História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
dificuldade com tarefas motoras
A maioria dos pacientes apresentarão dificuldades com tarefas que necessitem do uso dos músculos proximais (por exemplo, levantar da cadeira, subir escadas, erguer objetos e pentear os cabelos).
No entanto, movimentos motores delicados que dependem da força dos músculos distais (por exemplo, costurar, tricotar ou escrever) podem ser afetados mais tarde na evolução da dermatomiosite e da polimiosite, e mais cedo na evolução da miosite de corpos de inclusão.[22]
fraqueza muscular
Fazer o paciente mudar da posição sentada para em pé (principalmente a partir de um banco baixo) com os braços cruzados é uma boa forma de examinar a força do músculo proximal da perna. Geralmente, um paciente com miopatia não consegue fazer isso. Pacientes com miosite de corpos de inclusão geralmente apresentam marcha com "joelho travado", sofrem quedas precoces e têm dificuldade para subir e descer escadas.
Os músculos distais podem ser afetados tardiamente na evolução da dermatomiosite e da polimiosite, e mais precocemente na evolução da miosite de corpos de inclusão, onde a fraqueza dos flexores do punho e dos dedos é característica.[27]
atrofia muscular
Incomuns
rash heliotrópico com edema na pálpebra
pápulas de Gottron
Eritema sobre os nós dos dedos, acompanhado de erupção violácea elevada no couro cabeludo, frequentemente observado em pacientes com dermatomiosite e síndrome antissintetase, também pode ser observado em pacientes com miopatia necrosante imunomediada ou miosite de sobreposição, mas isso é menos comum.[4][5][72][77]
Outros fatores diagnósticos
comuns
quedas frequentes
As quedas são frequentes, sobretudo na evolução da miosite de corpos de inclusão esporádica, devido ao envolvimento do músculo do quadríceps.[72]
fadiga e mal-estar generalizado
Sintoma inespecífico quando a doença está ativa.
perda de peso
Sintoma inespecífico quando a doença está ativa.
Também pode ocorrer em associação à doença maligna concomitante.
sinais de insuficiência cardíaca e/ou infarto do miocárdio, arritmias, dispneia, ruídos adventícios, palpitações, síncope
Resulta das complicações cardiopulmonares. O envolvimento cardíaco inclui defeitos de condução, taquiarritmias, cardiomiopatia e frações de ejeção baixas.
Pode ocorrer miocardite em pacientes com dermatomiosite, miosite de sobreposição e síndrome antissintetase. Isso não foi relatado em pacientes com miosite de corpos de inclusão esporádica.[7] No entanto, a doença cardíaca evidente só foi relatada em aproximadamente 10% dos pacientes com MII; o comprometimento subclínico é mais comum, em até 75% dos pacientes.[4]
A doença pulmonar intersticial associada à MII ocorre com mais frequência na síndrome antissintetase, dermatomiosite e subtipos de miosite de sobreposição e pode preceder, ou estar presente sem sintomas musculares.[1][6]
A dispneia não é uma característica da miosite de corpos de inclusão.
febre leve
Sintoma comum quando a doença está ativa ou associada a um distúrbio do tecido conjuntivo.[27]
Entretanto, isso não ocorre na miosite de corpos de inclusão esporádica.
Incomuns
disfagia
Resulta da fraqueza da orofaringe e do esôfago distal.
Pode ocorrer em todos os subtipos de miopatia inflamatória idiopática, mas é mais proeminente na dermatomiosite, na miosite de corpos de inclusão e na miosite de sobreposição.[1][4]
Na miosite de corpos de inclusão, a disfagia foi relatada em 9% dos pacientes na apresentação e em 40% a 66% dos pacientes com doença bem estabelecida.[27][83][84]
mialgia
artralgia e/ou articulações edemaciadas
O envolvimento articular (apresentando-se como artralgia e/ou articulação edemaciada) pode ocorrer em pacientes com dermatomiosite (especialmente com anticorpo anti-MDA5 positivo), síndrome antissintetase e miosite de sobreposição.[4]
rash facial
rash eritematoso
alterações na dobra ungueal
fraqueza muscular facial
Fraqueza facial deve justificar a investigação de um imitador de miosite, como miastenia gravis ou distrofia muscular fácio-escápulo-umeral.
calcinose cutânea
Ocorre mais comumente na dermatomiosite juvenil, especialmente em associação com a presença de anticorpo anti-NXP2.[85]
neoplasia maligna
A miopatia inflamatória idiopática pode estar associada à neoplasia maligna. O maior risco é próximo ao momento do diagnóstico e até 3 anos após o diagnóstico de miopatia inflamatória idiopática.[72][86] A presença de anti-TIF1 ou anti-NXP2 na dermatomiosite de início na idade adulta está associada ao maior risco de desenvolver miosite associada ao câncer.[1][4]
sinais sistêmicos de doença autoimune
Podem ser observados em pelo menos 20% dos pacientes.[27]
Fatores de risco
Fortes
idade >40 anos
Há evidências que sugerem que a incidência de dermatomiosite e polimiosite é bimodal, com picos na infância e/ou adolescência e, novamente, na vida adulta.[1] Em adultos, a faixa mediana de idade de início relatada é ampla, mas a maioria dos casos ocorre entre os 50 e 60 anos.
predisposição genética
Acredita-se que os subtipos específicos de antígeno leucocitário humano (HLA) conferem um risco elevado de desenvolver miopatias inflamatórias idiopáticas (MIIs).[49] É importante observar que os alelos do haplótipo ancestral 8.1 HLA-DRB1*03:01 e HLA-B*08:01 estão mais fortemente associados com a MII.[1][50]
sexo feminino e/ou etnia negra (polimiosite e dermatomiosite)
Evidências sugerem que a polimiosite e a dermatomiosite têm uma proporção de mulheres para homens de 2:1 e são encontradas com mais frequência em indivíduos negros, em comparação com indivíduos brancos, com uma proporção de 2.8:1.[8][9][10][11]
A miopatia necrosante mediada imunologicamente, como subtipo, ocorre com mais frequência em mulheres, mas o viés de gênero parece ser menos acentuado na miopatia necrosante mediada imunologicamente positiva para anti-HMGCR.[1]
sexo masculino e/ou etnia branca (miosite de corpos de inclusão)
Pacientes com miosite de corpos de inclusão têm características distintas de outros subtipos de miopatia inflamatória idiopática; normalmente, o início dos sintomas ocorre após os 50 anos de idade, com preponderância masculina de 60% a 70%, e foi demonstrado que ocorre com mais frequência entre indivíduos brancos, embora as diferenças raciais exatas não estejam claras.[1][12]
uso de estatinas
tabagismo
O tabagismo foi associado ao aumento do risco de polimiosite em indivíduos brancos, o que leva ao aumento do risco de desenvolver doença pulmonar intersticial, em comparação com indivíduos que nunca fumaram.[34] Os anticorpos antissintetase foram mais prevalentes em fumantes brancos, em comparação com não fumantes, independente da duração da exposição ao tabaco.[19][34][40]
Fracos
exposição à alta intensidade da radiação ultravioleta (UV) global
Há evidências que sugerem que a radiação ultravioleta é o maior fator contribuinte da proporção relativa da dermatomiosite e está fortemente relacionada à proporção de autoanticorpos anti-Mi2.[41] Por outro lado, em estudos subsequentes essa correlação não foi encontrada ao comparar as capitais dos estados australianos, com latitudes que variam de Hobart (42.9°S) a Darwin (12.5°S), ou ao analisar o gradiente norte-sul da incidência de miopatia inflamatória idiopática na Suécia.[42][43]
infecções
Vírus, incluindo o vírus Coxsackie, o vírus da gripe (influenza), o retrovírus, o citomegalovírus, o vírus Epstein-Barr (EBV) e SARS-CoV-2 parecem estar associados à miopatia inflamatória idiopática.[20][21][22][23][24] Outros agentes infecciosos associados incluem protozoários, cestódeos, nematódeos e a espécie Borrelia.[27]
vacinação
SARS-CoV-2 (predominantemente relatado após a administração da vacina de RNAm), gripe (influenza; relatado após a vacinação na pandemia de H1N1 e vacinações trivalentes sazonais), hepatite B (não está claro se as complicações autoimunes podem ser atribuídas a outros componentes, como proteínas de leveduras, alumínio adjuvante, neomicina).[37][38][39]
uso de determinados medicamentos
outros fatores ambientais
Implantes mamários de silicone, doença do enxerto contra o hospedeiro, quimerismo (associado com a dermatomiosite juvenil), sílica (descrita em associação com a miosite de sobreposição com esclerose sistêmica), determinados cogumelos/levedura vermelha de arroz/chá Pu-ehr/Bacopa (associados à miopatia necrosante mediada imunologicamente anti-HMGCR nunca tratada com estatina) podem desencadear miopatia inflamatória idiopática (MII).[1][41][44][45][46][47][48]
Sugeriu-se também que fatores ambientais como latitude, residência em áreas urbanas e residência próxima ao mar estão associados com a MII.[34]
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