esse aumento do risco, não é um método recomendado para o diagnóstico da estenose pilórica.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Ultrassonografia pilórica. intervalo <1>: comprimento; intervalo <2>: largura do músculoDo acervo de Dr. Jeffrey S. Upperman; usado com permissão [Citation ends].