Abordagem

As hidroceles ocorrem predominantemente em homens e são raras em mulheres. O tratamento depende da idade do paciente e do grau de desconforto ou das complicações causadas pela hidrocele.

Crianças ≤2 anos de idade

Muitas hidroceles apresentam remissão espontânea antes dos 2 anos de idade e, portanto, geralmente a observação é suficiente. Embora as diretrizes europeias sugiram que a correção cirúrgica possa ser indicada após 12 meses, a impressão clínica é a de que alguns casos remitirão e é seguro esperar por 2 anos, a menos que haja intestino palpável na virilha e contanto que o testículo tenha sido avaliado e não haja evidências de patologia subjacente.​[19] Entretanto, se houver um componente inguinal ou conteúdo abdominal no saco da hidrocele, a resolução espontânea será improvável e a cirurgia será recomendada.

Crianças com 2-11 anos de idade

Reparo por via aberta

  • O reparo cirúrgico é indicado para a persistência de uma hidrocele além dos 2 anos de idade. A abordagem cirúrgica envolve o reparo por via aberta com uma exploração inguinal, dissecção cuidadosa do saco herniário (conduto peritoniovaginal) das estruturas do cordão e uma ligadura alta do saco no anel interno. Embora não haja necessidade de reparo do saco da hidrocele distal, caso ele permaneça tenso, é melhor realizar uma incisão ampla e suturá-lo novamente para permitir uma drenagem melhor.[17] Na hidrocele do cordão espermático, a massa cística é excisada ou descoberta.[19]

Exploração laparoscópica

  • A hidrocele sintomática contralateral pode estar presente em 3% a 5% dos pacientes.[26] Enquanto uma exploração inguinal por via aberta contralateral pode ser utilizada para investigar um conduto peritoniovaginal patente contralateral, endoscopia do lado contralateral através do saco da hidrocele ipsilateral pode ser facilmente realizada, prevenindo a exploração por via aberta quando o processo estiver fechado.[26]

Reparo bilateral

  • É indicado para os pacientes com um anel interno contralateral aberto, com patologia inguinal ou escrotal ou com aumento do líquido intraperitoneal (por exemplo, após derivações ventrículo-peritoneais, diálise peritoneal ou ascite).

Hidroceles abdominoescrotais

  • Requerem cirurgia com incisão abdominal, e todo o componente abdominal deve ser removido. Ao abrir uma grande janela na porção abdominal da hidrocele, o fluido pode drenar sem dificuldades de modo contínuo para o peritônio, onde será reabsorvido.

  • Um novo método que envolve marsupialização laparoscópica do componente abdominal, seguida por hidrocelectomia por meio de uma incisão inguinal, também foi relatado como bem-sucedido.[31]

Adolescentes com 12-18 anos de idade

Os adolescentes geralmente têm hidroceles não comunicantes. Na maioria dos casos, elas são idiopáticas. O testículo deve sempre ser examinado, já que uma patologia testicular raramente pode causar uma hidrocele reativa. Uma revisão classificou as opções de tratamento para a hidrocele adolescente.[20]

Hidrocele idiopática

  • Na maioria dos casos, a observação é suficiente. Se a hidrocele ficar muito grande e desconfortável, a cirurgia pode ser considerada. A aspiração é possível, mas a taxa de sucesso em longo prazo parece ser desfavorável.[32]

  • Quando o tratamento é necessário, o reparo cirúrgico é o manejo definitivo. Há diferentes métodos para a realização da hidrocelectomia cirúrgica em adolescentes, como a excisão da hidrocele ou a plicatura da parede da hidrocele e a drenagem interna.[20]

Hidrocele após varicocelectomia

  • A incidência das hidroceles após as varicocelectomias diminuiu devido a melhoras técnicas, como métodos microcirúrgicos ou escleroterapia das veias espermáticas internas. Entretanto, se ocorrer hidrocele após a varicocelectomia, o manejo conservador deve ser escolhido para a abordagem inicial.

  • A cirurgia deve ser a escolha de segunda linha para aqueles que não obtiveram benefícios do manejo conservador.

Hidrocele relacionada à filariose

  • A excisão completa da túnica vaginal é o tratamento apropriado.

Adultos

Em adultos, depois que a patologia subjacente foi excluída por meio de exame físico, as hidroceles podem ser tratadas de maneira conservadora com tranquilização e suporte escrotal. A cirurgia pode ser apropriada se a hidrocele ficar muito grande e desconfortável. Durante a cirurgia, o saco geralmente é invertido e suturado naquela posição. Para hidroceles com sacos grandes, de parede espessa ou multiloculares, a excisão do saco da hidrocele é mais apropriada. Em ambas as abordagens, cautela extrema é necessária para evitar lesão do canal deferente em pacientes mais jovens, a fim de prevenir a perda de fertilidade.

Para pacientes sintomáticos que não são adequados à cirurgia ou que não desejam se submeter à cirurgia, e quando a fertilidade não é um problema, a aspiração da hidrocele seguida por escleroterapia pode ser considerada.[32]​ Em geral, ela é considerada como tratamento de segunda linha. Uma pequena quantidade de anestésico local é injetada na pele do escroto. Uma agulha é inserida dentro da hidrocele através da área anestesiada, e remove-se o fluido. Após a remoção do fluido, pode ser gotejado um agente esclerosante, como a tetraciclina, o polidocanol ou álcool a 95%. Foi relatada uma taxa de sucesso de até 90% em 1 a 4 injeções de polidocanol com uma taxa de complicações de 30%.[33] O esclerosante pode ser drenado ou deixar que seja reabsorvido. Entretanto, dor pós-operatória e recorrência são as 2 principais complicações associadas à técnica esclerosante. Hidroceles recorrentes tendem a ser multiloculares (hidroceles que têm múltiplos compartimentos).[29] Um estudo mostrou que a aspiração, até 3 vezes, sem a injeção de um agente esclerosante tem uma taxa de sucesso de 60% em pacientes com hidroceles pós-varicocelectomia.[34] Uma revisão indicou que a observação com ou sem aspiração da hidrocele deve ser o manejo inicial, e a cirurgia deve ser considerada como procedimento de segunda linha.[20]

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