Abordagem
Um relato de febre e calafrios, dor nos flancos e sintomas miccionais irritativos (por exemplo, urgência, polaciúria e disúria) deve exigir exame e investigação. Outros sintomas importantes incluem náuseas, vômitos e desidratação. Também é essencial ficar atento aos sinais de sepse (por exemplo, taquicardia, taquipneia, hipotensão, febre ou hipotermia, enchimento capilar lentificado, pele manchada ou pálida, cianose, estado mental recém-alterado, débito urinário reduzido).[32]
A tríade de dor nos flancos, febre e náuseas e vômitos ocorre com muito mais frequência em pacientes com pielonefrite que em pacientes com cistite.[33]
Exame físico
A temperatura superior a 38.0 °C (100.4 °F) é um achado importante que apoia o diagnóstico. Em um estudo, a temperatura superior ou igual a 37.8 °C (100 °F) estava fortemente correlacionada à pielonefrite aguda.[34] Taquicardia e hipotensão podem estar presentes. A sensibilidade no ângulo costovertebral pode ser pronunciada.
Exames laboratoriais
Os exames laboratoriais iniciais em todos os pacientes com suspeita de pielonefrite são a urinálise e a cultura da urina.[5][35] A urinálise evidencia piúria, bacteriúria e graus variados de hematúria. A piúria está quase invariavelmente presente; na realidade, sua ausência deve levar à consideração de um diagnóstico alternativo. Os cilindros leucocitários, se presentes, sugerem uma origem renal para a piúria. Uma coloração de Gram realizada na urina centrifugada pode, por vezes, ajudar a diferenciar os organismos Gram-negativos dos Gram-positivos, influenciando assim a escolha da terapia. A especificidade desses testes nos pacientes com pielonefrite aguda é inferior a 28%, com uma taxa de erro diagnóstico de 55% dos casos (com relação ao sítio específico da infecção).[36]
A cultura da urina (de espécime obtida por coleta limpa ou cateterizada) mostra crescimento intenso do patógeno causador (classicamente ≥100,000 unidades formadoras de colônia [UFC] por mililitro de urina expelida).[37]
As hemoculturas são indicadas em pacientes com doença mais grave. As hemoculturas são positivas para o patógeno causador em aproximadamente 10% a 20% das mulheres com pielonefrite aguda não complicada.
Outros exames laboratoriais iniciais indicados na investigação inicial são o hemograma completo, a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C-reativa sérica.[38] A procalcitonina (um propeptídeo produzido pelas células macrófagas de monócitos durante infecções bacterianas) é um marcador de diagnóstico mais específico da infecção bacteriana e os valores parecem correlacionar-se com a gravidade.[39][40]
As interleucinas (IL-6, IL-32), como reagentes da fase aguda, também estão sendo avaliadas como possíveis marcadores para diferenciar as infecções do trato urinário inferiores de pielonefrite.[41] A copeptina é uma parte C-terminal da pró-vasopressina (CT-pro-AVP) que é liberada juntamente com a vasopressina e foi investigada para uso como uma ferramenta diagnóstica em infecções bacterianas e sepse.[38]
Exames de imagem
Geralmente não são necessárias imagens adicionais para o diagnóstico, mas elas podem frequentemente ser úteis quando os pacientes não estiverem respondendo ao tratamento conforme esperado ou depois de 72 horas.[42] Em pacientes com infecções complicadas, a ultrassonografia renal pode ajudar no diagnóstico identificando hidronefrose causada por um cálculo ou outra fonte de obstrução ou pode mostrar coleções de fluidos e cistos intra ou perirrenais.[43][44]
A tomografia computadorizada helicoidal com contraste e/ou ressonância nuclear magnética do abdome podem delinear ainda mais as anomalias estruturais para auxiliar a orientar a terapia. A tomografia computadorizada do abdome pode expor os indivíduos a radiação considerável, mas pode ser mais fácil de agendar e é mais barata que a ressonância nuclear magnética.[42]
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