Complicações
Foram relatados casos de reativação da hepatite B durante ou após a terapia com agentes antivirais de ação direta (DAAs).[92][114] Ela ocorre com mais frequência em pacientes com co-infecção crônica por hepatite B e hepatite C em comparação a pacientes com infecção por hepatite B resolvida.[115]
Todos os pacientes devem ser avaliados quanto a infecção por hepatite B com teste para HBsAg, anticorpo contra o antígeno de superfície da hepatite B (anti-HBs) e anticorpo contra o antígeno de núcleo da hepatite B (anti-HBc) antes de iniciarem a terapia com DAAs. A vacinação contra hepatite B é recomendada para todos os indivíduos suscetíveis.[66]
Em pacientes positivos para HBsAg, um teste de DNA para hepatite B deve ser obtido antes do início da terapia. Os pacientes que atendem aos critérios para o tratamento da infecção ativa por hepatite B devem iniciar a terapia para hepatite B ao mesmo tempo ou antes de iniciar DAAs. Pacientes com níveis baixos ou não detectáveis de DNA do vírus da hepatite B devem ser monitorados pelo menos a cada 4 semanas quanto a reativação da hepatite B (com DNA do vírus da hepatite B) e, se os níveis de DNA do vírus da hepatite B atenderem aos critérios para tratamento, a terapia para hepatite B deverá ser iniciada.[66]
Em pacientes com teste positivo para anti-HBs ou anti-HBc, a reativação da hepatite B deve ser considerada no caso de elevações inexplicadas das enzimas hepáticas durante (ou após) o tratamento com DAAs.[66]
Somente 2% a 20% das pessoas com infecção crônica desenvolvem cirrose, geralmente em um período de aproximadamente 20 a 25 anos.[63] O risco de desenvolver cirrose aumenta com a duração de infecção crônica.
Pacientes com coinfecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV) e aqueles que ingerem bebidas alcoólicas de forma moderada a alta podem progredir para cirrose muito mais rapidamente.
O carcinoma hepatocelular é geralmente observado somente em pacientes infectados pelo vírus da hepatite C com cirrose, mas pode ocorrer em pacientes sem cirrose.[122]
A incidência nos países ocidentais aumentou nas 2 últimas décadas, principalmente em virtude da grande quantidade de pessoas com hepatite C.[123][124]
As manifestações incluem dor abdominal, letargia ou perda de peso; como alternativa, o carcinoma hepatocelular pode ser descoberto em exames radiográficos e ser assintomático. Pode haver suspeita em pacientes cirróticos, se eles descompensarem.
O uso de estatinas foi independentemente associado a um risco reduzido de carcinoma hepatocelular em pacientes com infecção pelo vírus da hepatite C.[125][126][127]
A infecção pelo vírus da hepatite C está associada a um risco aumentado de doença cardiovascular.[128] Os pacientes apresentam maior prevalência de doença arterial coronariana e doença cerebrovascular. A presença de cirrose está diretamente associada ao risco cardiovascular. Estratégias de prevenção de risco cardiovascular podem ser necessárias.[129][130] A resposta virológica sustentada após a terapia antiviral foi associada a um risco global de doença cardiovascular reduzido.[131]
As manifestações reumáticas da hepatite C incluem mialgia, fadiga, artralgias e artrite.
As manifestações autoimunes incluem a síndrome de Sjögren.
Crioglobulinas são imunoglobulinas únicas ou mistas que sofrem precipitação reversível em temperaturas baixas. As crioglobulinas se depositam na pele, nos rins e nas articulações. Os pacientes podem apresentar fadiga, artralgias, neuropatia periférica, púrpura palpável ou glomerulonefrite.[118]
A variante mais comum em pessoas com hepatite C é a crioglobulinemia tipo II (mista). A probabilidade de crioglobulinemia assintomática é alta, e a probabilidade de crioglobulinemia sintomática é baixa.
Há evidência limitada para dar suporte ao uso de rituximabe em combinação com terapia antiviral para o tratamento da vasculite cutânea e de alguns achados laboratoriais. Há atualmente evidências insuficientes para determinar a melhor estratégia de tratamento para esta complicação, além da terapia antiviral.[119]
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Caso incomum de gangrena digital induzida por crioglobulina relacionada à hepatite CAbdel-Gadir A, Patel, K, Dubrey SW. Cryoglobulinaemia induced digital gangrene in a case of hepatitis C. BMJ Case Reports. 2010 [Citation ends].
A doença renal mais comum relacionada à hepatite C é a glomerulonefrite membranoproliferativa, que pode se manifestar com proteinúria, hematúria e inclusive edema, hipertensão e insuficiência renal.[120]
As manifestações oculares incluem a ceratoconjuntivite seca (olhos secos), que pode ser uma manifestação da síndrome de Sjögren e úlcera de Mooren (uma ulceração dolorosa da córnea que progride rapidamente).[121] O diagnóstico é feito pela exclusão de outras causas de ulceração da córnea.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal