Caso clínico
Caso clínico #1
Um menino de 3 anos se apresenta porque seus pais estão preocupados com o desenvolvimento de sua linguagem. Ele começou a usar palavras isoladas com 18 meses de idade, mas ainda não junta duas palavras. Ele parou de usar palavras que havia aprendido anteriormente entre 18 e 24 meses, mas agora voltou a usar a maioria dessas palavras. Ele também parece não ter interesse em outras crianças. Ocasionalmente, ele interage com seus pais, mas menos do que eles acham que deveria. Ele não tende a olhá-los muito e tem dificuldade de manter contato visual com eles. Quando ele quer algo, puxa os pais até onde o objeto está e grita; ele não aponta como as outras crianças. Seus pais também perceberam que ele não brinca da mesma forma que as outras crianças da sua idade; ele tende a enfileirar os brinquedos ou brincar com determinados aspectos deles, como as portas do carro. Ele não usa os brinquedos de forma imaginativa, como as outras crianças fazem. Quando mexem em seus brinquedos, ele fica muito perturbado. Ele tende a ficar alterado quando acha que há alguma mudança em casa. Por outro lado, ele não se importa quando um dos pais sai de casa. Às vezes, ele tende a abanar as mãos, e seus pais relatam que ele fixa o olhar nas luzes do teto por 10 a 20 minutos seguidos. Ele é exigente com a comida e não gosta de bagunça.
Caso clínico #2
Um arquivista de 24 anos que trabalha na biblioteca local é encaminhado para avaliação em virtude de choros frequentes. Recentemente, ele se formou em ciência da computação na universidade, tendo recebido essa oferta de emprego por conhecer os bibliotecários, e passa a maior parte de seus finais de semana na biblioteca. Ele relata que nunca fez amigos na escola nem na universidade e descreve, como consequência, que se sente solitário. Na avaliação, ele se apresenta bem arrumado, mas vestido de forma antiquada e peculiar, e seu contato visual é fugaz. Seu discurso é monótono e com rápidos surtos explosivos, o que dificulta o entendimento do que ele diz. Ao longo da avaliação, ele não consegue elaborar nada de forma imediata. Ele só se anima quando a conversa trata de inteligência artificial na tecnologia computacional, não reconhecendo que seu avaliador não entende disso e não está particularmente interessado nesse tópico.
Outras apresentações
As crianças com transtorno do espectro autista (TEA) têm uma ampla faixa de quadros clínicos (consulte abordagem diagnóstica). Os padrões de dificuldades e comportamentos variam com a idade, mas o atraso na linguagem é uma preocupação comum dos pais. É necessária uma história detalhada do neurodesenvolvimento e do funcionamento atual, com ênfase também em possíveis condições coexistentes (por exemplo, dificuldades para dormir ou dificuldades com comportamento desafiador) e comorbidades clínicas, como epilepsia, que podem ser de início precoce e afetar a apresentação. Os bebês podem ser anormalmente plácidos ou irritáveis; dificuldades na alimentação são comuns. Durante a infância, as deficiências na fala, na comunicação, nas brincadeiras e no funcionamento social tornam-se mais óbvias. Pode haver regressão de habilidades de linguagem previamente aprendidas; a regressão de capacidades motoras isoladamente (ou a regressão de habilidades de linguagem após os 3 anos de idade) deve despertar a curiosidade dos médicos por outros diagnósticos possíveis, e as crianças devem ser adequadamente investigadas.[12] Dificuldades de alimentação são comuns, com particular rigidez quanto a determinados alimentos e ao ambiente das refeições. Também pode haver dificuldades sensoriais como uma reação negativa e, às vezes, idiossincrática a determinadas texturas, sons e outros estímulos sensoriais.[13] Por outro lado, algumas crianças têm interesse em ambientes ou atividades sensoriais específicas. As crianças podem apresentar maneirismos motores, como bater a mão ou girar. Pode ser muito difícil tratar comportamentos repetitivos.
As pessoas com TEA podem ser diagnosticadas desde a primeira infância até o final da idade adulta. Muitos jovens e adultos têm diagnósticos de saúde mental, como transtorno de ansiedade ou depressão. As doenças mentais podem ser uma característica manifesta em adultos jovens ou idosos. Há uma maior probabilidade de outras afecções do neurodesenvolvimento, tais como transtorno de deficit de atenção com hiperatividade (TDAH).[14][15][16][17]
Adultos com sintomas sugestivos de TEA podem ou não procurar a obtenção de um diagnóstico, dependendo de até que ponto as dificuldades afetam suas vidas diárias. Quando identificado na idade adulta, o TEA costuma ser identificado como causa de dificuldades em casa, em relacionamentos sociais ou com parceiros, ou no local de trabalho.
Alguns adultos buscam um diagnóstico pela primeira vez depois de um diagnóstico de TEA em um dos seus filhos ou em algum outro familiar.
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