Considerações de urgência

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Síndrome de Guillain-Barré, forma de polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda (PDIA)

Esta doença apresenta um início abrupto, geralmente com parestesias começando nos pododáctilos e progredindo em direção proximal no decorrer de horas ou dias. A paralisia ascendente pode afetar a função dos músculos respiratórios e causar parada ou insuficiência respiratória, se a doença não for reconhecida e tratada. Os pacientes também podem apresentar disautonomia aguda com flutuações da pressão arterial e frequência cardíaca com potencial risco de vida. O diagnóstico depende do reconhecimento das características clínicas, que incluem o rápido aparecimento e progressão dos sintomas, sendo confirmado pelo achado da dissociação albuminocitológica no exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) e achados característicos na eletromiografia (EMG). Os casos suspeitos de PDIA requerem monitoramento cuidadoso da função neurológica e respiratória e aplicação do tratamento logo na fase inicial com plasmaférese emergente ou infusões intravenosas de imunoglobulina.


Punção lombar diagnóstica em adultos: demonstração animada
Punção lombar diagnóstica em adultos: demonstração animada

Como realizar uma punção lombar diagnóstica em adultos. Inclui uma discussão sobre o posicionamento do paciente, a escolha da agulha e a medição da pressão de abertura e fechamento.


Acidente vascular cerebral (AVC)

AVCs isquêmicos ou hemorrágicos se apresentam com início agudo de sintomas neurológicos, que podem incluir parestesias. A localização e extensão do AVC determina a gravidade do deficit neurológico, dos sintomas e achados neurológicos associados, e do risco de danos no tecido cerebral adjacente devido ao inchaço do tecido cerebral infartado. Grandes AVCs nos hemisférios cerebrais ou AVC hemorrágicos no tronco encefálico constituem um risco imediato de compressão do tronco encefálico ou hérnia. O diagnóstico se baseia na história clínica e no exame neurológico, com evidências corroboradas por neuroimagens, como tomografia computadorizada (TC) craniana ou ressonância nuclear magnética (RNM) cranioencefálica.

Compressão da medula espinhal

A compressão da medula espinhal, aguda em virtude de lesão traumática ou enfarte da medula espinhal, ou subaguda em virtude de lesão da massa primária ou metastática comprimindo a medula espinhal, requerem diagnóstico e tratamento urgente. Os pacientes podem desenvolver perda irreversível da função neurológica e, em alguns casos, da função respiratória. A suspeita de síndrome de compressão da medula espinhal se baseia na história e nos achados dos exames físicos, sendo confirmada por neuroimagens (RNM) dos segmentos suspeitos da medula espinhal. A descompressão cirúrgica ou tratamento com altas doses de esteroides se faz necessário para reduzir o edema do tecido da medula espinhal e para evitar a perda da função neurológica.

Mielite transversa

A mielite transversa é uma lesão inflamatória aguda na medula espinhal, que geralmente afeta um ou dois segmentos da medula espinhal. Os pacientes podem apresentar uma síndrome de fraqueza na medula espinhal, dormência e incontinência intestinal/urinária. Dependendo do local da lesão, o controle dos músculos respiratórios pode ser afetado e se tornar uma ameaça à vida. O diagnóstico depende da história clínica e do exame físico, seguidos por neuroimagens (RNM) da medula espinhal e de punção lombar com exame do LCR. Se reconhecida na fase inicial, o tratamento com altas doses de corticosteroides por via intravenosa pode reduzir o edema e evitar uma maior perda da função.

Encefalomielite disseminada aguda

A encefalomielite disseminada aguda é uma doença desmielinizante central que surge após uma infecção (geralmente viral) ou vacinação, ou, às vezes, de forma espontânea. Os pacientes apresentam uma encefalite aguda, podendo ser acometidos de declínio neurológico rápido com coma e convulsões. A RNM cranioencefálica e da medula espinhal revelam lesões características. Os pacientes necessitam corticoterapia intravenosa, como a metilprednisolona. Se a resposta aos esteroides for insuficiente, a plasmaférese ou a imunoglobulina intravenosa podem ser utilizadas.[62][63]

Neuropatia vasculítica

Deve-se suspeitar de vasculite em pacientes que apresentam a síndrome clínica de mononeurite múltipla (dor, seguida por parestesias e fraqueza em múltiplas distribuições de um único nervo periférico), e é necessária avaliação urgente para confirmar o diagnóstico. Devem ser solicitados exames iniciais para marcadores específicos da doença. A terapia imunossupressora deve ser iniciada o mais cedo possível. Se não forem tratados, os pacientes provavelmente experimentarão uma perda maior da função neurológica e danos devastadores em vários órgãos. O diagnóstico definitivo requer uma biópsia de tecido.

Convulsões focais

As convulsões focais (antes conhecidas como crises parciais) que afetam o córtex somatossensorial podem causar episódios estereotipados de sintomas sensoriais na hemiface e/ou hemicorpo, como parestesias transitórias. Estas podem constituir eventos isolados ou serem parte da aura que ocorre no início uma convulsão focal complexa. O eletroencefalograma (EEG) pode identificar atividade epileptiforme, ou uma anormalidade localizada focal. As neuroimagens podem revelar evidência de uma lesão estrutural ou outro processo que tenha causado a convulsão. É importante identificar esse subgrupo de pacientes, já que eles podem ser tratados de modo efetivo com medicamentos anticonvulsivantes.

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