Etiologia
O distúrbio de insônia crônico geralmente apresenta dificuldades percebidas em iniciar ou manter o sono que requerem intervenções dos pais ou de outros cuidadores para superá-las.
Elas podem incluir dificuldades de início do sono que normalmente se desenvolvem quando a criança passa a associar o adormecimento a um estímulo específico (como ser segurada, acariciada, amamentada ou ninada) pelos cuidadores, tornando-se incapaz de acalmar a si mesma para dormir.
Os comportamentos de falta de limites normalmente envolvem uma criança testando os limites do que os seus pais consideram um comportamento aceitável. A criança pode ultrapassar os limites impostos pelos pais de forma que, subsequentemente, se torna difícil sustentá-los e/ou voltar atrás. A falta de consistência nos estilos parentais entre os pais pode enviar mensagens confusas para a criança e criar um ambiente de sono desestruturado, fazendo com que a criança não entenda quais são os limites e os desconsidere. A criança costuma usar táticas de adiamento e procrastinação para tentar postergar a ida para a cama, como pedir outro beijo de boa noite ou outro copo d'água, ou ela se recusa a ficar na cama e/ou migra para a cama dos pais durante a noite.[5][9]
A síndrome do atraso da fase do sono (SAFS) pode ser desencadeada em parte por mudanças estruturais no cérebro, conhecidas como poda sináptica, que ocorrem durante a adolescência. Em geral, os adolescentes tendem a ter um atraso na fase do sono.[5] Sem estímulos externos para regular seu relógio circadiano interno, os adolescentes tendem a atrasar a fase de sono e adotam um ritmo circadiano >24 horas.[41] A SFAS é muitas vezes causada por uma combinação de má higiene do sono e pressões externas como trabalhos escolares, distrações no quarto, uso de mídias eletrônicas, atividades sociais e esportes.[42] Todos esses fatores atrasam o início do sono. O sono insuficiente durante a semana costuma estar associado a uma tendência de dormir até tarde nos fins de semana para compensar o sono atrasado, o que, por sua vez, atrasa a fase circadiana. A síndrome também pode originar-se de uma sensibilidade aumentada à exposição à luz no fim do dia e, em alguns casos, de diferenças genéticas nos genes do relógio biológico.[43][44][5]
A apneia obstrutiva do sono (AOS) ocorre quando as vias aéreas superiores entram em colapso durante a inspiração enquanto a criança dorme. Trata-se de uma doença multifatorial. Os fatores contribuintes incluem:[45][46][47][48][49][50][51][52][53][54][55]
Interação das dimensões craniofaciais: hipoplasia maxilar, retrognatia, micrognatia e síndromes congênitas associadas à craniossinostose, reduzem a abertura da via aérea superior e diminuem seu calibre.
Tecidos moles aumentados (primariamente, as adenoides e amígdalas)
Macroglossia
Inflamação dos tecidos moles, como ocorre no refluxo gastroesofágico, rinite alérgica e exposição a irritantes como fumaça de tabaco no ambiente
Deposição de gordura no pescoço, como ocorre na obesidade
Baixo tônus muscular basal
Alterações no tônus muscular induzidas por álcool e certos medicamentos, bem como certas doenças genéticas. Por exemplo, a síndrome de Down é particularmente associada ao desenvolvimento de AOS.[22]
Fisiopatologia
A inspiração é desencadeada por um sinal enviado dos centros respiratórios no tronco encefálico aos músculos da respiração, resultando no ar sendo sugado para dentro através das vias aéreas superiores e inferiores. Durante o sono, há uma redução no tônus muscular, e o calibre da via aérea superior diminui. Na apneia obstrutiva do sono (AOS), isso pode causar uma redução do fluxo aéreo, às vezes a ponto de este parar completamente. Dependendo do grau de limitação do fluxo, sua duração e consequências associadas, os eventos podem ser classificados como ronco primário, despertar relacionado ao esforço respiratório, hipopneias ou apneias.[56] Com base no grau de obstrução presente, pode-se fazer um diagnóstico de ronco primário; síndrome da resistência das vias aéreas superiores; hipoventilação obstrutiva crônica; e AOS leve, moderada ou grave.
Classificação
Classificação internacional dos distúrbios do sono (3a edição; ICSD-3-TR)[5]
Esse é o principal manual de classificação de distúrbios do sono, publicado pela American Academy of Sleep Medicine, incluindo taxonomia, critérios diagnósticos e diagnósticos diferenciais, com ligação aos códigos da CID-10-MC e da CID-11.[5] Ele subdivide os vários distúrbios do sono nas seguintes categorias: insônia, distúrbios respiratórios relacionados ao sono, distúrbios centrais de hipersonolência, transtornos do ritmo circadiano, parassonias, distúrbios do movimento relacionados ao sono, sintomas isolados, variantes do normal e outros distúrbios do sono. Os distúrbios relevantes para este tópico incluem o distúrbio da insônia crônica (anteriormente insônia comportamental da infância), a apneia obstrutiva do sono, a narcolepsia, a síndrome do atraso da fase do sono e a higiene do sono inadequada.
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