Abordagem

Como nenhum sintoma isolado, achado de exame físico, exame laboratorial ou patologia radiográfica confirma o diagnóstico de capsulite adesiva, ela é frequentemente considerada um diagnóstico de exclusão. É essencial descartar outras patologias, como uma luxação posterior aguda ou crônica, rupturas maciças do manguito rotador ou artrite glenoumeral, antes de presumir o diagnóstico de capsulite adesiva.

História

O sexo do paciente, a idade, a mão dominante e a ocupação são fatores demográficos importantes, não apenas para o diagnóstico, mas também para um manejo eventual.

É preciso obter as seguintes informações: duração da dor (se houver), local da dor, períodos em que se sente a dor (inclusive dores noturnas ou dificuldade para dormir em razão da dor), atividades exacerbadoras (inclusive dormir sobre o lado afetado), limitações de trabalho ou de atividades diárias e qualquer outra dor concomitante, dormência ou parestesias. Dores em outras áreas ao redor da articulação do ombro ou sintomas neurológicos são sugestivos de outro diagnóstico.

Frequentemente, os pacientes relatarão um início insidioso da dor, seguido por uma redução na amplitude de movimento do ombro, mesmo após a remissão da dor. Geralmente, essa limitação de movimento interfere na habilidade do paciente de trabalhar ou realizar atividades da vida diária.

Os pacientes podem se apresentar em qualquer um dos 4 estágios clássicos da capsulite adesiva:

  • Estágio 1: os pacientes podem se queixar de dor na lateral do ombro, sobretudo à noite, mas talvez tenham somente pequenas limitações nos movimentos.

  • Estágio 2: a amplitude de movimentos diminui muito e a dor se torna mais intensa.

  • Estágio 3: a dor se restringe apenas aos pontos extremos da amplitude de movimentos, mas agora o movimento está gravemente limitado.

  • Estágio 4: há pouca dor, mas uma grande perda de movimento.

Após o estágio 4, a rigidez se resolve gradualmente.[28] A fisioterapia e os exercícios físicos em casa podem ser limitados nos estágios iniciais da doença, quando a dor está mais intensa.

Na minoria dos casos, pode ser que o paciente seja diabético ou tenha uma disfunção tireoidiana, sendo estes dois fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da capsulite adesiva secundária.

É importante que se estabeleça uma história de lesões e/ou de uma cirurgia prévia no ombro afetado, e a duração da imobilização.

Exame físico

Os pacientes com capsulite adesiva terão limitações na amplitude de movimento ativa e passiva, independentemente do fato de eles sentirem dor ou não. Portanto, é necessário fazer medições precisas da amplitude de movimento ativa e passiva.

Os pacientes com uma capsulite adesiva terão movimentos limitados da articulação glenoumeral, e eles podem tentar compensar isso mexendo o braço com um movimento escapulotorácico. O exame físico é realizado na posição supina, com a escápula mantida em posição pela gravidade contra a mesa de exame. Isso permite que o médico isole o movimento glenoumeral. O teste de amplitude de movimento é realizado com flexão e abdução e, em seguida, com uma rotação interna e externa abduzida, com o úmero abduzido a 90°. (A rotação externa normal abduzida é de 90°, a rotação interna normal abduzida é de aproximadamente 75°.) A articulação glenoumeral terá uma amplitude de movimento restrita na capsulite adesiva. É importante observar as diferenças de movimentos entre o ombro afetado e o ombro contralateral, bem como a perda relativa da rotação externa e interna do lado afetado.

Talvez haja dor nos pontos de limitação dos movimentos, o que significa tensão capsular, sinovite e irritação.

O teste coracoide para dor é um exame clínico altamente sensível e específico para a capsulite adesiva. A dor induzida por pressão direta no coracoide apresentou 96% de sensibilidade e de 87% a 89% de especificidade em um estudo que descreve o teste.[29]

De acordo com uma revisão sistemática dos testes do exame físico do ombro, o teste de encolhimento dos ombros (no qual uma incapacidade de abduzir o braço a 90° no plano do corpo e manter brevemente essa posição é considerada positiva) apresenta sensibilidade de 95% e especificidade de 50% para a capsulite adesiva. No entanto, é importante observar que os autores denotam esse teste como um sinal inespecífico para outras patologias do ombro, como a osteoartrite glenoumeral ou rupturas maciças do manguito rotador.[30]

As manobras provocativas do exame físico para uma patologia labral e do manguito rotador, bem como a patologia da coluna cervical, podem ser usadas para excluir outras possíveis causas da redução da amplitude de movimento do ombro.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Manobra de SpurlingDo acervo particular de Matthew T. Provencher, MD, CDR MC USN e Lance E. LeClere, MD, LCDR MC USN; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@7e3a73b5[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Teste de O'BrienDo acervo particular de Matthew T. Provencher, MD, CDR MC USN e Lance E. LeClere, MD, LCDR MC USN; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@4bdf6b0e[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Teste de YergasonDo acervo particular de Matthew T. Provencher, MD, CDR MC USN e Lance E. LeClere, MD, LCDR MC USN; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@4a36c6de[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Teste de apreensãoDo acervo particular de Matthew T. Provencher, MD, CDR MC USN e Lance E. LeClere, MD, LCDR MC USN; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@7b087dbc[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Teste de KimDo acervo particular de Matthew T. Provencher, MD, CDR MC USN e Lance E. LeClere, MD, LCDR MC USN; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@7866622c

[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Exemplos de manobras provocativas de exame físico utilizadas para excluir patologia labral, do manguito rotador ou da coluna cervicalDe Matthew T. Provencher, MD, CDR MC USN e Lance E. LeClere, MD, LCDR MC USN; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@3f7c5923

Exames por imagem

Nenhum estudo de imagem isoladamente é diagnóstico. Radiografias simples (vistas anteroposteriores, lateral e axilar da articulação glenoumeral) são o exame inicial de preferência para descartar outras possíveis patologias do ombro.[31]

Em certos casos em que o exame clínico sugere capsulite adesiva, sintomas de pinçamento ou massa palpável dolorosa, a ultrassonografia (US) pode ser considerada como um estudo de imagem inicial. A ultrassonografia tem a vantagem de permitir manobras provocativas para avaliar o pinçamento e pode ajudar a descartar uma ruptura do manguito rotador.[31][32][33]

Exames de imagem avançados, com imagens por ressonância nuclear magnética (RNM)/artrograma por ressonância magnética (RM), podem auxiliar na confirmação do diagnóstico da capsulite adesiva, demonstrando redução do volume e do tamanho capsular e alterações nas dimensões dos intervalos rotadores, bem como espessamento capsular da articulação afetada.[31][34][35]

O exame de imagem de RNM/artrograma por RM é útil para demonstrar a ausência de uma patologia concomitante do ombro, como rupturas labrais ou do manguito rotador, em pacientes com suspeita de capsulite adesiva. O artrograma por tomografia computadorizada (TC), se de fácil obtenção, permite avaliar o volume e o tamanho capsular.

No entanto, o artrograma por RM e o artrograma por TC não são rotineiramente recomendados na avaliação da capsulite adesiva em decorrência dos resultados conflitantes de estudos sobre a eficácia.[31][36][37]

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