Etiologia

Várias etiologias foram postuladas, mais ainda assim nenhuma explica de maneira definitiva a diversidade das apresentações, evoluções clínicas ou resposta a terapias. É mais provável que a doença seja um processo de doença multifatorial, com um ou mais dos seguintes fatores causadores presentes:[14][15]

  • Doença autoimune

  • Criação de substâncias tóxicas na urina, seguida por deficiência da camada de glicosaminoglicanos, que permite que essas substâncias tóxicas permeiem os tecidos da submucosa da bexiga

  • Hipersensibilidade a inflamações da bexiga

  • Disfunção do músculo do assoalho pélvico

  • Infecção que resiste à identificação imediata ou cura.

  • Up-regulation de sinais pélvicos de fibras C aferentes, desencadeando sensibilização central e sinalização de reflexo sacral. Isso causa disfunção do assoalho pélvico, hipersensibilidade ao estímulo normal e resistência a terapias locais e regionais.

Fisiopatologia

A fisiopatologia é pouco compreendida. As teorias dominantes incluem up-regulation dos fatores de crescimento dos nervos que causam estimulação crônica da sensação de dor aferente. Por mecanismos de feedback e do reflexo sacral pouco compreendidos, o resultado é a disfunção do assoalho pélvico, pontos-gatilhos miofasciais e dor. A forma ulcerativa da doença não possui uma teoria unificadora sobre as alterações inflamatórias e fibróticas observadas. O tratamento tem sido associado à normalização de algumas citocinas urinárias, sugerindo uma resposta parácrina a alguma disfunção neurológica ou endotelial subjacente.

Classificação

Classificação do International Consultation on Incontinence[6]

Síndrome da bexiga dolorosa (SBD)

  • Uma sensação desagradável (dor, pressão, desconforto) percebida como estando relacionada à bexiga urinária, associada com sintomas do trato urinário inferior de duração superior a 6 semanas, na ausência de infecção ou outras causas identificáveis.

Cistite intersticial (CI)

  • Os pacientes manifestam os mesmos sintomas observados na SBD, mas com concomitância de achados cistoscópicos devido a alterações inflamatórias na bexiga.

Classificação clínica da cistite intersticial/síndrome da bexiga dolorosa (critérios da European Society for the Study of Interstitial Cystitis [ESSIC])[4]

A CI pode ser dividida em subgrupos, com base em achados intraoperatórios na cistoscopia com distensão vesical.[4]

Não ulcerativa

  • Esse tipo é um exemplo perfeito dos mesmos sintomas clínicos da forma clássica, mas os achados cistoscópicos da forma clássica estão ausentes. (Tipo 1 segundo a ESSIC.) Entretanto, após a superdistensão, muitos desses pacientes apresentam glomerulações (lesões distintas, muito pequenas, com aspecto de framboesas, que surgem como minúsculos rompimentos da mucosa e hemorragias). Ocasionalmente, isso também é observado em pacientes sem sintomas, o que coloca em questão esse achado clínico. (Tipo 2 segundo a ESSIC.)

  • Os achados da biópsia vesical são normais ou inespecíficos e geralmente desnecessários. (Tipo A/B segundo a ESSIC.)

Ulcerativa (anteriormente denominada CI clássica)

  • As características típicas são 1 ou mais placas ulcerativas envolvidas por congestão da mucosa no ápice/paredes laterais da bexiga. (Tipo 3 segundo a ESSIC.)

  • Os achados da biópsia demonstraram que as lesões ulcerativas podem ser transmurais e estão associadas a alterações inflamatórias acentuadas, tecido de granulação, infiltração dos mastócitos e, em alguns casos, fibrose. (Tipo C segundo a ESSIC.)

  • Esse tipo representa <10% dos casos nos EUA e é raro.[7]

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