Complicações
Os pacientes com risco maior podem ser identificados por características clínicas e ecocardiográficas e precisam de acompanhamento vigilante.[25] Um aumento do risco de desenvolvimento de regurgitação mitral grave está associado ao sexo masculino, à idade acima de 45 anos, ao IMC elevado, à hipertensão, ao aumento do ventrículo esquerdo (VE), à disfunção ventricular esquerda e ao espessamento dos folhetos da valva mitral.[5][6][40][41][42] Somente um pequeno número de pacientes desenvolve regurgitação mitral primária grave. A maioria dos pacientes é assintomática e não precisa de terapia específica. A fibrilação atrial ou os indicadores de comprometimento hemodinâmico, como disfunção ventricular esquerda ou hipertensão pulmonar, estão mais tipicamente associados à regurgitação mitral primária grave nos pacientes com PVM.
Pode ser necessário considerar uma intervenção cirúrgica precoce em pacientes com regurgitação mitral primária grave, mesmo quando assintomáticos.
A correlação entre palpitações e PVM é complexa e não totalmente compreendida. Descobriu-se que o PVM está associado a arritmias ventriculares malignas e parada cardíaca súbita em até 4% dos indivíduos. A fibrose miocárdica e a presença de DAM são marcadores de risco adicionais para a arritmia ventricular.[30] A avaliação de palpitações ou de uma síncope deve refletir a investigação em pacientes sem PVM, incluindo avaliação com Holter ou monitoramento ambulatorial de eventos para descartar arritmias significativas.
Estudos demonstraram uma prevalência aumentada de diversas anormalidades eletrocardiográficas em pacientes com PVM, incluindo alterações em ST-T, prolongamento do QT e presença de vias acessórias. Entretanto, isso é controverso, pois outros estudos não encontraram nenhuma diferença na prevalência dessas alterações do ECG em comparação com a população em geral.
O PVM é considerado a doença cardiovascular mais comum que predispõe à endocardite infecciosa, embora a incidência absoluta dessa complicação na população com PVM seja extremamente baixa (estimada em 0.02% por ano).[42]
Os fatores associados a aumento do risco incluem sexo masculino, idade acima de 45 anos, presença de regurgitação mitral e espessamento do folheto maior que 5 mm.[5][36][37][52]
A morbidade e a mortalidade são significativas, com uma incidência de morte a 5 anos ou cirurgia da valva mitral estimada em 60%.[53]
A profilaxia antibiótica de rotina antes de procedimentos não é necessária, pois o risco de endocardite é baixo e existem poucos dados que mostrem que a profilaxia antibiótica reduz o risco de endocardite subsequente.[33] As situações em que a profilaxia pode ser indicada incluem aquelas em que a endocardite pode representar um risco maior que o normal, como história prévia de endocardite.
O tratamento da endocardite infecciosa geralmente envolve um ciclo prolongado de terapêutica antimicrobiana personalizada e, em alguns casos, intervenção cirúrgica. De acordo com as diretrizes da ESC, uma interpretação diferenciada dos achados ecocardiográficos, como a detecção vigilante de vegetações, abscessos ou novas deiscências parciais de valvas protéticas, são essenciais no diagnóstico de endocardite infecciosa nos pacientes com PVM.[33] As diretrizes da ESC defendem a inclusão de técnicas avançadas de imagem, como tomografia computadorizada por emissão de pósitrons e ressonância nuclear magnética cardíaca, para identificar indicadores de endocardite infecciosa, especialmente nos casos complexos de PVM, nos quais a ecocardiografia tradicional pode não ser suficiente.[33]
Essa é uma complicação rara do PVM, que ocorre em menos de 2% dos pacientes durante o acompanhamento de longo prazo com uma taxa anual estimada em 0.004%.[6][54] A etiologia é incerta, mas acredita-se que esteja relacionada à arritmia ventricular.
Os fatores associados ao aumento do risco incluem a forma familiar de PVM, regurgitação mitral grave, disjunção do anel mitral (DAM) e função sistólica do VE prejudicada.[6][28][54]
Embora um número considerável de arritmias ventriculares possa ser atribuído à disfunção sistólica do VE resultante de regurgitação mitral grave, arritmias com risco de vida e morte súbita cardíaca também foram relatadas em pacientes com PVM que apresentavam regurgitação mitral leve ou nenhuma.[28]
Os pacientes assintomáticos com evidência de regurgitação mitral grave devem ser acompanhados vigorosamente.
Holter ou monitorização de eventos devem ser usados para sintomas de palpitações. As indicações para estudo eletrofisiológico são semelhantes às indicações para a população geral, incluindo morte súbita cardíaca abortada, síncope recorrente de causa desconhecida ou taquicardia ventricular sustentada ou sintomática.
Há controvérsias quanto à possibilidade de o PVM causar AVCs. O mecanismo proposto é a formação de embolia devido à liberação de trombos de plaquetas e fibrina da superfície do folheto. Os pacientes com PVM que têm AVCs tendem a apresentar fatores de risco como idade avançada (>50 anos), regurgitação mitral grave, fibrilação atrial e espessamento dos folhetos valvares.[6][44] Os dados sugerem uma taxa anual de evento de 0.7%.[45]
O PVM raramente deve ser considerado a única origem de AVC. A anticoagulação é usada em pacientes adequados.
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