Etiologia
Mutações no gene de proteína microssomal de transferência de triglicerídeos (MTTP) localizado no cromossomo 4 causam abetalipoproteinemia e resultam em níveis plasmáticos baixos ou inexistentes de apolipoproteína B e colesterol LDL.[1][3][6][7][9][10][11][12] Como o distúrbio é recessivo, ambas as cópias do gene devem ser defeituosas para que a doença se manifeste clinicamente. Mutações genéticas do gene da apolipoproteína B são observadas na hipobetalipoproteinemia homozigótica, mas não na abetalipoproteinemia.[3]
Fisiopatologia
Após a ingestão, os lipídios são processados para absorção pelas células intestinais no sangue, por meio de um processo que requer uma proteína chaperona (proteína microssomal de transferência de triglicerídeos [MTTP]) e uma proteína aceptora (apolipoproteína B [apo B]).[13] A MTTP transfere lipídios para a apo B nos enterócitos e hepatócitos e promove a montagem de lipoproteínas que transportam triglicerídeo, ésteres de colesterol e vitaminas lipossolúveis. Na abetalipoproteinemia, o gene que codifica a MTTP é anormal e a MTTP está ausente ou não funcional. Como resultado, a montagem de lipoproteína e a secreção do intestino são comprometidas, resultando em má absorção da gordura.[14] Uma vez que as células epiteliais do intestino são incapazes de liberar gordura para complexos de transferência, os lipídios se acumulam no lúmen intestinal, causando má absorção. Além disso, os lipídios podem se acumular nas células hepáticas (esteatose hepática). A secreção deficiente de lipoproteína do fígado resulta em esteatose, que pode evoluir para cirrose.[15][16][17][18]
As vitaminas lipossolúveis encontradas nos alimentos digeridos e os suplementos vitamínicos não podem ser absorvidos, em virtude do mesmo processo defeituoso de transferência de gordura. Consequentemente, deficiências vitamínicas e calóricas causam ganho de peso insuficiente e deficit no crescimento.[1] A deficiência de vitamina E é particularmente preocupante pela consequência da desmielinização do sistema nervoso periférico e das colunas posteriores da medula espinhal. Como resultado, ocorrem anormalidades neurológicas, musculares e oculares.[2][3][19]
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