A alergia alimentar é um termo amplo que indica uma resposta imunológica anormal a um antígeno alimentar. A alergia resulta de uma perda de tolerância a alimentos específicos.[11]Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy: recent advances in pathophysiology and treatment. Annu Rev Med. 2009 Feb;60:261-77.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18729729?tool=bestpractice.com
Essa perda de tolerância pode resultar na produção anormal de Imunoglobulina E (IgE) contra um antígeno alimentar em particular. A perda de tolerância ou sensibilidade a um alérgeno alimentar pode ocorrer via trato gastrointestinal, via epiderme (na qual a função de barreira é comprometida) ou via trato respiratório (ao pólen homólogo a alérgenos alimentares).[12]Sicherer SH, Teuber S; Adverse Reactions to Foods Committee. Current approach to the diagnosis and management of adverse reactions to foods. J Allergy Clin Immunol. 2004 Nov;114(5):1146-50.
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Quando o alimento é ingerido, degradado e absorvido, ele pode se ligar à IgE localizada nos mastócitos, causando a degranulação dos mastócitos (reação de hipersensibilidade do tipo I).[11]Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy: recent advances in pathophysiology and treatment. Annu Rev Med. 2009 Feb;60:261-77.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18729729?tool=bestpractice.com
Os mastócitos liberam mediadores que causam os sinais e sintomas de anafilaxia. Embora algumas doenças, como a anafilaxia induzida por alimento, pareçam ser mediadas somente por IgE, outras envolvem tanto respostas mediadas por IgE, quanto mediadas por células; por exemplo, a dermatite atópica e as doenças gastrointestinais eosinofílicas.[11]Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy: recent advances in pathophysiology and treatment. Annu Rev Med. 2009 Feb;60:261-77.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18729729?tool=bestpractice.com
Os mecanismos subjacentes que orientam o desenvolvimento de respostas de IgE específica do alimento, em oposição a respostas mediadas por células específicas do alimento, ainda estão em investigação.
As intolerâncias alimentares de natureza não imune geralmente resultam de deficiências adquiridas ou congênitas em enzimas-chave que degradam carboidratos específicos ingeridos na alimentação. A incapacidade de degradar esses carboidratos em substratos absorvíveis resulta na passagem dos carboidratos não digeridos pelo cólon, o que causa sintomas de dor, diarreia e flatulência, que geralmente são manifestados por pacientes com essas deficiências.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
https://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/1279.full
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[13]Lomer MC, Parkes GC, Sanderson JD. Review article: lactose intolerance in clinical practice - myths and realities. Aliment Pharmacol Ther. 2008 Jan 15;27(2):93-103.
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As sensibilidades alimentares de natureza não imune como enxaquecas após a ingestão de tiramina e reações ao glutamato monossódico são uma área de controvérsia na literatura.[8]Jansen SC, van Dusseldorp M, Bottema KC, et al. Intolerance to dietary biogenic amines: a review. Ann Allergy Asthma Immunol. 2003 Sep;91(3):233-40.
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[9]Geha RS, Beiser A, Ren C, et al. Multicenter, double-blind, placebo-controlled, multiple-challenge evaluation of reported reactions to monosodium glutamate. J Allergy Clin Immunol. 2000 Nov;106(5):973-80.
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No entanto, há uma associação bem estabelecida entre a ingestão de sulfitos e o broncoespasmo em pacientes sensíveis a sulfitos.[10]Simon RA. Update on sulfite sensitivity. Allergy. 1998;53(46 Suppl):78-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9826006?tool=bestpractice.com
Anafilaxia induzida por alimento
A reação de hipersensibilidade do tipo I é mediada por proteínas alimentares que se ligam a imunoglobulinas E (IgE) específicas para o alimento, provocando a degranulação dos mastócitos. Mediadores da liberação mastocitária, como a triptase e a histamina, que causam o início súbito e a evolução rápida dos sintomas de anafilaxia: problemas com risco à vida das vias aéreas e/ou respiração e/ou circulação com ou sem alterações na pele e/ou mucosa (por exemplo, eritema, urticária, angioedema, rinite, prurido).[14]Johansson SG, Bieber T, Dahl R, et al. Revised nomenclature for allergy for global use: report of the Nomenclature Review Committee of the World Allergy Organization, October 2003. J Allergy Clin Immunol. 2004 May;113(5):832-6.
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[15]Resuscitation Council UK. Emergency treatment of anaphylactic reactions: guidelines for healthcare providers. May 2021 [internet publication].
https://www.resus.org.uk/library/additional-guidance/guidance-anaphylaxis/emergency-treatment
Geralmente os sintomas se desenvolvem em até 2 horas após a ingestão do alimento desencadeante.[16]Nowak-Wegrzyn A, Sampson H. Adverse reactions to foods. Med Clin North Am. 2006 Jan;90(1):97-127.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16310526?tool=bestpractice.com
Urticária generalizada, angioedema e rinite sem problemas com risco à vida nas vias aéreas, respiração ou circulação não atendem aos critérios para anafilaxia; entretanto, se houver dúvidas, administre adrenalina intramuscular e procure ajuda especializada.[15]Resuscitation Council UK. Emergency treatment of anaphylactic reactions: guidelines for healthcare providers. May 2021 [internet publication].
https://www.resus.org.uk/library/additional-guidance/guidance-anaphylaxis/emergency-treatment
Os alérgenos alimentares mais comuns em adultos são amendoins, castanhas, frutos do mar e peixe. Em crianças, geralmente os responsáveis são leite, ovos, soja, trigo, amendoins e castanhas.[1]Sicherer SH, Sampson HA. 9. Food allergy. J Allergy Clin Immunol. 2006 Feb;117(2 Suppl Mini-Primer):S470-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16455349?tool=bestpractice.com
A história é fundamental para o diagnóstico de anafilaxia induzida por alimento, bem como a identificação do alimento desencadeante. A história estreita o foco da avaliação diagnóstica de uma lista de inúmeros alimentos possíveis para um de vários alimentos prováveis. Esses alimentos podem ser avaliados posteriormente por meio de teste alérgico cutâneo por puntura, de ensaio de IgE in vitro (como o sistema ImmunoCAP - fluoroimunoensaio com polímero carreador hidrofílico encapsulado) e de teste de desencadeamento alimentar.
Anafilaxia induzida por exercício dependente de alimentos
É caracterizada por sintomas típicos de anafilaxia (urticária, angioedema, aperto na garganta, sibilância, rouquidão, prurido, vômitos, diarreia, hipotensão e desconforto respiratório) após a ingestão de um alimento específico seguido por exercício.[17]Du Toit G. Food-dependent exercise-induced anaphylaxis in childhood. Pediatr Allergy Immunol. 2007 Aug;18(5):455-63.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17617816?tool=bestpractice.com
A anafilaxia a alérgenos alimentares ocorre apenas no cenário de exercício; geralmente, o alérgeno alimentar é tolerado quando ingerido na ausência de exercício, e exercício isoladamente não provoca sintomas.[18]Morita E, Kunie K, Matsou H. Food-dependent exercise-induced anaphylaxis. J Dermatol Sci. 2007 Aug;47(2):109-17.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17507204?tool=bestpractice.com
A condição é decorrente de uma reação de hipersensibilidade do tipo I. Exercício dentro de 45 minutos a 2 horas após a ingestão do alimento causador causa os sintomas de anafilaxia. O exercício pode ser leve ou extenuante. A ingestão do alimento causador concomitantemente a aspirina também pode provocar anafilaxia. Foi sugerido que o exercício e a aspirina facilitam a absorção do alérgeno alimentar no trato gastrointestinal.
Os alérgenos alimentares comuns que provocam anafilaxia induzida por exercício dependente de alimentos incluem trigo (mais comum), frutos do mar, vegetais e nozes.[17]Du Toit G. Food-dependent exercise-induced anaphylaxis in childhood. Pediatr Allergy Immunol. 2007 Aug;18(5):455-63.
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[18]Morita E, Kunie K, Matsou H. Food-dependent exercise-induced anaphylaxis. J Dermatol Sci. 2007 Aug;47(2):109-17.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17507204?tool=bestpractice.com
Enquanto outras formas de alergia alimentar geralmente exigem uma evitação dietética constante, na anafilaxia induzida por exercício dependente de alimentos a evitação pode ser limitada a 4 horas antes do exercício.
Síndrome da alergia oral
Esta é uma reação de hipersensibilidade do tipo I que resulta de imunoglobulina E (IgE) contra antígenos de pólen ou látex com uma reação cruzada com alérgenos alimentares homólogos.[19]Hofmann A, Burks AW. Pollen food syndrome: update on the allergens. Curr Allergy Asthma Rep. 2008 Sep;8(5):413-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18682109?tool=bestpractice.com
É mais comum em adultos que em crianças. O evento inicial é a sensibilização ao pólen ou látex, com o subsequente desenvolvimento de uma reatividade cruzada a alérgenos alimentares.[19]Hofmann A, Burks AW. Pollen food syndrome: update on the allergens. Curr Allergy Asthma Rep. 2008 Sep;8(5):413-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18682109?tool=bestpractice.com
A condição é considerada como uma alergia alimentar de classe 2, já que o sensibilizante é o pólen ou látex e o desencadeante dos sintomas é o alérgeno alimentar, e as reações normalmente são limitadas à boca.[20]Bock SA, Muñoz-Furlong A, Sampson HA. Fatalities due to anaphylactic reactions to foods. J Allergy Clin Immunol. 2001 Jan;107(1):191-3.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11150011?tool=bestpractice.com
Isso contrasta com as alergias alimentares de classe 1, como amendoins, clara de ovo e leite de vaca, que induzem a sensibilização alérgica via trato gastrointestinal e causam reações sistêmicas. A síndrome da alergia oral é desenvolvida em decorrência de epítopos compartilhados nas estruturas primárias e terciárias do pólen, do látex e dos alérgenos alimentares. Os sintomas são classicamente localizados à orofaringe e podem incluir prurido e angioedema dos lábios, da mucosa oral e do palato mole.[21]Egger M, Mutschlechner S, Wopfner N, et al. Pollen-food syndromes associated with weed pollinosis: an update from the molecular point of view. Allergy. 2006 Apr;61(4):461-76.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1398-9995.2006.00994.x
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16512809?tool=bestpractice.com
Embora seja raro, ela pode ocasionalmente progredir para a anafilaxia.[21]Egger M, Mutschlechner S, Wopfner N, et al. Pollen-food syndromes associated with weed pollinosis: an update from the molecular point of view. Allergy. 2006 Apr;61(4):461-76.
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Dermatite atópica
A alergia alimentar desempenha um papel patológico em um pequeno subconjunto de crianças pequenas e bebês com dermatite atópica. O mecanismo é uma reação de hipersensibilidade do tipo I e/ou uma reação tardia do tipo IV.[22]Sicherer SH, Sampson HA. Food hypersensitivity and atopic dermatitis: pathophysiology, epidemiology, diagnosis, and management. J Allergy Clin Immunol. 1999 Sep;104(3 Pt 2):S114-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10482862?tool=bestpractice.com
Aproximadamente um terço das crianças com dermatite atópica grave apresentam alergias alimentares mediadas por imunoglobulina E (IgE) que exacerbam seu eczema subjacente.[22]Sicherer SH, Sampson HA. Food hypersensitivity and atopic dermatitis: pathophysiology, epidemiology, diagnosis, and management. J Allergy Clin Immunol. 1999 Sep;104(3 Pt 2):S114-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10482862?tool=bestpractice.com
[23]Werfel T, Ballmer-Weber B, Eigenmann PA, et al. Eczematous reactions to food in atopic eczema: position paper of the EAACI and GA2LEN. Allergy. 2007 Jul;62(7):723-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17573718?tool=bestpractice.com
Para os adultos, as evidências de um efeito da alergia alimentar no eczema são menos claras.[22]Sicherer SH, Sampson HA. Food hypersensitivity and atopic dermatitis: pathophysiology, epidemiology, diagnosis, and management. J Allergy Clin Immunol. 1999 Sep;104(3 Pt 2):S114-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10482862?tool=bestpractice.com
[23]Werfel T, Ballmer-Weber B, Eigenmann PA, et al. Eczematous reactions to food in atopic eczema: position paper of the EAACI and GA2LEN. Allergy. 2007 Jul;62(7):723-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17573718?tool=bestpractice.com
As respostas de IgE e de célula T específicas do alimento em relação aos alérgenos alimentares mais comuns foram implicadas.
Esofagite eosinofílica
Esta é uma reação de hipersensibilidade do tipo I e/ou uma reação de hipersensibilidade tardia do tipo IV que resulta em um acúmulo inapropriado de eosinófilos no esôfago. A incidência aumentou de modo acentuado ao longo da última década em pacientes de todas as idades.[23]Werfel T, Ballmer-Weber B, Eigenmann PA, et al. Eczematous reactions to food in atopic eczema: position paper of the EAACI and GA2LEN. Allergy. 2007 Jul;62(7):723-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17573718?tool=bestpractice.com
A fisiopatologia parece estar relacionada tanto às respostas da célula T quanto ao anticorpo imunoglobulina E (IgE) específico do alimento; >50% dos pacientes com esofagite eosinofílica têm outras doenças alérgicas.[23]Werfel T, Ballmer-Weber B, Eigenmann PA, et al. Eczematous reactions to food in atopic eczema: position paper of the EAACI and GA2LEN. Allergy. 2007 Jul;62(7):723-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17573718?tool=bestpractice.com
[24]Fleischer DM, Atkins D. Evaluation of the patient with suspected eosinophilic gastrointestinal disease. Immunol Allergy Clin North Am. 2009 Feb;29(1):53-63.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19141341?tool=bestpractice.com
Portanto, os pacientes com esofagite eosinofílica devem realizar uma avaliação de IgE específica para alimentos.[25]Bohm M, Richter JE. Treatment of eosinophilic esophagitis: overview, current limitations, and future direction. Am J Gastroenterol. 2008 Oct;103(10):2635-44.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18721234?tool=bestpractice.com
Bebês e crianças pequenas com esofagite eosinofílica podem apresentar retardo do crescimento pôndero-estatural, vômitos ou regurgitação, enquanto crianças e adolescentes geralmente sofrem de pirose, dor abdominal ou disfagia.[24]Fleischer DM, Atkins D. Evaluation of the patient with suspected eosinophilic gastrointestinal disease. Immunol Allergy Clin North Am. 2009 Feb;29(1):53-63.
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Os pacientes adultos geralmente apresentam impactação alimentar e disfagia.[26]Liacouras CA. Eosinophilic esophagitis. Gastroenterol Clin North Am. 2008 Dec;37(4):989-98.
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Os pacientes com esses sintomas devem ser tratados inicialmente com medicamentos para refluxo gastroesofágico. Qualquer paciente com impactação alimentar, disfagia ou falha em responder à terapia antirrefluxo deve ser avaliado para esofagite eosinofílica.[27]Noffsinger AE. Update on esophagitis: controversial and underdiagnosed causes. Arch Pathol Lab Med. 2009 Jul;133(7):1087-95.
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Enterocolite/proctocolite induzida por proteína alimentar
A enterocolite induzida por proteína alimentar é uma reação de hipersensibilidade alimentar tardia grave do tipo IV, geralmente observada em bebês pequenos e geralmente em resposta ao leite ou à soja.[28]Sicherer SH. Food protein-induced enterocolitis syndrome: case presentations and management lessons. J Allergy Clin Immunol. 2005 Jan;115(1):149-56.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15637562?tool=bestpractice.com
[29]Nowak-Wegrzyn A, Sampson HA, Wood RA, et al. Food protein-induced enterocolitis syndrome caused by solid food proteins. Pediatrics. 2003 Apr;111(4 Pt 1):829-35.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12671120?tool=bestpractice.com
De forma menos comum, pode ser uma resposta a grãos, vegetais ou aves.[29]Nowak-Wegrzyn A, Sampson HA, Wood RA, et al. Food protein-induced enterocolitis syndrome caused by solid food proteins. Pediatrics. 2003 Apr;111(4 Pt 1):829-35.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12671120?tool=bestpractice.com
Geralmente, é provável que a enterocolite a alimentos sólidos envolva mais de um alimento, tipicamente grãos, podendo envolver também leite e soja.[29]Nowak-Wegrzyn A, Sampson HA, Wood RA, et al. Food protein-induced enterocolitis syndrome caused by solid food proteins. Pediatrics. 2003 Apr;111(4 Pt 1):829-35.
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[30]Leonard SA, Nowak-Wegrzyn A. Food protein-induced enterocolitis syndrome: an update on natural history and review of management. Ann Allergy Asthma Immunol. 2011 Aug;107(2):95-101.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21802016?tool=bestpractice.com
É comum que, 2 horas após a ingestão de leite ou soja, esses bebês apresentem vômitos profusos, diarreia, irritabilidade e letargia que podem evoluir para desidratação e choque.[28]Sicherer SH. Food protein-induced enterocolitis syndrome: case presentations and management lessons. J Allergy Clin Immunol. 2005 Jan;115(1):149-56.
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[29]Nowak-Wegrzyn A, Sampson HA, Wood RA, et al. Food protein-induced enterocolitis syndrome caused by solid food proteins. Pediatrics. 2003 Apr;111(4 Pt 1):829-35.
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Exposições repetidas ao agente alimentar desencadeante provocam respostas similares, e a exposição contínua pode resultar em diarreia hemorrágica e retardo do crescimento pôndero-estatural.[16]Nowak-Wegrzyn A, Sampson H. Adverse reactions to foods. Med Clin North Am. 2006 Jan;90(1):97-127.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16310526?tool=bestpractice.com
O diagnóstico é baseado principalmente na história, já que as evidências de imunoglobulina E (IgE) específica do alimento geralmente são negativas.[30]Leonard SA, Nowak-Wegrzyn A. Food protein-induced enterocolitis syndrome: an update on natural history and review of management. Ann Allergy Asthma Immunol. 2011 Aug;107(2):95-101.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21802016?tool=bestpractice.com
Na proctocolite induzida por proteína alimentar, bebês saudáveis com crescimento normal geralmente apresentam evacuação diarreica intermitente com estrias de sangue.[1]Sicherer SH, Sampson HA. 9. Food allergy. J Allergy Clin Immunol. 2006 Feb;117(2 Suppl Mini-Primer):S470-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16455349?tool=bestpractice.com
A proctocolite induzida por proteína alimentar geralmente é causada por respostas imunes ao leite de vaca ou a fórmulas com base em soja em bebês com idade entre 1 e 4 meses.[31]Sampson HA. 9. Food allergy. J Allergy Clin Immunol. 2003 Feb;111(2 Suppl):S540-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12592300?tool=bestpractice.com
No entanto, 50% dos bebês com proctocolite são amamentados e podem estar respondendo a um antígeno alimentar na dieta da mãe.[16]Nowak-Wegrzyn A, Sampson H. Adverse reactions to foods. Med Clin North Am. 2006 Jan;90(1):97-127.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16310526?tool=bestpractice.com
O diagnóstico é baseado na história. Os sintomas remitem quando o alimento desencadeante é removido da dieta do bebê, ou da dieta materna se a mãe estiver amamentando.[32]Brill H. Approach to milk protein allergy in infants. Can Fam Physician. 2008 Sep;54(9):1258-64.
http://www.cfp.ca/content/54/9/1258.long
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Doença celíaca
Uma doença de inflamação crônica no intestino delgado que ocorre em decorrência da hipersensibilidade a proteínas do glúten dos cereais presente no trigo, no centeio e na cevada.[33]Iversen R, Sollid LM. The immunobiology and pathogenesis of celiac disease. Annu Rev Pathol. 2023 Jan 24;18:47-70.
https://www.annualreviews.org/doi/full/10.1146/annurev-pathmechdis-031521-032634
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36067801?tool=bestpractice.com
[34]James SP. 19. Immunologic, gastroenterologic, and hepatobiliary disorders. J Allergy Clin Immunol. 2003 Feb;111(2 Suppl):S645-58.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12592310?tool=bestpractice.com
Na Europa e nos EUA, a frequência média da doença celíaca na população em geral é de aproximadamente 1%.[35]Catassi C, Gatti S, Lionetti E. World perspective and celiac disease epidemiology. Dig Dis. 2015;33(2):141-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25925915?tool=bestpractice.com
A doença celíaca pode se manifestar em qualquer idade. Cerca de 95% dos pacientes são positivos para HLA-DQ2; a doença celíaca também está associada com o HLA-DQ8.[36]Sciurti M, Fornaroli F, Gaiani F, et al. Genetic susceptibilty and celiac disease: what role do HLA haplotypes play? Acta Biomed. 2018 Dec 17;89(9-s):17-21.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6502200
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A inflamação crônica da mucosa causa atrofia vilosa. Apesar de anticorpos contra os autoantígenos estarem presente em alguns pacientes celíacos, nem todos têm autoanticorpos.[34]James SP. 19. Immunologic, gastroenterologic, and hepatobiliary disorders. J Allergy Clin Immunol. 2003 Feb;111(2 Suppl):S645-58.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12592310?tool=bestpractice.com
No entanto, a doença celíaca pode estar associada a doenças autoimunes como diabetes do tipo I e tireoidite autoimune.[33]Iversen R, Sollid LM. The immunobiology and pathogenesis of celiac disease. Annu Rev Pathol. 2023 Jan 24;18:47-70.
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[34]James SP. 19. Immunologic, gastroenterologic, and hepatobiliary disorders. J Allergy Clin Immunol. 2003 Feb;111(2 Suppl):S645-58.
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[37]Starchl C, Scherkl M, Amrein K. Celiac disease and the thyroid: highlighting the roles of vitamin D and iron. Nutrients. 2021 May 21;13(6).
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Intolerância à lactose
A intolerância à lactose é uma condição bastante comum que resulta de uma deficiência na enzima lactase.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16951027?tool=bestpractice.com
[13]Lomer MC, Parkes GC, Sanderson JD. Review article: lactose intolerance in clinical practice - myths and realities. Aliment Pharmacol Ther. 2008 Jan 15;27(2):93-103.
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A lactose é o carboidrato primário no leite dos mamíferos e é um dissacarídeo que requer a degradação, realizada pela lactase, em glicose e galactose para que a absorção ocorra.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
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[13]Lomer MC, Parkes GC, Sanderson JD. Review article: lactose intolerance in clinical practice - myths and realities. Aliment Pharmacol Ther. 2008 Jan 15;27(2):93-103.
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Quando há deficiência da enzima lactase, a lactose passa pelo intestino delgado e chega até o cólon sem digestão. A lactose não digerida produz uma carga osmótica que atrai fluidos para o cólon, causando evacuação diarreica.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
https://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/1279.full
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Além disso, as bactérias do cólon podem metabolizar a lactose em ácidos graxos voláteis e gases, causando assim dor abdominal, distensão abdominal e flatulência.[13]Lomer MC, Parkes GC, Sanderson JD. Review article: lactose intolerance in clinical practice - myths and realities. Aliment Pharmacol Ther. 2008 Jan 15;27(2):93-103.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17956597?tool=bestpractice.com
Bebês com deficiência congênita de lactase são extremamente raros. Esses bebês desenvolvem diarreia em resposta à ingestão de fórmula desde o nascimento. A forma mais comum de intolerância à lactose resulta da perda da lactase com a idade.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
https://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/1279.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16951027?tool=bestpractice.com
[13]Lomer MC, Parkes GC, Sanderson JD. Review article: lactose intolerance in clinical practice - myths and realities. Aliment Pharmacol Ther. 2008 Jan 15;27(2):93-103.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17956597?tool=bestpractice.com
Deficiência de sacarase-isomaltase congênita
A deficiência de sacarase-isomaltase é uma doença autossômica dominante que resulta de deficiências congênitas nas enzimas sacarase e isomaltase, as quais são responsáveis pela digestão da sacarose.[38]Baudon JJ, Veinberg F, Thioulouse E, et al. Sucrase-isomaltase deficiency: changing pattern over two decades. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1996 Apr;22(3):284-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8708882?tool=bestpractice.com
Devido ao fato de a sacarose não ser degradada no intestino delgado, ela chega ao cólon sem estar digerida. No cólon, ela provoca uma carga osmótica e influxo de fluidos, o que resulta em diarreia e, possivelmente, em retardo do crescimento pôndero-estatural.[38]Baudon JJ, Veinberg F, Thioulouse E, et al. Sucrase-isomaltase deficiency: changing pattern over two decades. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1996 Apr;22(3):284-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8708882?tool=bestpractice.com
Reações à tiramina
A tiramina é uma amina biogênica, cuja ação libera noradrenalina dos terminais nervosos simpáticos. A tiramina é degradada pela monoaminoxidase.[39]Sun-Edelstein C, Mauskop A. Foods and supplements in the management of migraine headaches. Clin J Pain. 2009 Jun;25(5):446-52.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19454881?tool=bestpractice.com
Foi proposto que ela desencadeia cefaleias por meio da liberação de noradrenalina, a qual pode então agir nos receptores alfa-adrenérgicos.[39]Sun-Edelstein C, Mauskop A. Foods and supplements in the management of migraine headaches. Clin J Pain. 2009 Jun;25(5):446-52.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19454881?tool=bestpractice.com
Esse mecanismo de ação proposto foi derivado da observação de que os pacientes que tomam inibidores da monoaminoxidase desenvolvem cefaleias quando ingerem queijos envelhecidos, que têm um alto conteúdo de tiramina.[39]Sun-Edelstein C, Mauskop A. Foods and supplements in the management of migraine headaches. Clin J Pain. 2009 Jun;25(5):446-52.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19454881?tool=bestpractice.com
No entanto, estudos mais rigorosos que envolveram testes de desencadeamento com tiramina em pacientes com enxaqueca induzida por alimento não conseguiram encontrar uma associação entre a ingestão de tiramina e o desenvolvimento de enxaquecas.[8]Jansen SC, van Dusseldorp M, Bottema KC, et al. Intolerance to dietary biogenic amines: a review. Ann Allergy Asthma Immunol. 2003 Sep;91(3):233-40.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14533654?tool=bestpractice.com
Reações ao glutamato monossódico (GMS)
O glutamato monossódico (GMS) é um realçador de sabor que é adicionado a muitos alimentos, além de ser encontrado também naturalmente nos alimentos.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
https://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/1279.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16951027?tool=bestpractice.com
Relatos de sensibilidade ao GMS já existem há muitos anos.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
https://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/1279.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16951027?tool=bestpractice.com
[40]Stevenson DD. Monosodium glutamate and asthma. J Nutr. 2000 Apr;130(4S Suppl):1067S-73S.
https://academic.oup.com/jn/article/130/4/1067S/4686674
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10736384?tool=bestpractice.com
No entanto, vários ensaios clínicos controlados em pacientes com sensibilidade autorrelatada ao GMS não conseguiram confirmar nenhuma reação ao GMS.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
https://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/1279.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16951027?tool=bestpractice.com
[40]Stevenson DD. Monosodium glutamate and asthma. J Nutr. 2000 Apr;130(4S Suppl):1067S-73S.
https://academic.oup.com/jn/article/130/4/1067S/4686674
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10736384?tool=bestpractice.com
Portanto, as reações ao GMS podem não ser uma sensibilidade alimentar verdadeira.
Sensibilidade a sulfitos
Os sulfitos são adicionados aos alimentos para prevenir o escurecimento, controlar o crescimento microbiano e modificar texturas.[41]Taylor SL, Bush RK, Selner JC, et al. Sensitivity to sulfited foods among sulfite-sensitive subjects with asthma. J Allergy Clin Immunol. 1988 Jun;81(6):1159-67.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3379229?tool=bestpractice.com
A sensibilidade a sulfitos é um problema em alguns pacientes asmáticos, particularmente naqueles que são dependentes de corticosteroides.[10]Simon RA. Update on sulfite sensitivity. Allergy. 1998;53(46 Suppl):78-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9826006?tool=bestpractice.com
[41]Taylor SL, Bush RK, Selner JC, et al. Sensitivity to sulfited foods among sulfite-sensitive subjects with asthma. J Allergy Clin Immunol. 1988 Jun;81(6):1159-67.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3379229?tool=bestpractice.com
Três potenciais mecanismos de ação para explicar a sensibilidade a sulfitos foram descritos: broncoespasmo secundário a inalação; reações aos sulfitos mediadas por imunoglobulina E (IgE); e alguns pacientes apresentaram menor atividade da sulfito oxidase em seus fibroblastos.[10]Simon RA. Update on sulfite sensitivity. Allergy. 1998;53(46 Suppl):78-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9826006?tool=bestpractice.com