Abordagem
O diagnóstico baseia-se na presença de fratura na radiografia, e a história geralmente é específica para queda ou trauma. A ressonância nuclear magnética (RNM)/tomografia computadorizada (TC) só deve ser solicitada caso o índice de suspeita de fratura do quadril seja alto (ou seja, quando há dor na virilha, dor ao movimentar o quadril ou dor na região da virilha/fêmur proximal), mas a radiografia simples é negativa. Exames laboratoriais não são úteis no diagnóstico de fraturas. Caso seja identificada uma fratura do quadril, o paciente deve ser encaminhado a um cirurgião ortopedista.
História
As fraturas do quadril ocorrem mais comumente em idosos, e as mulheres podem ter maior risco que os homens. O risco de fratura do quadril aumenta significativamente com a idade. Ela ocorre com mais frequência em indivíduos com mais de 65 anos, com a idade média de aproximadamente 83 anos.[9][32] A osteoporose é um fator de risco importante; há um aumento de quase 3 vezes no risco de fraturas femorais proximais, tanto para homens quanto para mulheres, para cada aumento de 1 desvio-padrão abaixo dos valores de pico de massa óssea.[23] Uma história familiar de osteoporose/osteopenia também deve ser observada.
Geralmente, os pacientes têm história de queda ou trauma; é raro que ocorram fraturas sem queda/trauma. Traumas de alta energia (por exemplo, acidente com veículo automotor) são mais comuns em pacientes mais jovens; no entanto, eles perfazem apenas 1% a 3% das fraturas do quadril observadas.[9][23]
Geralmente, os pacientes se queixam de incapacidade de levantar peso, dor na perna/quadril afetado, e dor com amplitude de movimento do quadril.
Exame físico
O exame geralmente é inespecífico; no entanto, a perna do lado afetado poderá ser encurtada e rotacionada externamente se a fratura do quadril estiver com desvio. Este é o único achado clínico que indica o desvio da fratura. No entanto, esse achado também pode ser observado com outras fraturas do fêmur, bem como na pelve ou na parte inferior da perna.
Se o paciente puder tolerar a amplitude de movimentos passiva, a dor é induzida na virilha ou no fêmur proximal com rotação interna ou externa da perna ou flexão do quadril. O paciente também pode sentir crepitação na região do colo do fêmur com amplitude de movimento do quadril.
Radiografia
Devem-se solicitar radiografias simples em todos os pacientes com história de queda ou trauma que apresentem dor aguda no quadril.[51] Deve-se fazer uma radiografia pélvica anteroposterior (AP) e vistas AP e lateral do quadril afetado.[19][20][51] A radiografia demonstrará uma fratura do fêmur proximal. Também pode ser útil uma incidência AP verdadeira do quadril (imagem AP tirada com a perna em 15° da rotação interna).[51] É possível solicitar uma radiografia do fêmur quando há suspeita de extensão distal da fratura.
Com os padrões intracapsulares da fratura, a ruptura do córtex, bem como das linhas trabeculares primárias de compressão e de tensão, sugerem desvio na fratura. O aumento da angulação do varo ou do valgo na imagem AP ou o aumento da versão anterior ou posterior, como observado na radiografia lateral, também sugerem desvio e podem ser comparados com o outro quadril intacto.
Com os padrões de fratura extracapsulares, a estabilidade das fraturas com desvio geralmente depende da extensão da cominuição e, mais especificamente, a cominuição do córtex medial. Os padrões das fraturas intertrocantéricas simples em 2 segmentos sem cominuição do côndilo medial (córtex) geralmente são considerados estáveis. Fraturas intertrocantéricas em 3 ou 4 segmentos com ruptura do córtex posteromedial ou fratura de obliquidade reversa são consideradas instáveis.[3][52][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Radiografia anteroposterior inicial mostrando uma fratura intracapsular do quadril esquerdo com desvioDo acervo de Bradley A. Petrisor, MSc, MD, FRCSC e Mohit Bhandari, MD, MSc, FRCSC [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Fratura intertrocantérica instável na radiografiaDo acervo de Bradley A. Petrisor, MSc, MD, FRCSC e Mohit Bhandari, MD, MSc, FRCSC [Citation ends].
Outras investigações
Pelo menos 90% das fraturas femorais proximais serão identificadas na radiografia.[51][53] Se o índice de suspeita para fratura do quadril for alto e a radiografia simples for negativa, deve-se solicitar uma TC ou uma RNM (sem contraste).[51] Mostrou-se que a RNM mostrou é custo-efetiva para o paciente, com uma sensibilidade superior para a detecção de fraturas do quadril ocultas, e não depende do tempo entre a lesão e o estudo.[51][54][55][56] TC ou cintilografia óssea com tecnécio pode ser usada caso não haja acesso a uma RNM; no entanto, a cintilografia óssea pode ter resultado falso-negativo por até 72 horas após o momento da lesão.[51] Também pode haver resultado falso-positivo com a cintilografia óssea, em relação à osteoartrite, lesão dos tecidos moles ou qualquer outro processo que possa aumentar a renovação óssea.[51] [Figure caption and citation for the preceding image starts]: Ressonância nuclear magnética mostrando imagens coronais e confirmando uma fratura intracapsular do quadril esquerdoDo acervo de Bradley A. Petrisor, MSc, MD, FRCSC e Mohit Bhandari, MD, MSc, FRCSC [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Radiografia pélvica anteroposterior mostrando uma possível fratura intracapsular do quadril esquerdoDo acervo de Bradley A. Petrisor, MSc, MD, FRCSC e Mohit Bhandari, MD, MSc, FRCSC [Citation ends].
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