Abordagem

O sintoma de apresentação mais comum é o sangramento e/ou dor retal, que ocorre em 45% dos pacientes. Trinta por cento dos pacientes relatam dor ou sensação de massa.[3] O câncer anal também pode apresentar prurido, secreção, incontinência fecal, fístulas ou uma úlcera que não cicatriza.[4] Vinte por cento dos pacientes não apresentam sintomas retais.[3]

Comumente, os pacientes demoram a consultar um médico, e o sangramento é frequentemente atribuído a hemorroidas.[3][4] O médico de família geralmente é o primeiro a examinar o paciente.

História

Os principais pontos a serem questionados na anamnese incluem:

  • Trauma anal

  • Hemorroidas

  • Infecção por papilomavírus humano (HPV)

  • História sexual, para determinar o risco de infecção por HIV

  • Uma história familiar de câncer colorretal (embora não exista nenhuma relação entre o câncer colorretal e o câncer anal, essa história é importante porque o sangramento retal pode estar relacionado ao câncer colorretal).

Exame físico e anoscopia

Dada a localização do tumor, o exame físico é o procedimento mais importante para diagnóstico e estadiamento. O exame físico deve se concentrar nos linfonodos inguinais, no exame retal e anuscopia.[4] Os linfonodos inguinais superficiais, linfonodos inguinais mediais (profundos) e linfonodos próximos ao púbis devem ser palpados.[4] A maioria das metástases nos linfonodos inguinais são unilaterais e ipsilaterais ao tumor primário.[18] As pacientes do sexo feminino devem fazer um exame ginecológico para avaliar o tumor primário e descartar invasão vaginal ou formação de fístula.[4] O sangramento hemorroidário benigno é um diagnóstico de exclusão.

O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido recomenda que pacientes com 50 anos ou mais, que tenham sangramento retal inexplicável, sejam encaminhados para uma consulta hospitalar urgente (espera de 2 semanas).[31]

Os médicos devem considerar o encaminhamento urgente para os pacientes que:[31]

  • Têm idade inferior a 50 anos e sangramento retal com qualquer um dos seguintes: dor abdominal, alteração do hábito intestinal, perda de peso, anemia ferropriva

  • Têm uma massa anal inexplicada ou uma ulceração anal

  • Têm uma massa retal.

Biópsia

Todas as lesões anais suspeitas devem ser excisadas ou submetidas a biópsia. A biópsia é essencial para confirmar o diagnóstico.[4]

Recomenda-se uma biópsia incisional para diagnóstico. Biópsias excisionais devem ser limitadas a lesões superficiais pequenas.

Recomenda-se a aspiração com agulha fina ou biópsia excisional dos linfonodos inguinais clínica ou radiologicamente aumentados.[8] Não é recomendável uma dissecção formal dos linfonodos inguinais por conta da morbidade associada, de sua falha em ter um impacto no desfecho e das altas taxas de controle alcançadas com quimiorradiação.[32]

Imagens radiológicas

Ressonância nuclear magnética (RNM) de alta resolução ponderada em T2 ou tomografia computadorizada (TC) da pelve devem ser realizadas para avaliar o tumor primário e os linfonodos pélvicos, e para avaliar se o tumor envolve outros órgãos.[4][8] As diretrizes dos EUA aconselham o uso de TC com contraste ou RNM com contraste para avaliar a pelve.[8] As diretrizes europeias recomendam o uso de RNM da pelve para avaliação do tumor primário e TC da pelve com contraste para o rastreamento de doença metastática.[4] Uma TC do abdome e do tórax também deve ser realizada para rastrear metástases.[4][8]

Deve-se considerar o estadiamento por tomografia por emissão de pósitrons (PET)/TC com 2-flúor-2-desoxi-D-glucose (FDG) e PET/RNM, além dos exames de diagnóstico por imagem padrão com TC ou RNM.[8] A PET-CT tem uma sensibilidade de 99% para a detecção da doença primária e uma sensibilidade de 93% para a detecção de envolvimento de linfonodos inguinais.[33][34]​​ Em uma metanálise, a PET-CT levou a uma mudança no estadiamento nodal em 28% dos pacientes.[34]

Uma simulação baseada em TC é conduzida para o planejamento da radioterapia. Os resultados de FDG-PET/CT, FDG-PET/RNM e RNM da pelve também podem influenciar o planejamento, em particular alterações da dose ou o campo.[8][33]

Rastreamento para afecções associadas

O exame para HIV é recomendado para os pacientes com câncer anal cuja sorologia para HIV é desconhecida e para as pessoas com neoplasia intraepiteal anal multifocal ou recorrente.[4][8] As pacientes do sexo feminino com neoplasia intraepiteal anal ou câncer anal devem fazer o rastreamento para neoplasia epitelial cervical síncrona, neoplasia intraepiteal vulvar e neoplasia intraepiteal vaginal, que também estão associadas ao HPV.[4]

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