Critérios
Critérios para diagnóstico da infecção primária por Coxiella burnetii com base nos sintomas agudos e na história de valvopatia, imunodeficiência ou gestação[45]
Febre Q aguda:
Febre, hepatite e/ou pneumonia com critérios microbiológicos (IgG de fase II ≥1:200 e IgM de fase II ≥1:50, soroconversão ou reação em cadeia da polimerase positiva em sangue/soro e ausência de endocardite)
Duração dos sintomas <3 meses após o início dos sintomas ou soroconversão.
Febre Q aguda com valvopatia significativa:
Critérios para febre Q aguda mais história de febre reumática, valva aórtica bicúspide, cardiopatia congênita, valvas cardíacas protéticas, regurgitação valvar, estenose grau ≥II, prolapso da valva mitral.
Febre Q aguda com vasculopatia significativa:
Critérios para febre Q aguda mais história de enxerto vascular ou aneurisma vascular.
Febre Q aguda com imunodeficiência grave:
Critérios para febre Q aguda em pacientes de transplante, pacientes submetidos a quimioterapia ou corticoterapia, pacientes HIV-positivos com <200 CD4, pacientes com neoplasias hematológicas.
Infecção primária assintomática por C burnetii durante a gestação:
Gestante assintomática com IgG ≥1:200 e IgM ≥1:50 de fase II.
Critérios para diagnóstico de endocardite por C burnetii[82]
A. Critérios definitivos:
Cultura positiva
Reação em cadeia da polimerase ou imuno-histoquímica em amostra de valva cardíaca.
B. Critérios primários:
Microbiologia: cultura positiva ou reação em cadeia da polimerase do sangue ou dos êmbolos ou sorologia com anticorpos IgG de fase I ≥1:6400
Evidências de acometimento endocárdico:
Ecocardiografia positiva para endocardite infecciosa: massa intracardíaca oscilante na valva ou nas estruturas de suporte, no trajeto dos jatos regurgitantes ou no material implantado na ausência de uma explicação anatômica alternativa; ou abscesso; ou nova deiscência parcial da valva protética; ou nova regurgitação valvar (agravamento ou alteração de sopro preexistente insuficiente)
PET mostrando uma fixação valvar específica e aneurisma micótico.
C. Critérios secundários:
Quadro clínico cardíaco predisponente (conhecido ou encontrado na ecocardiografia)
Febre (>38 °C)
Fenômenos vasculares, êmbolos arteriais maiores, infartos pulmonares sépticos, aneurisma micótico (na PET), hemorragia intracraniana, hemorragias conjuntivais e lesões de Janeway
Fenômenos imunológicos: glomerulonefrite, nódulos de Osler, manchas de Roth ou fator reumatoide
Sorologia positiva com anticorpos anti-IgG de fase I ≥1:800 e <1:6400.
Diagnóstico definido:
Um critério A
Dois critérios B
Um critério B e três critérios C (incluindo evidência de predisposição microbiológica e cardíaca).
Possível diagnóstico:
Um critério B e dois critérios C (incluindo evidência de predisposição microbiológica e cardíaca)
Três critérios C (incluindo sorologia positiva e predisposição cardíaca).
Pacientes que atendem os critérios de endocardite definitiva ou possível por C burnetii na valva cardíaca protética ou no marca-passo, ou após cirurgia de Bentall, devem receber o diagnóstico de endocardite definitiva ou possível relacionada a corpo estranho, respectivamente, e deverão receber o devido tratamento (ou seja, ciclo de tratamento de 24 meses).
Pacientes com valvopatia cardíaca grave (geralmente internados em uma unidade de cirurgia cardíaca) receberam diagnóstico de endocardite definitiva com níveis de IgG na fase I de apenas 1:200.[55][58] Neste contexto específico (cirurgia cardíaca e cirurgia vascular e títulos sorológicos baixíssimos entre 1:200 e 1:400), deverá ser prescrito o tratamento da endocardite e da infecção vascular, mesmo na ausência de sintomas infecciosos ou de reação em cadeia da polimerase positiva, pois o risco de mortalidade é alto se não houver tratamento.
Critérios para diagnóstico de infecção vascular por C burnetii[82]
A. Critérios definitivos:
Cultura positiva
Reação em cadeia da polimerase ou imuno-histoquímica de uma amostra arterial (prótese ou aneurisma) ou um abscesso periarterial, ou uma espondilodiscite vinculada à aorta.
B. Critérios primários:
Microbiologia: cultura positiva, reação em cadeia da polimerase do sangue ou dos êmbolos ou sorologia com anticorpos IgG de fase I ≥1:6400
Evidência de envolvimento vascular:
Tomografia computadorizada (TC): aneurisma ou prótese vascular, e abscesso periarterial, fístula ou espondilodiscite
PET: fixação específica em um aneurisma ou prótese vascular.
C. Critérios secundários:
Sorologia positiva com anticorpos anti-IgG de fase I ≥1:800 e <1:6400
Febre (≥38 °C)
Êmbolos
Predisposição vascular subjacente (por exemplo, aneurisma ou prótese vascular).
Diagnóstico definido:
Um critério A
Dois critérios B
Um critério B e dois critérios C (incluindo evidência de predisposição microbiológica e vascular).
Possível diagnóstico:
Predisposição vascular, evidência sorológica e febre ou êmbolos.
Pacientes que atendem os critérios de infecção vascular definitiva ou possível por C burnetii no material protético vascular deverão receber o diagnóstico de endocardite definitiva ou possível relacionada a corpo estranho e deverão receber o devido tratamento (ou seja, ciclo de tratamento de 24 meses).
Critérios para diagnóstico de infecção articular protética por C burnetii[83]
A. Critérios definitivos:
Cultura positiva
Reação em cadeia da polimerase ou imuno-histoquímica de biópsia periprotética ou aspirado articular.
B. Critérios primários:
Microbiologia:
Cultura positiva ou reação em cadeia da polimerase do sangue
Sorologia positiva para C burnetii com anticorpos IgG de fase I ≥1:6400.
Evidência de envolvimento protético:
TC ou RNM positiva para infecção protética: coleção ou pseudotumor da prótese
PET ou cintilografia com leucócitos marcados com índio mostrando hipermetabolismo protético específico consistente com infecção
Para a PET com 18-fluordesoxiglucose, a captação da interface de prótese óssea com exclusão da cabeça e da ponta é considerada o melhor critério para infecção, com 92% de sensibilidade e 97% de especificidade.
C. Critérios secundários:
Presença de prótese articular (critério indispensável)
Febre (≥38 °C)
Dor nas articulações
Sorologia positiva com anticorpos anti-IgG de fase I >1:800 e <1:6400.
Diagnóstico definido:
Um critério A
Dois critérios B
Um critério B e três critérios C (inclusive evidência de microbiologia e presença de prótese articular).
Possível diagnóstico:
Um critério B e dois critérios C (inclusive evidência de microbiologia e presença de prótese articular)
Três critérios C (inclusive sorologia positiva e presença de prótese articular).
Critérios para diagnóstico de infecção osteoarticular por C burnetii sem prótese[3][78]
A. Critérios definitivos:
Cultura positiva
Reação em cadeia da polimerase ou imuno-histoquímica de biópsia óssea ou sinovial ou aspirado articular.
B. Critérios primários:
Microbiologia:
Cultura positiva ou reação em cadeia da polimerase em amostra de sangue positiva
Sorologia positiva com anticorpos anti-IgG de fase I ≥1:800.
Evidência de envolvimento ósseo ou articular:
Artrite clínica, osteíte ou tenossinovite
TC ou ultrassonografia (para articulação) ou RNM: destruição osteoarticular, derrame articular, coleção intra-articular, espondilodiscite, sinovite, localização acromioclavicular
PET ou cintilografia com leucócitos marcados com índio mostrando captação osteoarticular específica.
C. Critérios secundários:
Sorologia positiva com anticorpos anti-IgG de fase I ≥1:400 e <1:800
Febre (≥38 °C)
Monoartralgia ou poliartralgia.
Diagnóstico definido:
Um critério A
Dois critérios B
Um critério B e três critérios C (inclusive uma característica microbiológica).
Possível diagnóstico:
Um critério B e dois critérios C
Três critérios C.
Critérios para diagnóstico de linfadenite crônica por C burnetii[3][78]
A. Critérios definitivos:
Cultura positiva
Reação em cadeia da polimerase ou imuno-histoquímica ou hibridização in situ fluorescente (FISH) da linfadenite.
B. Critérios primários:
Microbiologia:
Cultura positiva ou reação em cadeia da polimerase em amostra de sangue positiva
Sorologia positiva com anticorpos anti-IgG de fase I ≥1:800.
Evidência de envolvimento dos linfonodos:
Linfadenite clínica
TC ou ultrassonografia (para articulação) ou RNM: linfadenite >1 cm
PET mostrando captação específica dos linfonodos.
C. Critérios secundários:
Sorologia positiva com anticorpos anti-IgG de fase I ≥1:400 e <1:800
Febre (≥38 °C).
Diagnóstico definido:
Um critério A
Dois critérios B
Um critério B e dois critérios C (inclusive uma característica microbiológica).
Possível diagnóstico:
Um critério B e um critério C
Dois critérios C.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal