Etiologia
Acredita-se que todos os tumores de células germinativas se desenvolvam de forma secundária a um evento tumorigênico no útero e evoluam por meio de um estádio não invasivo de neoplasia de células germinativas intratubular.[19] O termo de classificação patogenética da Organização Mundial da Saúde (OMS), neoplasia de células germinativas in situ (GCNIS), é agora recomendado.[20] Os efeitos genéticos contribuem para o câncer de testículo e indivíduos com história familiar apresentam um aumento do risco.[21] As alterações genômicas mais comuns encontradas em tumores de células germinativas testiculares incluem ganhos no cromossomo 12p e mutações em KIT, KRAS e NRAS, particularmente nos seminomas.[22] No entanto, mais de 90% dos homens com câncer de testículo não têm história familiar da doença.[23] As anormalidades congênitas (por exemplo, criptorquidia) que causam a diferenciação distorcida das células germinativas e a parada do desenvolvimento normal da célula germinativa primordial são consideradas um fator etiológico importante para o câncer de testículo.[24] Fatores perinatais (por exemplo, baixo peso ao nascer), exposição a produtos químicos que desregulam os hormônios e hormônios endógenos também podem desempenhar um papel no desenvolvimento da doença.[24]
Fisiopatologia
A transformação maligna da neoplasia de células germinativas in situ é caracterizada pelo crescimento além da membrana basal, por fim substituindo a maior parte do parênquima testicular. A regressão espontânea é rara; desse modo, qualquer crescimento do testículo deve ser considerado como maligno e devidamente tratado. A túnica albugínea é uma barreira natural para as metástases locais e, portanto, não deve ser comprometida pela biópsia diagnóstica direta escrotal por agulha.
A disseminação linfática é a causa mais comum de metástases e frequentemente ocorre pelos gânglios do cordão espermático para a cadeia de linfonodos retroperitoneais. Uma exceção é o coriocarcinoma puro, que frequentemente se dissemina através de invasão vascular. Em raras ocasiões, existe uma comunicação direta entre os gânglios testiculares e o duto torácico, causando uma metástase torácica (esternal) sem envolvimento retroperitoneal. A invasão escrotal pode se manifestar com metástases inguinais. Os tipos de câncer de células germinativas também se manifestam com metástases extranodais à distância após invasão vascular direta ou embolização tumoral por meio de comunicações linfático-venosas. Isso é responsável pela maioria das falhas de tratamento regional apesar de orquiectomia radical e disseção cirúrgica retroperitoneal.
O tempo de duplicação de um tumor não seminoma varia de 10 a 30 dias. Isso é refletido por alterações nos marcadores tumorais séricos. A maioria dos casos de falha de tratamento seguida por mortalidade ocorre nos primeiros 2 a 3 anos de diagnóstico. Geralmente, um tumor seminoma tem um tempo de duplicação muito mais lento e pode reaparecer 2 a 10 anos após o tratamento inicial por causa de sua evolução indolente.[25][26] Com base na história natural da doença, a cura após o tratamento multimodal é frequentemente declarada após 5 anos. No entanto, a recidiva tem sido relatada 10 anos ou mais após o tratamento.[27]
Classificação
Classificação da Organização Mundial da Saúde de tumores do testículo[3]
Uma alteração significativa na classificação de tumores do testículo segundo a classificação de tumores urogenitais da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2016 foi a distinção entre os grupos com base na origem patogênica. A OMS recomenda o termo neoplasia de células germinativas in situ (GCNIS) do testículo para lesões precursoras de tumores de células germinativas invasivas, e os tumores de células germinativas testiculares são agora divididos naqueles derivados da GCNIS e aqueles não relacionados à GCNIS.[4] Este esquema foi mantido na classificação de 2022.[5]
Derivado da GCNIS:
Neoplasia de células germinativas não invasiva
GCNIS
Formas específicas de neoplasia de células germinativas intratubular
Gonadoblastoma
A família germinoma de tumores
Seminoma
Tumores de células germinativas não seminomatosos
Carcinoma embrionário
Tumor de saco vitelino, tipo pós-púbere
Coriocarcinoma
Tumor trofoblástico no sítio placentário
Tumor trofoblástico epitelioide
Tumor trofoblástico cístico
Teratoma, tipo pós-púbere
Teratoma com neoplasia tipo somática
Tumores mistos de células germinativas do testículo
Tumores de células germinativas mistas
Tumores de células germinativas de tipo desconhecido
Tumores de células germinativas regredidos
Não relacionado a GCNIS:
Tumor espermatocítico
Tumor de saco vitelino, tipo pré-púbere
Teratoma, tipo pré-púbere
Tumor neuroendócrino testicular, tipo pré-púbere
Teratoma misto e tumor de saco vitelino, tipo pré-púbere
Tumores estromais do cordão sexual:
Tumores das células de Leydig
Tumores de células de Sertoli
Tumores das células da granulosa
Tumores do grupo fibroma-tecoma
Tumores estromais do cordão sexual mistos e não classificados
Gonadoblastoma
Classificação TNMS para o câncer de testículo[6][7]
A classificação TNMS descreve a extensão da doença com base nos seguintes fatores anatômicos:
Tamanho e extensão do tumor primário (T), com o sistema de estadiamento do American Joint Committee on Cancer subdividindo adicionalmente T1 por tamanho (tumor T1a <3 cm; tumor T1b ≥3 cm)
Envolvimento do linfonodo regional (N)
Presença ou ausência de metástases à distância (M)
Níveis séricos de marcadores tumorais nadir pós-orquiectomia (S): lactato desidrogenase, gonadotrofina coriônica humana e alfafetoproteína. Um prognóstico mais desfavorável é observado com níveis elevados de marcadores tumorais.[6][7]
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