Considerações de urgência
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Qualquer perda auditiva súbita que ocorra em <72 horas exige investigação imediata e, se a perda auditiva for >30 dB em ≥3 frequências, será necessário encaminhamento urgente ao otorrinolaringologista. Os testes do diapasão à beira do leito devem ser realizados para se estabelecer se a perda auditiva é condutiva ou neurossensorial. O teste audiológico formal e a ressonância nuclear magnética geralmente são necessários para distinguir as possíveis causas da perda auditiva súbita e devem ser realizados dentro de 14 dias do início dos sintomas.[2]
O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido recomenda que qualquer adulto com perda auditiva em uma ou ambas as orelhas, de início súbito ou com rápido agravamento, não explicada por causas nas orelhas externa ou média, seja encaminhado a um especialista.[55] O NICE também faz recomendações sobre o prazo para o encaminhamento com base na história de apresentação.[55]
Otite externa necrosante
Geralmente ocorre em pacientes com diabetes e pode ser fatal se não tratada de maneira agressiva. O meato acústico externo pode mostrar edema e tecido de granulação na junção cartilaginosa óssea. A perda auditiva é geralmente condutiva em razão de edema do fluido do meato acústico externo ou fluido na orelha média, mas também pode ser neurossensorial. A característica marcante é dor, a qual pode acordar o paciente durante o sono. Os pacientes com doença avançada podem apresentar paralisia de nervos cranianos inferiores. Indica-se encaminhamento urgente a um otorrinolaringologista. O tratamento inclui biópsia para descartar neoplasia maligna, como carcinoma de células escamosas, assim como estudos por imagem para avaliar o grau de envolvimento do tecido ósseo e dos tecidos moles.[56]
Perda auditiva neurossensorial súbita
A perda auditiva neurossensorial súbita é uma sensação subjetiva de comprometimento auditivo de início rápido em uma ou nas duas orelhas.[2] Com frequência, os pacientes apresentam sintomas de zumbido e/ou vertigem. No teste de Weber, o paciente ouve mais alto o diapasão na orelha contralateral. Indica-se encaminhamento imediato a um otorrinolaringologista, uma vez que a corticoterapia oral e, às vezes, a corticoterapia intratimpânica podem desempenhar um papel na prevenção da perda auditiva permanente nessas condições.[2]
Paralisia do nervo facial
O nervo facial tem origem na ponte e passa pelo meato acústico no osso petroso temporal, em proximidade estreita com a orelha interna. Fraturas ósseas temporais, mastoidite, colesteatoma, otite externa maligna, neuroma acústico e AVC podem causar paralisia do nervo facial.[57][58][59] Os pacientes com fraqueza facial de início recente devem ser encaminhados imediatamente a um otorrinolaringologista.[60]
Quando as pálpebras não se fecham adequadamente, a lubrificação do filme lacrimal e o reflexo de piscar tornam-se ineficazes. Além disso, a disfunção parassimpática da glândula lacrimal pode resultar em redução da produção de lágrimas. Consequentemente, os pacientes podem desenvolver ceratoconjuntivite seca (olho seco) e ceratopatia de exposição, o que pode levar a uma ceratite ulcerativa e à cegueira. Tais complicações podem ser prevenidas com o uso de uma viseira transparente durante o dia, lágrimas artificiais conforme a necessidade quando acordado e uma pomada oftálmica lubrificante junto com tamponamento das pálpebras fechadas ao se deitar. As indicações para consulta oftalmológica incluem: único olho funcional afetado, suspeita de ceratite de exposição e redução ou ausência da sensibilidade corneana.
Fratura da base do crânio
Muitas vezes, as fraturas da base do crânio têm características clínicas específicas. O acúmulo de sangue dessas fraturas pode resultar na equimose sobre a área da mastoide (por exemplo, sinal de Battle), equimose periorbital (olhos de guaxinim) particularmente se for unilateral; e otorreia sanguinolenta. O vazamento de líquido cefalorraquidiano (LCR) pode resultar em otorreia ou rinorreia liquóricas. O sinal de Battle e a otorreia são mais frequentemente associados a fraturas da porção pétrea do osso temporal.[61] O trauma do osso temporal pode ser acompanhado de perfuração da membrana timpânica, mas a perda auditiva também pode ocorrer em razão da descontinuidade da cadeia ossicular.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Sinal de BattleReproduzido com permissão de van Dijk GW. The bare essentials: head injury. Pract Neurol. 2011 Feb;11(1):50-5. [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: HemotímpanoReproduzido com permissão de van Dijk GW. The bare essentials: head injury. Pract Neurol. 2011 Feb;11(1):50-5. [Citation ends].
A TC sem contraste é a modalidade de imagem de primeira escolha, sendo superior à ressonância nuclear magnética (RNM) para a detecção de fraturas cranianas em pacientes pediátricos e adultos.[62] Os pacientes que apresentem fratura da base do crânio devem ser encaminhados com urgência a um neurocirurgião.[63]
Acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico
Um AVC isquêmico que afete a distribuição da artéria auditiva interna (também chamada de artéria labiríntica) pode causar o início súbito de perdas auditivas neurossensoriais.[64][65] Isso pode afetar ambas as orelhas e, geralmente, está associado a outros achados neurológicos. Na maioria das pessoas, a artéria auditiva interna é uma ramificação da artéria cerebelar anterior, embora também possa emergir da artéria basilar. Os sintomas associados incluem zumbido, vertigens, náuseas e vômitos. Há outros sinais neurológicos presentes, por exemplo, disartria, ataxia, paralisia do nervo fascial, nistagmo, diplopia, hemiparesia e/ou perda hemissensitiva.[65][66][67]
Todos os pacientes com suspeita de AVC isquêmico devem realizar uma TC do cérebro sem contraste para descartar a possibilidade de hemorragia intracraniana. Verifique a glicose sanguínea em todos os pacientes com suspeita de AVC. A administração imediata de trombólise intravenosa com ativador de plasminogênio tecidual recombinante pode ser indicada para minimizar os efeitos dos AVCs trombóticos.[68]
Dissecção da artéria vertebral
A perda auditiva neurossensorial súbita pode, raramente, ser um sintoma de dissecção de artéria vertebral. As manifestações mais comuns de dissecção de uma artéria vertebral são cefaleia ou dor cervical.[69][70][71] Vertigem, ataxia, náuseas, vômitos, nistagmo e paralisias do nervo craniano também podem estar presentes.[72] Imagens por tomografia computadorizada com angiografia (TC/ATG) e ressonância nuclear magnética com angiografia (RNM/ARM) podem identificar a dissecção da artéria vertebral. A RNM/ARM identifica melhor os hematomas intramurais pequenos, apesar de o acesso à TC costumar ser mais fácil nos contextos de emergências.[73]
O tratamento anticoagulante ou antiagregante plaquetário deve ser iniciado após a confirmação do diagnóstico e mantido por 3 a 6 meses para se reduzir o risco de trombose no local da dissecção.[74][75] A terapia intravascular está disponível em alguns centros. É utilizada uma combinação de técnicas, incluindo trombólise, trombectomia, colocação de stent e angioplastia.[76]
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