Abordagem

Os profissionais devem reconhecer suas limitações e, quando necessário, buscar aconselhamento adicional ou encaminhar o paciente a um oftalmologista.[11]​ O diagnóstico de defeitos epiteliais corneanos geralmente é baseado na história e nos achados do exame clínico. Investigações adicionais raramente são necessárias.

Consulte Trauma ocular (Abordagem diagnóstica)

História

Os pacientes normalmente apresentam uma nova abrasão da córnea ou uma erosão recorrente da córnea.

Novas abrasões da córnea

O início geralmente é súbito. Os sintomas típicos incluem sensação de corpo estranho (mesmo que nenhum esteja presente), fotofobia, lacrimejamento excessivo, blefaroespasmo e visão embaçada. Geralmente existe história de trauma, como um objeto que atinja o olho, a entrada de corpo estranho que fica preso sob a pálpebra ou a remoção difícil de lentes de contato.

Considerações específicas incluem:

  • Exposição a partículas de poeira e vidro transportadas pelo ar (por exemplo, em ocupações que envolvem trituração e corte); a falta de óculos de proteção aumenta o risco de abrasão.[7][9]

  • As crianças podem não ser capazes de recordar ou vocalizar uma história, mas a abrasão da córnea deve ser considerada uma possibilidade em bebês inconsoláveis (por exemplo, pode ocorrer inconscientemente à noite se o olho for coçado durante o sono).

  • Lentes de contato mal ajustadas, utilizadas em demasia ou inadequadamente limpas podem aumentar o risco de abrasão da córnea (se o olho ou a lente ficarem secos podem aderir a parte do epitélio corneano subjacente, que é então removido com a lente de contato, causando um defeito).

Erosões recorrentes da córnea

Pacientes com erosões recorrentes ou espontâneas geralmente apresentam história de trauma distante.[5] A lesão pode ter ocorrido dias, semanas ou meses antes, deixando um defeito estrutural subjacente no epitélio que os coloca em risco de erosões recorrentes. Os pacientes geralmente relatam o início dos sintomas imediatamente após a abertura das pálpebras (por exemplo, ao acordar após dormir); os sintomas podem ocorrer todos os dias ou em intervalos regulares semanais ou mensais.[5] Juntamente com as causas traumáticas típicas de abrasão da córnea, indague sobre uma história de degeneração da membrana basal epitelial ou de distrofias da córnea.[4][5]

Exame oftalmológico

O olho deve ser cuidadosamente examinado, usando-se um anestésico tópico, se necessário, para aliviar qualquer desconforto.​[12][13][14]​​​​​​​ Uma gota no olho pode causar alívio rápido da dor que dura cerca de 10 a 20 minutos. No entanto, doses repetidas devem ser evitadas devido ao potencial para toxicidade e retardo na cicatrização do epitélio corneano.[13][15][16]

O olho se apresenta tipicamente injetado com rubor ciliar (um anel vermelho ou violeta em torno da córnea) e com lacrimejamento, mas sem pus. A opacidade corneana deve levantar suspeita de infecção potencial.

Os reflexos pupilares devem ser verificados com uso de uma lanterna clínica. O exame do reflexo vermelho iluminará quaisquer defeitos da córnea, que parecerão mover-se na direção oposta ao movimento da cabeça do examinador. Um exame fundoscópico pode ser tentado, mas muitas vezes é difícil devido à presença de uma pupila miótica e de fotofobia. A eversão da pálpebra pode revelar um corpo estranho, mas este já pode ter sido expelido. Quaisquer corpos estranhos obviamente soltos podem ser removidos com um aplicador com ponta de algodão ou por irrigação; caso contrário, isto só deverá ser tentado por um profissional que tenha sido formalmente treinado na remoção de corpos estranhos.​[14]

Corpos estranhos contendo ferro ou metal podem deixar um anel de ferrugem, que deve ser documentado e receber acompanhamento oftalmológico em 1 a 2 dias para remoção. Defeitos corneanos por causa de lentes de contato muitas vezes são redondos e localizados centralmente e algumas vezes podem afetar a superfície inteira da córnea.

Uma consulta oftalmológica no mesmo dia é necessária se houver uma lesão penetrante óbvia, extrusão de humor aquoso, pupila irregular, pus (hipópio) ou sangue (hifema) na câmara anterior.[11] A pressão sobre o globo deve ser evitada se houver suspeita de lesão penetrante.​

Consulte Trauma ocular (abordagem diagnóstica).

Investigações

A acuidade visual deve ser testada e documentada porque defeitos no eixo visual acompanhados de edema corneano podem causar alterações na visão e na acuidade.

O exame com lâmpada de fenda revelará defeitos corneanos óbvios ou corpos estranhos (por exemplo, erosões epiteliais pontilhadas ou abrasões da córnea verticais lineares). Inclua a eversão palpebral com exame cuidadoso da conjuntiva tarsal e gonioscopia para verificar a íris e o ângulo. O exame com fluoresceína pode ser realizado colocando uma faixa de aplicador, umedecida com soro fisiológico ou anestésico tópico, no fundo de saco inferior. Ao piscar, a fluoresceína é distribuída pelo epitélio corneano e tinge qualquer membrana basal exposta. Um filtro azul cobalto identificará o defeito da córnea. A fluoresceína que muda de cor ou parece escoar (teste de Seidel positivo) deve levantar suspeita de lesão penetrante do globo. A suspeita de lesão penetrante no globo ou possível corpo estranho intraocular com história de trauma significativo sugere a necessidade de tomografia computadorizada.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Abrasão da córnea observada com coloração de fluoresceínaCortesia do Dr. Jonathan Smith, Royal Victoria Infirmary, Newcastle upon Tyne, Reino Unido; Dr. Philip Severn, Sunderland Eye Infirmary, Tyne and Wear, Reino Unido; e Dra. Lucy Clarke, Royal Victoria Infirmary, Newcastle upon Tyne, Reino Unido [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@226ef648

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