Abordagem
De acordo com as diretrizes dos EUA, o diagnóstico de caxumba se baseia no quadro clínico, na anamnese e nos resultados de exames laboratoriais.[30] O diagnóstico clínico pode ser feito quando o paciente apresenta um caso típico de parotidite; entretanto, todos os casos suspeitos devem ser confirmados por sorologia, cultura ou reação em cadeia da polimerase.[31]
História
A infecção de caxumba geralmente começa com um pródromo de febre baixa, mal-estar, cefaleia, mialgias e anorexia.[2] O inchaço das parótidas está presente em 95% das pessoas com caxumba sintomática e, geralmente, dura 5 dias.[1][32] Na era pós-vacina, a maioria dos casos de caxumba ocorre em adultos jovens e estudantes universitários.
Nos países sem vacinação contra a caxumba, as crianças são a faixa etária mais comumente afetada.[3] É importante obter a história de vacinação. Os indivíduos totalmente vacinados podem contrair essa doença, mas têm um risco muito mais baixo de caxumba e suas complicações.[1]
As complicações associadas à caxumba incluem orquite, ooforite, meningite asséptica, encefalite (aproximadamente 0.1% das pessoas com caxumba), mastite e surdez (geralmente unilateral).[1] Elas podem ocorrer na ausência de parotidite, possivelmente retardando o diagnóstico da doença.
Investigações
Todos os casos suspeitos de caxumba devem ser confirmados por exames laboratoriais.[31] O exame laboratorial também é útil nas manifestações atípicas sem parotidite.
Hemograma completo
Em geral, a contagem leucocitária e a contagem diferencial estão normais. Entretanto, a leucocitose tem sido observada na meningite, na orquite ou na pancreatite por caxumba.[2]
Sorologia
O teste sérico de IgM não deve ser realizado antes de 3 dias após o início dos sintomas clínicos, sendo o momento ideal para o teste de IgM sugerido 7 a 10 dias após o início dos sintomas.[33] Um teste de IgM positivo para caxumba indica uma infecção bem recente.[34] O teste geralmente permanecerá positivo por até 4 semanas. No entanto, resultados falso-negativos podem ocorrer nos indivíduos com infecção por caxumba aguda que tiverem sido vacinados anteriormente.[35] Um título de IgM negativo em uma pessoa anteriormente vacinada não descarta infecção aguda, pois a IgM não é um constituinte principal da resposta imune secundária. Se a IgM inicial for negativa em uma pessoa vacinada, uma segunda amostra deverá ser coletada caso tenha ocorrido uma resposta de IgM tardia.[34]
A sorologia de imunoglobulina G (IgG) para caxumba será diagnóstica se houver um aumento de 4 vezes entre os títulos da fase aguda e convalescente nos níveis de anticorpo IgG. O título agudo deve ser colhido aproximadamente 4 dias depois do início dos sintomas originais. A amostra convalescente deve ser colhida 2-3 semanas depois do início dos sintomas. Um aumento de 4 vezes demonstrado por ensaio quantitativo ou uma soroconversão de negativo para positivo em imunoensaio enzimático é considerado diagnóstico.[34] Esse aumento poderá não ser observado nas pessoas vacinadas; portanto, um teste negativo não descarta infecção por caxumba.[2]
Teste de saliva
No Reino Unido, o teste de IgM de caxumba da glândula salivar é o padrão. O padrão de resposta e precisão é muito semelhante ao de IgM sérica.[36]
Ensaios de reação em cadeia da polimerase
O uso da reação em cadeia da polimerase possibilita uma confirmação mais rápida e precisa de caxumba. O teste é feito diretamente na amostra clínica, de preferência na saliva. O ensaio de reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR) usando um pequeno fragmento de gene específico pode confirmar a infecção, identificar a cepa viral específica e avançar os estudos epidemiológicos.[2]
Em estudos comparativos, a RT-PCR foi universalmente mais sensível que técnicas de cultura viral.[2] Em um estudo de pessoas com um diagnóstico clínico de doença viral do sistema nervoso central (SNC), o vírus da parotidite foi detectado por RT-PCR no líquido cefalorraquidiano (LCR) em 96% dos pacientes, enquanto apenas 39% dos pacientes tinham culturas de LCR positivas por coloração imuno-histoquímica.[37]
Cultura viral
O isolamento viral seletivo tem sucesso limitado porque a replicação do vírus da parotidite é transitória. O vírus tem sido isolado com frequência no LCR, na saliva, na urina ou no líquido seminal durante a primeira semana dos sintomas clínicos; o isolamento viral bem-sucedido diminui significativamente depois da primeira semana.[2] A presença do vírus é detectada por coloração de imunofluorescência da amostra.
Embora a viremia seja comum, o isolamento do vírus da parotidite no sangue é raro e normalmente só é possível nos primeiros 2 dias de doença.[38] A impossibilidade de isolar o vírus da parotidite no sangue talvez se deva à presença coincidente de anticorpos ao vírus.[2]
Amilase sérica
O nível pode estar elevado na parotidite e na pancreatite por caxumba (cujos sintomas incluem dor abdominal, calafrios, febre e vômitos persistentes), mas esse teste é inespecífico.[2]
Se houver suspeita de complicações neurológicas (por exemplo, cefaleia grave, torpor, sinais neurológicos focais), a análise do LCR e as tomografias computadorizadas (TCs) de crânio podem ser usadas para descartar outra patologia.
LCR
Celularidade no LCR: a linfocitose é predominante em meningite e encefalite por caxumba.[2] A pleocitose pode se desenvolver em 50% das pessoas com caxumba.[32]
Pressão e glicose no LCR: geralmente normal.[2] A proteína no LCR geralmente é normal. No entanto, há relatos de concentrações de proteína elevadas.[2]
Exames por imagem
A TC de crânio poderá ser usada como exame inicial se houver sintomas neurológicos focais, incluindo anormalidades sensoriais ou motoras, alterações de visão ou anormalidades cognitivas.
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