O sintoma de apresentação mais comum é o sangramento e/ou dor retal, que ocorre em 45% dos pacientes. Trinta por cento dos pacientes relatam dor ou sensação de massa.[3]Ryan DP, Compton CC, Mayer RJ. Carcinoma of the anal canal. N Engl J Med. 2000 Mar 16;342(11):792-800.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10717015?tool=bestpractice.com
O câncer anal também pode apresentar prurido, secreção, incontinência fecal, fístulas ou uma úlcera que não cicatriza.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
Vinte por cento dos pacientes não apresentam sintomas retais.[3]Ryan DP, Compton CC, Mayer RJ. Carcinoma of the anal canal. N Engl J Med. 2000 Mar 16;342(11):792-800.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10717015?tool=bestpractice.com
Comumente, os pacientes demoram a consultar um médico, e o sangramento é frequentemente atribuído a hemorroidas.[3]Ryan DP, Compton CC, Mayer RJ. Carcinoma of the anal canal. N Engl J Med. 2000 Mar 16;342(11):792-800.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10717015?tool=bestpractice.com
[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
O médico de família geralmente é o primeiro a examinar o paciente.
História
Os principais pontos a serem questionados na anamnese incluem:
Trauma anal
Hemorroidas
Infecção por papilomavírus humano (HPV)
História sexual, para determinar o risco de infecção por HIV
Uma história familiar de câncer colorretal (embora não exista nenhuma relação entre o câncer colorretal e o câncer anal, essa história é importante porque o sangramento retal pode estar relacionado ao câncer colorretal).
Exame físico e anoscopia
Dada a localização do tumor, o exame físico é o procedimento mais importante para diagnóstico e estadiamento. O exame físico deve se concentrar nos linfonodos inguinais, no exame retal e anuscopia.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
Os linfonodos inguinais superficiais, linfonodos inguinais mediais (profundos) e linfonodos próximos ao púbis devem ser palpados.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
A maioria das metástases nos linfonodos inguinais são unilaterais e ipsilaterais ao tumor primário.[18]Gerard JP, Chapet O, Samiei F, et al. Management of inguinal lymph node metastases in patients with carcinoma of the anal canal: experience in a series of 270 patients treated in Lyon and review of the literature. Cancer. 2001 Jul 1;92(1):77-84.
https://www.doi.org/10.1002/1097-0142(20010701)92:1<77::aid-cncr1294>3.0.co;2-p
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11443612?tool=bestpractice.com
As pacientes do sexo feminino devem fazer um exame ginecológico para avaliar o tumor primário e descartar invasão vaginal ou formação de fístula.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
O sangramento hemorroidário benigno é um diagnóstico de exclusão.
O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido recomenda que pacientes com 50 anos ou mais, que tenham sangramento retal inexplicável, sejam encaminhados para uma consulta hospitalar urgente (espera de 2 semanas).[31]National Institute for Health and Care Excellence. Suspected cancer: recognition and referral. Aug 2023 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ng12
Os médicos devem considerar o encaminhamento urgente para os pacientes que:[31]National Institute for Health and Care Excellence. Suspected cancer: recognition and referral. Aug 2023 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ng12
Têm idade inferior a 50 anos e sangramento retal com qualquer um dos seguintes: dor abdominal, alteração do hábito intestinal, perda de peso, anemia ferropriva
Têm uma massa anal inexplicada ou uma ulceração anal
Têm uma massa retal.
Biópsia
Todas as lesões anais suspeitas devem ser excisadas ou submetidas a biópsia. A biópsia é essencial para confirmar o diagnóstico.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
Recomenda-se uma biópsia incisional para diagnóstico. Biópsias excisionais devem ser limitadas a lesões superficiais pequenas.
Recomenda-se a aspiração com agulha fina ou biópsia excisional dos linfonodos inguinais clínica ou radiologicamente aumentados.[8]National Comprehensive Cancer Network. NCCN clinical practice guidelines in oncology: anal carcinoma [internet publication].
https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/default.aspx
Não é recomendável uma dissecção formal dos linfonodos inguinais por conta da morbidade associada, de sua falha em ter um impacto no desfecho e das altas taxas de controle alcançadas com quimiorradiação.[32]Lin ACH, Hakim A, Kellish AS, et al. Inguinal lymph node dissection does not improve overall survival in anal cancer nodal disease. J Surg Res. 2020 Nov;255:13-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32540576?tool=bestpractice.com
Imagens radiológicas
Ressonância nuclear magnética (RNM) de alta resolução ponderada em T2 ou tomografia computadorizada (TC) da pelve devem ser realizadas para avaliar o tumor primário e os linfonodos pélvicos, e para avaliar se o tumor envolve outros órgãos.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
[8]National Comprehensive Cancer Network. NCCN clinical practice guidelines in oncology: anal carcinoma [internet publication].
https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/default.aspx
As diretrizes dos EUA aconselham o uso de TC com contraste ou RNM com contraste para avaliar a pelve.[8]National Comprehensive Cancer Network. NCCN clinical practice guidelines in oncology: anal carcinoma [internet publication].
https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/default.aspx
As diretrizes europeias recomendam o uso de RNM da pelve para avaliação do tumor primário e TC da pelve com contraste para o rastreamento de doença metastática.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
Uma TC do abdome e do tórax também deve ser realizada para rastrear metástases.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
[8]National Comprehensive Cancer Network. NCCN clinical practice guidelines in oncology: anal carcinoma [internet publication].
https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/default.aspx
Deve-se considerar o estadiamento por tomografia por emissão de pósitrons (PET)/TC com 2-flúor-2-desoxi-D-glucose (FDG) e PET/RNM, além dos exames de diagnóstico por imagem padrão com TC ou RNM.[8]National Comprehensive Cancer Network. NCCN clinical practice guidelines in oncology: anal carcinoma [internet publication].
https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/default.aspx
A PET-CT tem uma sensibilidade de 99% para a detecção da doença primária e uma sensibilidade de 93% para a detecção de envolvimento de linfonodos inguinais.[33]Mahmud A, Poon R, Jonker D. PET imaging in anal canal cancer: a systematic review and meta-analysis. Br J Radiol. 2017 Dec;90(1080):20170370.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6047643
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28972796?tool=bestpractice.com
[34]Jones M, Hruby G, Solomon M, et al. The role of FDG-PET in the initial staging and response assessment of anal cancer: a systematic review and meta-analysis. Ann Surg Oncol. 2015 Oct;22(11):3574-81.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25652048?tool=bestpractice.com
Em uma metanálise, a PET-CT levou a uma mudança no estadiamento nodal em 28% dos pacientes.[34]Jones M, Hruby G, Solomon M, et al. The role of FDG-PET in the initial staging and response assessment of anal cancer: a systematic review and meta-analysis. Ann Surg Oncol. 2015 Oct;22(11):3574-81.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25652048?tool=bestpractice.com
Uma simulação baseada em TC é conduzida para o planejamento da radioterapia. Os resultados de FDG-PET/CT, FDG-PET/RNM e RNM da pelve também podem influenciar o planejamento, em particular alterações da dose ou o campo.[8]National Comprehensive Cancer Network. NCCN clinical practice guidelines in oncology: anal carcinoma [internet publication].
https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/default.aspx
[33]Mahmud A, Poon R, Jonker D. PET imaging in anal canal cancer: a systematic review and meta-analysis. Br J Radiol. 2017 Dec;90(1080):20170370.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6047643
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28972796?tool=bestpractice.com
Rastreamento para afecções associadas
O exame para HIV é recomendado para os pacientes com câncer anal cuja sorologia para HIV é desconhecida e para as pessoas com neoplasia intraepiteal anal multifocal ou recorrente.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com
[8]National Comprehensive Cancer Network. NCCN clinical practice guidelines in oncology: anal carcinoma [internet publication].
https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/default.aspx
As pacientes do sexo feminino com neoplasia intraepiteal anal ou câncer anal devem fazer o rastreamento para neoplasia epitelial cervical síncrona, neoplasia intraepiteal vulvar e neoplasia intraepiteal vaginal, que também estão associadas ao HPV.[4]Rao S, Guren MG, Khan K, et al. Anal cancer: ESMO clinical practice guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Sep;32(9):1087-100.
https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(21)02064-0/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34175386?tool=bestpractice.com