Critérios

Existem vários sistemas de escores e definições para sepse e para sepse associada a disfunção orgânica. Nenhum deles é perfeito e muitos procuram medir variáveis semelhantes. O escore de determinação da falência orgânica sequencial (ou relacionada à sepse - SOFA) é recomendado nas definições do consenso internacional de 2016, mas é importante reconhecer que a utilidade clínica de qualquer escore depende da avaliação clínica e da tomada de decisão individuais do médico. Os critérios do SOFA e os critérios para síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) que eles substituíram exigem análises laboratoriais de exames de sangue. Isso pode provocar atrasos no reconhecimento dos pacientes com risco de deterioração e disfunção orgânica devidas a sepse.

Third International Consensus definitions for sepsis and septic shock (Sepsis-3) (2016)[1]

1. Sepse: a definição do terceiro consenso internacional de sepse publicada em 2016 redefine a sepse como disfunção orgânica com risco de vida causada por uma desregulação da resposta do hospedeiro à infecção. De acordo com as definições do consenso de 2016, um aumento no escore SOFA de 2 ou mais constitui disfunção orgânica. O escore SOFA é calculado com base na avaliação dos seguintes sistemas em um contexto de unidade de terapia intensiva (UTI): [ Escore de determinação da falência orgânica relacionada à sepse: escore SOFA Opens in new window ]

  • Respiratório (razão PaO₂/FiO₂)

  • Neurológico (como avaliado pela escala de coma de Glasgow)

  • Cardiovascular (pressão arterial média [PAM] ou administração de vasopressores)

  • Coagulação (contagem plaquetária)

  • Renal (nível de creatinina e débito urinário)

  • Hepático (nível de bilirrubina)

As definições do consenso de 2016 recomendam que os critérios do SOFA substituam o conjunto de critérios previamente recomendado que define a disfunção orgânica, o qual foi proposto pela Consensus Definitions Conference de 2001. Os critérios "rápidos" (q)SOFA foram recomendados para uso fora do cenário de UTI para identificar prontamente os pacientes com suspeita de infecção que provavelmente terão um desfecho desfavorável. No entanto, a Surviving Sepsis Campaign desaconselha fortemente o uso do qSOFA como uma única ferramenta de rastreamento para sepse ou choque séptico, devido à sua baixa sensibilidade para pacientes com suspeita de infecção (em comparação com outros escores de alerta precoce à beira do leito e os critérios para SRIS).[3][5][6]

2. Sepse grave: com base nas revisões quanto à definição de sepse, as definições do consenso de 2016 recomendam que o termo "sepse grave" (como estabelecido das definições do consenso de 1991/2001) deve ser considerado redundante.

3. Choque séptico: a definição de choque séptico também foi redefinida como uma subcategoria de sepse na qual anormalidades metabólicas, celulares e circulatórias particularmente profundas estão associadas a um maior risco de mortalidade comparativamente ao resultante da sepse quando considerada isoladamente.[1] De acordo com as definições do consenso de 2016, o choque séptico é definido como sepse acompanhada de:

  • Hipotensão persistente que exige vasopressores para manter a PAM ≥65 mmHg e

  • Nível de lactato sérico >2 mmol/L (>18 mg/dL) apesar de ressuscitação volêmica adequada.

Índice II da Avaliação de Fisiologia Aguda e Doença Crônica (APACHE II)[116]

O índice APACHE é comumente usado para estabelecer a gravidade da doença na unidade de terapia intensiva (UTI) e prever o risco de morte. [ Sistema de escore APACHE II Opens in new window ] Há um alto risco de morte se o índice for ≥25.

Outros modelos de escore de risco de sepse

Vários outros modelos que foram desenvolvidos para uso na UTI, inclusive o APACHE III, o Escore Fisiológico Agudo Simplificado e o Modelo de Probabilidade de Morte II.[39][117][118]

Escores específicos para grupos de pacientes também foram desenvolvidos. Por exemplo, os escores de Predisposição, Insulto, Resposta Deletéria e Falência Orgânica e de Mortalidade por Sepse no Pronto-Socorro foram desenvolvidos para estratificar o risco de pacientes com sepse ou choque séptico que são admitidos no pronto-socorro; o Sepsis in Obstetrics Score foi desenvolvido para estratificar o risco de gestantes ou mulheres no período pós-parto com sepse.[119][120] Esses escores podem auxiliar na identificação e no manejo da sepse em grupos de pacientes específicos.[121]

Há inúmeros estudos em andamento que investigam técnicas para "estadiamento" da gravidade da sepse usando uma variedade de marcadores hemogênicos.[94][122] Embora algumas técnicas tenham demonstrado ser inicialmente promissoras, a base de evidências permanece fraca, e elas não têm função clara na prática clínica futura.

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