Etiologia
A OA é uma doença complexa e multifatorial com vários componentes genéticos, biológicos e bioquímicos que afetam toda a articulação, inclusive a membrana sinovial, o menisco (no joelho), os ligamentos periarticulares e o osso subcondral.[21] A etiologia exata é desconhecida.
Idade, hereditariedade, predisposição, sexo feminino, anatomia e/ou desalinhamento da articulação e obesidade estão associados a aumentos do risco de OA.[9][10][15][16][18][19][22][23][24][25][26][27][28]
As deformidades articulares congênitas ou o trauma na articulação também aumentam o risco de evoluir para a OA.[22][29][30]
Alta densidade mineral óssea e nível baixo de estrogênio, como em mulheres menopausadas, podem estar associados ao maior risco de OA de joelho e de quadril.[10]
Os fatores mencionados anteriormente podem levar a um ambiente de articulação susceptível ao trauma e aos estressores mecânicos externos que são agravados por determinadas atividades físicas.
Fatores mecânicos locais, como fraqueza muscular periarticular, anatomia e desalinhamento da articulação e anormalidade estrutural na articulação (por exemplo, ruptura de meniscos), facilitam ainda mais a progressão da doença.[21][22][26][27][31][32]
A combinação dos fatores internos e externos por fim conduz a uma articulação enfraquecida.[2][33]
Fisiopatologia
Na articulação afetada há uma falha em manter o equilíbrio homeostático da síntese e degradação da matriz da cartilagem, o que resulta em formação reduzida ou catabolismo aumentado.[34]
Vários fatores podem contribuir:
Os mediadores inflamatórios desempenham um papel de potenciais causadores de destruição do tecido articular. O número de mediadores pró-inflamatórios relatados no líquido sinovial e tecido afetado pela OA está aumentando.[35][36][37][38][39]
O fator de crescimento do tecido conjuntivo (FCTC) está presente nos osteófitos da OA em estágio avançado. O FCTC geralmente está regulado para cima no líquido sinovial da OA, o que estimula a produção de citocinas inflamatórias. Evidências demonstraram que o FCTC também ativa o fator nuclear kB, aumenta a produção de quimiocinas e citocinas e regula para cima metaloproteinases de matriz 3 (MMP-3), a qual, por sua vez, causa a redução do conteúdo de proteoglicanos na cartilagem da articulação. Assim, cria-se um desequilíbrio na homeostase da cartilagem, o que pode contribuir para a patogênese da OA ao desenvolver inflamação sinovial e degradação da cartilagem.[40]
As metaloproteinases de matriz (por exemplo, colagenase), enzimas que catalisam a degradação tanto do colágeno como de proteoglicanos, são encontradas em grandes concentrações na cartilagem com OA.[41]
O óxido nítrico pode ativar as metaloproteinases, desempenhando, assim, um papel na degradação da cartilagem.
Os níveis de citocinas anabólicas, como os fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF-I), estão reduzidos na OA.[42][43][44]
O metabolismo aberrante de condrócito é uma resposta a alterações no microambiente inflamatório e pode desempenhar um papel importante na degeneração da cartilagem e na evolução da OA. Em condições de estresse ambiental, os condrócitos alternam de fosforilação oxidativa para glicólise, um processo regulado pela proteína quinase ativada por AMP (AMPK) e o alvo mecanístico das vias de rapamicina (mTOR).[45]
A leptina é capaz de modular a produção de mediadores inflamatórios em células imunológicas de pacientes com OA, e demonstrou participar do início e da evolução da OA. Uma metanálise relatou níveis mais altos de leptina circulante em pacientes com OA, em comparação com o grupo-controle, e níveis mais altos de leptina sinovial em pacientes com OA, em comparação com participantes saudáveis.[46] Além disso, o polimorfismo LEPR rs113710 foi associado a aumento do risco de desenvolvimento de OA.[46]
O processo da osteoartrite envolve não somente a cartilagem, mas, também, outras estruturas da articulação, resultando na remodelação óssea e lesões da medula óssea do osso subcondral, inflamação sinovial, alongamento capsular e fraqueza muscular periarticular, e frouxidão dos ligamentos.[21]
A Janus quinase 2 (JAK2)/transdutor de sinal e ativador da transcrição 3 (STAT3) é uma via de sinalização que é instrumental no sistema osteoarticular, incluindo cartilagens, ossos subcondrais e membranas sinoviais. Há evidências que sugerem que essa sinalização desempenha um papel significativo na evolução da OA.[47]
Além do trauma, os elementos acima podem levar ao estresse focal e a eventual perda de cartilagem. Isto pode alterar ainda mais a anatomia da articulação, predispondo-a a possíveis efeitos deletérios de fatores mecânicos e atividades físicas, redistribuindo e aumentando a carga focal sobre a articulação. Por exemplo, na OA do joelho, o geno varo (pernas arqueadas) e o genu valgum (contusão no joelho) estão associados a aumento do risco de deterioração estrutural da articulação.[33][48]
Classificação
Classificação da osteoartrite por etiologia da doença[3][4]
Primária (idiopática): nenhuma lesão anterior na articulação; geralmente categorizada como osteoartrite (OA) localizada, que afeta principalmente as mãos, o joelho, o quadril ou o pé (especialmente a primeira metatarsofalângica) ou OA generalizada, que geralmente afeta as mãos e outra articulação.
Secundária: uma lesão anterior na articulação, como uma anormalidade congênita (por exemplo, displasia congênita no quadril); trauma; artropatias inflamatórias (por exemplo, artrite reumatoide e gota crônica); e contínuas atividades físicas extenuantes ou ocupações que possam, com o tempo, causar lesões nas articulações.
Classificação radiográfica de Kellgren-Lawrence da osteoartrite[5][6]
Foi usada como ferramenta de pesquisa em estudos epidemiológicos da osteoartrite.
Grau 0 (ausente): ausência de achados radiológicos de osteoartrite
Grau 1 (duvidoso): estreitamento do espaço articular duvidoso e possível formação osteofítica
Grau 2 (mínimo): osteófitos definitivos e possível estreitamento do espaço articular
Grau 3 (moderado): osteófitos múltiplos moderados, estreitamento definitivo do espaço articular e um pouco de esclerose e possível deformidade das extremidades ósseas
Grau 4 (grave): grandes osteófitos, estreitamento acentuado do espaço articular, esclerose grave e deformidade definitiva das extremidades ósseas.
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