Abordagem
O diagnóstico é feito principalmente com base na história.
História
A polimialgia reumática (PMR) geralmente ocorre em pessoas com ≥50 anos e é mais comum em mulheres.[2][9] Os pacientes se queixam de início agudo de dor e rigidez no pescoço e na região da cintura escapular e/ou pélvica, a qual piora pela manhã. A rigidez pode ser intensa a ponto de dificultar que o paciente saia do leito. A rigidez apresenta melhora variável durante o dia. Podem estar presentes sintomas constitucionais como febre baixa, perda de peso, astenia, mal-estar, anorexia, sudorese noturna e depressão. O paciente pode relatar dor articular assimétrica, sintomas da síndrome do túnel do carpo e edema nas mãos e nos pés. Também é importante revisar a história de sintomas sugestivos de arterite de células gigantes (ACG), como cefaleias unilaterais temporal ou occipital, sensibilidade no couro cabeludo, claudicação mandibular ou sintomas visuais.[9]
Resposta a corticosteroides
Uma resposta rápida a corticosteroides, entre 24 e 72 horas de tratamento (alguns critérios indicam 4-7 dias), pode ser bastante útil para respaldar o diagnóstico de polimialgia reumática (PMR), diferenciando-a de outros distúrbios inflamatórios.[3][13][17] Uma resposta incompleta aos corticosteroides em baixas doses não descarta o diagnóstico.[18]
Exame físico
Os pacientes podem exibir amplitude limitada de movimento ativo dos ombros e quadril devido à dor e à rigidez. O paciente também pode ter dificuldade de levantar-se da cadeira ou da mesa de exame. Esses sintomas podem resultar de sensibilidade muscular da região do ombro e do quadril, bursite subacromial dos ombros, bursite trocantérica dos quadris e, ocasionalmente, oligoartrite das articulações periféricas. Por vezes ocorre edema dos dedos e das superfícies dorsais das mãos e dos pés como resultado de tenossinovite.[4] Deve-se observar os achados negativos relativos a outros sistemas de órgãos, incluindo a ausência de úlceras orais, erupções cutâneas, anormalidades cardiopulmonares, alterações abdominais e achados neurológicos focais. Os pacientes devem ser avaliados em relação aos sinais de ACG: espessamento da artéria temporal e occipital, nódulos e sensibilidade, bem como à sensibilidade no couro cabeludo com vistas à avaliação para ACG.
Exames laboratoriais
A velocidade de hemossedimentação (VHS) sérica elevada e/ou os níveis de proteína C-reativa são de suporte no cenário de história característica e achados de exame.[4][11] Valores normais em um cenário de história e achados de exame característicos não descartam o diagnóstico, já que a PMR pode se manifestar com marcadores normais de inflamação sistêmica. VHS e/ou proteína C-reativa normais em pacientes com PMR podem indicar um subconjunto mais brando da doença ou identificação de pacientes no início da evolução da doença.[19]
Como o hipotireoidismo pode ocasionalmente ocorrer acompanhado de artralgias e rigidez, testes de função tireoidiana devem ser incluídos na investigação da suspeita de PMR. Como algumas doenças mieloproliferativas também podem se apresentar de forma semelhante à PMR com sintomas de fadiga, dor óssea e VHS elevada, recomenda-se a verificação do hemograma completo e da eletroforese de proteínas séricas como parte da avaliação da PMR. Fator reumatoide e os anticorpos antipeptídeos citrulinados cíclicos são solicitados se houver suspeita de artrite reumatoide de início tardio.
Em pacientes com predomínio de dor no ombro e no quadril, deve-se considerar a miosite no diagnóstico diferencial, cabendo verificar o nível de creatina fosfoquinase (CPK). Como a artrite reumatoide (AR) pode se apresentar mais comumente com rigidez da articulação do ombro em indivíduos mais velhos, a presença de uma artrite inflamatória envolvendo as articulações dos dedos (particularmente as articulações IFP e metacarpofalângica) é uma indicação para verificar os títulos de fator reumatoide e de anticorpos antipeptídeos citrulinados cíclicos; títulos significativamente elevados desses anticorpos aumentam a probabilidade de artrite reumatoide precoce.[20]
Como colher uma amostra de sangue venoso da fossa antecubital usando uma agulha a vácuo.
Exames por imagem
Exames de ultrassonografia e ressonância nuclear magnética (RNM) podem ser úteis para distinguir a bursite, a sinovite ou a tenossinovite nos ombros e quadris.[4][11] Esses exames podem ser úteis no diagnóstico da PMR com menos sinais e sintomas clínicos característicos. Bursite subdeltoide, tenossinovite bicipital, sinovite glenoumeral e/ou sinovite do quadril são características da PMR.[11] A bursite trocantérica está presente em muitos pacientes com PMR.[22] A bursite interespinhosa pode ser detectada na RNM.[23] A presença de artrite simétrica do ombro e/ou quadril na ausência de bursite ou tenossinovite seria mais sugestiva de artrite sistêmica, como a artrite reumatoide.
O aumento da captação de fluordesoxiglucose F-18 em exames de PET pode ser útil na identificação de inflamação nas articulações, bursas e tecidos tenossinoviais nos ombros e grandes vasos que podem ser úteis no diagnóstico de PMR.[24][25] Embora essas informações possam respaldar o diagnóstico da PMR, ainda não está claro se esses exames de imagem conseguem prever as recidivas da doença.[17]
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