Devido à sua natureza súbita e etiologia arrítmica normalmente não reconhecida, é difícil determinar as características epidemiológicas da parada cardíaca com precisão. No entanto, é possível fazer estimativas. Devido às diferenças fundamentais na patogênese subjacente e no sistema de atendimento, os dados epidemiológicos para paradas cardíacas fora do âmbito hospitalar (PCFH) e paradas cardíacas intra-hospitalares (PCIH) são coletados e relatados de maneira separada.[2]Martin SS, Aday AW, Almarzooq ZI, et al. 2024 heart disease and stroke statistics: a report of US and global data from the American Heart Association. Circulation. 2024 Feb 20;149(8):e347-913.
https://www.doi.org/10.1161/CIR.0000000000001209
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38264914?tool=bestpractice.com
Nos EUA, em 2022, a incidência de indivíduos de qualquer idade que sofreram PCFH avaliada por serviços médicos de emergência foi de 88.8 por 100,000.[2]Martin SS, Aday AW, Almarzooq ZI, et al. 2024 heart disease and stroke statistics: a report of US and global data from the American Heart Association. Circulation. 2024 Feb 20;149(8):e347-913.
https://www.doi.org/10.1161/CIR.0000000000001209
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38264914?tool=bestpractice.com
Na Europa, este número foi relatado como sendo 84 por 100,000 habitantes por ano.[3]Gräsner JT, Lefering R, Koster RW, et al; EuReCa ONE Collaborators. EuReCa ONE - 27 nations, ONE Europe, ONE registry: a prospective one month analysis of out-of-hospital cardiac arrest outcomes in 27 countries in Europe. Resuscitation. 2016;105:188-95.
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0300957216300995?via%3Dihub
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27321577?tool=bestpractice.com
Nos EUA, a incidência de PCIH varia entre hospitais, de 2.4 a 25.5 por 1000 internações, resultando em 292,000 casos anualmente.[2]Martin SS, Aday AW, Almarzooq ZI, et al. 2024 heart disease and stroke statistics: a report of US and global data from the American Heart Association. Circulation. 2024 Feb 20;149(8):e347-913.
https://www.doi.org/10.1161/CIR.0000000000001209
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38264914?tool=bestpractice.com
[4]Rasmussen TP, Riley DJ, Sarazin MV, et al. Variation across hospitals in in-hospital cardiac arrest incidence among medicare beneficiaries. JAMA Netw Open. 2022 Feb 1;5(2):e2148485.
https://www.doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2021.48485
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35226085?tool=bestpractice.com
Apesar dos avanços no tratamento da parada cardíaca, o prognóstico permanece desfavorável. De acordo com o Cardiac Arrest Registry to Enhance Survival (CARES) dos EUA, a sobrevivência até a internação hospitalar após uma PCFH não traumática tratada por serviços médicos de emergência em 2022 foi de 24.9% para todas as apresentações, com as taxas de sobrevivência mais altas nos locais públicos (36.9%) e as taxas de sobrevivência mais baixas nos lares/residências (23.5%) e instituições asilares (14.4%). A sobrevivência até a alta hospitalar após uma PCFH foi estimada em 9.3%.[2]Martin SS, Aday AW, Almarzooq ZI, et al. 2024 heart disease and stroke statistics: a report of US and global data from the American Heart Association. Circulation. 2024 Feb 20;149(8):e347-913.
https://www.doi.org/10.1161/CIR.0000000000001209
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38264914?tool=bestpractice.com
A taxa de sobrevivência não ajustada após uma PCIH foi de 18.4% no banco de dados do UK National Cardiac Arrest Audit entre 2011 e 2013. A sobrevivência foi de 49% quando o ritmo inicial foi chocável, e de 10.5% quando o ritmo inicial foi não chocável.[5]Nolan JP, Soar J, Smith GB, et al. Incidence and outcome of in-hospital cardiac arrest in the United Kingdom National Cardiac Arrest Audit. Resuscitation. 2014 Aug;85(8):987-92.
https://www.resuscitationjournal.com/article/S0300-9572(14)00469-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24746785?tool=bestpractice.com
De acordo com vários estudos, as mulheres que sofrem PCFH são mais velhas, menos propensas a apresentarem ritmos chocáveis e menos propensas a desmaiarem em público em comparação com os homens. Apesar desses fatores que são conhecidos por reduzirem a sobrevivência, foi demonstrado que as mulheres apresentam taxas de sobrevivência equivalentes ou superiores até a alta hospitalar, ou até 30 dias, em relação aos homens.[6]Bougouin W, Mustafic H, Marijon E, et al. Gender and survival after sudden cardiac arrest: a systematic review and meta-analysis. Resuscitation. 2015 Sep;94:55-60.
https://www.doi.org/10.1016/j.resuscitation.2015.06.018
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26143159?tool=bestpractice.com
Se as tentativas de reanimação não forem bem-sucedidas, a situação é chamada de morte súbita cardíaca (MSC). A incidência da MSC aumenta com a idade; ela é de cerca de 50 por 100,000 pessoas-anos na quinta à sexta décadas de vida, aumentando para pelo menos 200 por 100,000 na oitava década de vida.[7]Zeppenfeld K, Tfelt-Hansen J, de Riva M, et al. 2022 ESC Guidelines for the management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death. Eur Heart J. 2022 Oct 21;43(40):3997-4126.
https://academic.oup.com/eurheartj/article/43/40/3997/6675633?login=false
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36017572?tool=bestpractice.com
Em qualquer idade, os homens apresentam taxas mais elevadas de MSC em comparação com as mulheres, mesmo após ajustes para os fatores de risco da doença arterial coronariana.[7]Zeppenfeld K, Tfelt-Hansen J, de Riva M, et al. 2022 ESC Guidelines for the management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death. Eur Heart J. 2022 Oct 21;43(40):3997-4126.
https://academic.oup.com/eurheartj/article/43/40/3997/6675633?login=false
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36017572?tool=bestpractice.com
A origem étnica também tem um grande efeito, com os negros, especialmente as mulheres, tendo uma maior incidência de MSC em comparação com os brancos.[7]Zeppenfeld K, Tfelt-Hansen J, de Riva M, et al. 2022 ESC Guidelines for the management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death. Eur Heart J. 2022 Oct 21;43(40):3997-4126.
https://academic.oup.com/eurheartj/article/43/40/3997/6675633?login=false
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36017572?tool=bestpractice.com
[8]Zhao D, Post WS, Blasco-Colmenares E, et al. Racial differences in sudden cardiac death. Circulation. 2019 Apr 2;139(14):1688-97.
https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCULATIONAHA.118.036553
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30712378?tool=bestpractice.com
No estudo Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC), a razão de riscos (RR) ajustada ao sexo para MSC comparando participantes negros com brancos foi de 2.12, com uma RR totalmente ajustada de 1.38. As razões para esta disparidade não são totalmente compreendidas, mas a situação socioeconômica mais baixa e uma maior prevalência dos fatores de risco cardiovasculares (particularmente diabetes e hipertensão) têm demonstrado ser contribuintes importantes.[8]Zhao D, Post WS, Blasco-Colmenares E, et al. Racial differences in sudden cardiac death. Circulation. 2019 Apr 2;139(14):1688-97.
https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCULATIONAHA.118.036553
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30712378?tool=bestpractice.com