História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

presença de fatores de risco

Fatores de risco importantes incluem idade avançada; parto, estresse ou trauma recente; afecções clínicas coexistentes (diabetes, câncer, AVC, infarto agudo do miocárdio e obesidade); história pessoal ou familiar de depressão; certos medicamentos (por exemplo, corticosteroides) e sexo feminino.

humor depressivo

Critério principal para o diagnóstico: humor depressivo ou perda de interesse, na maior parte do dia, quase todos os dias, por um período de 2 semanas, juntamente com outros 4 sintomas de depressão.[1]

anedonia

Critério principal para o diagnóstico: interesse ou prazer diminuídos em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias, por um período de 2 semanas, juntamente com 4 outros sintomas de depressão.[1]

comprometimento funcional

Os sintomas causam comprometimento em, por exemplo, funções sociais ou ocupacionais.[1]

Outros fatores diagnósticos

comuns

alterações de peso

Perda de peso significativa quando não está em dieta, ganho de peso ou diminuição ou aumento de apetite quase todos os dias.[1] Uma alteração >5% do peso corporal em 1 mês é considerada significativa.[1]

alterações na libido

Pode mostrar libido reduzida.

perturbação do sono

Insônia ou hipersonia persistente.[1]

alterações no movimento

Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias.[1] As mudanças no movimento devem ser observáveis por outros, em vez de sentimentos subjetivos de inquietação ou desaceleração.[1]

baixa energia

Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.[1]

culpa excessiva

Sentimentos de falta de valor próprio ou culpa excessiva ou inadequada quase todos os dias.[1]

baixa concentração

Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias.[1]

ideação suicida

Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem um plano específico, plano de suicídio específico ou tentativa de suicídio.[1]

sintomas somáticos

Os sintomas somáticos (por exemplo, cefaleias, dores generalizadas, palpitações, tremores, visão turva), embora não sejam descritos de forma abrangente nos critérios diagnósticos estabelecidos, são sintomas comumente relatados de depressão, particularmente em certas populações geográficas, por exemplo, pessoas da África, Ásia, América Central e do Sul e das ilhas do Pacífico, mas podem ocorrer nas pessoas com depressão independentemente da localidade ou da cultura.[8][9]

transtorno bipolar excluído

De acordo com o DSM-5-TR, não deve haver evidência de mania ou hipomania.[1]

estão excluídos abuso de substâncias/efeitos colaterais de medicamentos

De acordo com o DSM-5-TR, não se deve fazer diagnóstico de transtorno depressivo maior se os sintomas forem principalmente atribuídos a efeitos farmacológicos ou efeitos colaterais de medicamentos prescritos ou abuso de substâncias.[1]

afecção clínica excluída

De acordo com o DSM-5-TR, não se deve fazer o diagnóstico de transtorno depressivo maior se for possível atribuir os sintomas primariamente a uma afecção clínica somática.[1]

Incomuns

esquizofrenia excluída

De acordo com o DSM-5-TR, a psicose crônica descarta o diagnóstico de transtorno depressivo maior se for possível atribuir os sintomas primariamente à doença psicótica crônica.[1]

Fatores de risco

Fortes

estado pós-parto

Aproximadamente 19% das mulheres pós-parto têm um episódio depressivo maior durante os primeiros 3 meses depois do parto.[83] Mulheres com um transtorno psiquiátrico prévio, apoio social insatisfatório e gestação não planejada estão em risco mais alto.[12] Os programas para os pais podem melhorar a saúde psicossocial das mães em curto prazo.[84]​Consulte Depressão pós-parto.

história pessoal ou familiar de transtorno depressivo ou suicídio

A história familiar de depressão é associada a um risco duas vezes mais elevado, mais comprometimento funcional, episódios mais longos, recorrência mais frequente e pensamentos persistentes de morte e suicídio.[85] A taxa de suicídio é duas vezes mais alta nas famílias de vítimas de suicídio.[86]

história de um transtorno de ansiedade ou sintomas de ansiedade

Os transtornos de ansiedade e depressivos são extremamente comórbidos; de acordo com uma pesquisa mundial, 45.7% das pessoas com transtorno depressivo maior tinha história de um ou mais transtornos de ansiedade. A comorbidades com um transtorno de ansiedade durante os episódios depressivos também foi comum, ocorrendo em 41.6% das pessoas com depressão.[87]​ De acordo com o estudo Sequenced Treatment Alternatives to Relieve Depression (STAR*D), 53% dos pacientes com depressão maior também apresentaram sintomas significativos de ansiedade (geralmente denominada “depressão ansiosa”).[88]

experiências adversas na infância

Adversidades ou maus-tratos durante períodos importantes nos primeiros anos de vida mostraram aumentar substancialmente o risco de desenvolvimento posterior de depressão e estão também associados a uma evolução menos favorável da doença, inclusive com aumento do risco de depressão recorrente; no entanto, alguns estudos sugerem que o tratamento com antidepressivos pode ser útil nesta população.[58][59]​​[89] O risco não é somente psicológico: tem-se postulado que a exposição a eventos adversos nos primeiros ano de vida pode causar modificações epigenéticas que afetam a expressão gênica, o que pode predispor à depressão.[57]​ A adversidade na infância está também associada ao aumento do risco de depressão em pessoas que têm alelos particulares do gene polimórfico FKBP5, o qual codifica uma proteína envolvida nas vias de sinalização de glicocorticoides.[56]

demência

Nos idosos com demência, a prevalência de depressão comórbida parece ser de 16%, embora possa chegar a 35%, dependendo dos critérios diagnósticos usados; a demência, em algumas medições, pode quase dobrar o risco de depressão nos idosos.[41]​ A depressão pode ser uma característica prodrômica da demência ou uma resposta psicológica a uma doença degenerativa com perda associada da funcionalidade e da autonomia.[90]​ Por outro lado, a depressão pode também ser um fator de risco para demência.[91]

uso de corticosteroide

A depressão é um efeito adverso documentado.[92]

uso de interferonas

A depressão é um efeito adverso documentado e é tratável.[93]

uso de contraceptivo oral

Um grande estudo de base populacional constatou um risco elevado ligeiro, mas estatisticamente significativo, de depressão em usuários de anticoncepcionais orais.[94]​ O risco parece variar de acordo com a idade e o conteúdo hormonal do contraceptivo oral específico.[95]

Quadros clínicos coexistentes

Os pacientes hospitalizados por problemas clínicos ou cirúrgicos e aqueles com várias afecções clínicas crônicas, incluindo diabetes, câncer, AVC, doença arterial coronariana, HIV, dor crônica, síndrome do ovário policístico e obesidade têm taxas significativamente mais altas de depressão que as pessoas sem comorbidades.[13][14][15][16][96][97][98][99][100][101] Pode haver um risco particularmente elevado de depressão na doença crônica nos pacientes com doenças caracterizadas por inflamação e dor.[102] A relação entre afecções clínicas crônicas e depressão é bidirecional. Os pacientes deprimidos são mais propensos a desenvolverem afecções clínicas crônicas.[43][44] Adultos que passaram por afecções clínicas crônicas na infância têm taxas mais altas de depressão.[103]

sexo feminino

A incidência de depressão em mulheres é o dobro da incidência em homens.[27][33]

Fracos

uso comórbido de substâncias

O uso de substâncias intoxicantes (álcool, maconha [cannabis] e outras drogas recreativas), muitas vezes em grau excessivo ou habitual, é comum em pessoas com depressão.[38][104][105].​​ Os homens com depressão têm duas vezes mais probabilidade que as mulheres de terem um transtorno por uso de substâncias comórbido.[38] Não há evidências de que os canabinoides de uso clínico sejam eficazes para o tratamento da depressão.[106]

transtornos de personalidade

Alguns transtornos de personalidade ocorrem com mais frequência concomitantemente à depressão, inclusive o transtorno de personalidade limítrofe (borderline) e transtornos de personalidade do Grupo C.[107][108][109] A depressão combinada com um transtorno de personalidade pode ter um desfecho pior que a depressão isolada; no entanto, os dados são mistos.[110]

história de vitimização violenta

O fato de ter sido vítima ou testemunha de violência, como abuso físico ou sexual, inclusive violência entre parceiros íntimos, é um fator de risco para um desenvolvimento subsequente de depressão.[26][111]

obesidade

Novos métodos de análise de dados aplicados a vários bancos de dados muito grandes respaldaram a hipótese de que a massa de gordura corporal está associada à, e é provavelmente um fator causal para, depressão.[112] Um estudo de base populacional realizado na Europa relatou uma prevalência significativamente maior de depressão em pessoas com IMC >30 kg/m² em comparação com pessoas com IMC >18.5 kg/m² e <30 kg/m².[27]

idade avançada (≥65 anos)

As taxas de depressão aumentam na idade avançada, particularmente entre idosos que estão hospitalizados ou moram em instituições de cuidados assistidos.[31]​ A prevalência global em idosos foi estimada em 13.3%.[30]​ Outra revisão sistemática que analisou as taxas de depressão em idosos em todo o mundo estimou a prevalência combinada de depressão em 31.74%, sendo observadas taxas mais altas de depressão nosa países em desenvolvimento (40.78%), em comparação com países desenvolvidos (17.05%).[31]

estado civil separado/divorciado

Associado a um maior risco de desenvolvimento de transtorno depressivo maior, de acordo com uma revisão sistemática.[26]

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