Abordagem

Exaustão por calor

A exaustão por calor, uma forma mais leve de doença relacionada ao calor, pode se manifestar com sinais e sintomas inespecíficos. O tratamento deve focar na remoção do paciente das fontes de calor e no aumento dos mecanismos intrínsecos de dispersão de calor.[18] Isso pode incluir tirar a roupa, molhar a pele para ajudar no resfriamento evaporativo e garantir que a sudorese não está comprometida por depleção de volume.[32] A depleção de volume leve pode ser definida como uma perda de <3% do peso corporal total.[23] Os pacientes com depleção de volume leve podem apresentar sintomas e sinais como sede ou membranas mucosas secas, embora os achados clínicos individuais não sejam confiáveis quando analisados de maneira isolada.[24]

A exaustão por calor hiponatrêmica é um caso especial e deve ser descartada antes de se hidratar um paciente exausto pelo calor, pois a administração de fluidos hipotônicos, como água, pode agravar a hiponatremia associada ao exercício.[18][19] Todos os pacientes que apresentarem sinais de depleção de volume significativa (como tontura postural grave, hipotensão postural ou taquicardia) ou hiponatremia, ou distúrbios significativos do sistema nervoso central, devem ser transferidos para um centro médico para uma melhor avaliação e manejo.[23][24] A temperatura central e o equilíbrio eletrolítico devem ser monitorados durante o tratamento.

Hipertermia

O tratamento inicial de golpe de calor em adultos concentra-se na redução rápida da temperatura central.[33] Isso pode iniciar em campo (por exemplo, por meio de resfriamento externo) antes que o diagnóstico definitivo seja feito. As observações clínicas indicam que o prognóstico está associado ao intervalo do tempo durante o qual a temperatura do paciente permanece elevada. Todos os pacientes devem ser avaliados com uso de protocolos de Suporte Avançado de Vida no Trauma (ATLS) e tratados de maneira adequada. Se necessário, os pacientes devem receber ressuscitação com uso do ABC dos cuidados agudos (protegendo vias áreas [Airway], respiração [Breathing] e circulação [Circulation]).[18][32]

Após a transferência para um centro médico, o resfriamento deve ser mantido. Os métodos de resfriamento podem ser tanto externos como internos; métodos externos são preferíveis.[34][35]

Deve-se administrar infusão intravenosa de soro fisiológico ou solução de Ringer com lactato (solução de Hartmann), quando disponível.[18] As infusões podem exigir de 1 a 1.5 L/hora. Os antipiréticos não são eficazes no tratamento de intermação e não devem ser usados.[18][31][32] Os pacientes com hiponatremia associada a exercícios grave podem precisar de bolus de solução salina hipertônica a 3%.[19]

Resfriamento externo

Os métodos externos incluem resfriamento evaporativo e por imersão.[1][18][34][36]

Resfriamento por imersão

  • Imersão em banho gelado ou mantas de resfriamento utilizadas em conjunto com bolsas de gelo podem ser os métodos mais rápidos de resfriamento.[18][25][36][37] As bolsas de gelo devem cobrir a maior parte possível do corpo.[18][25]

  • As diretrizes sobre intermação por esforço recomendam a imersão imediata em água fria (a remoção de roupas/equipamentos leva tempo e deve ser feita quando o paciente estiver na banheira).[25][38] Há evidências que sugerem que índices de resfriamento aceitáveis (>0.16 °C/minuto [>0.29 °F/minuto]) são possíveis em jogadores de futebol americano quando imersos com seus uniformes e protetores.[39]

  • Pacientes que passam por resfriamento em banho gelado sofrem com frequência de afterdrop (quando a temperatura central continua a cair mesmo após já terem sido retirados do banho). Para prevenir hipotermia iatrogênica, os pacientes costumam ser removidos do banho de gelo assim que tiverem alcançado uma temperatura central de 37.8 °C (100 °F), embora haja evidências que sugiram que o resfriamento a 38.6 °C (101.5 °F) possa ser mais seguro, prevenindo afterdrop central.[1][32][34][40] Foi relatado o uso de hipotermia terapêutica, com resfriamento a 33 °C (91.4 °F), mas isso ainda não foi amplamente estudado.[41] Os médicos devem estar atentos a temperaturas retais falsamente elevadas devido a efeitos isoladores de massa corporal.[42]

  • A imersão pode ser uma técnica preferível no tratamento de pacientes para os quais a exposição da pele é culturalmente proibida.

  • No entanto, a imersão pode produzir dificuldades de acesso em caso de parada cardíaca e bradicardia devido ao fato de o reflexo de mergulho não ser incomum. Nesses casos, métodos evaporativos podem ser preferíveis.[1]

Resfriamento evaporativo

  • A pele do paciente é exposta ao ar quente a 45 °C (113 °F), que passa pelo corpo enquanto água fria a 15 °C (59 °F) é borrifada, acelerando a dissipação do calor. As taxas de resfriamento com essa técnica foram medidas em 0.31 °C/minuto (0.5 °F/minuto).[34]

  • O resfriamento evaporativo pode ser preferido em pacientes idosos ou naqueles com estado mental comprometido devido a dificuldades técnicas em realizar ressuscitação em um paciente imerso.

Resfriamento interno

Métodos de resfriamento interno são eficazes na redução rápida da temperatura.[43] As lavagens gástrica, retal e da bexiga com água fria podem ser prontamente realizadas. As lavagens peritoneal e torácica com fluido isotônico frio também podem ser usadas, mas são mais invasivas, de modo que são usadas apenas nos casos extremos. As técnicas invasivas de lavagem de cavidades corporais não foram adequadamente estudadas e não devem ser consideradas como tratamento de primeira linha para a intermação.[18] Embora seja raramente necessária, a derivação cardiopulmonar ou plasmaférese também são eficazes como método de resfriamento nesse caso.[44] Não existem dados que ajudem os médicos a determinar quando métodos de resfriamento internos podem ser superiores aos externos. Portanto, os métodos de resfriamento internos devem ser considerados uma abordagem a ser usada quando os métodos de resfriamento externos são inviáveis ou ineficazes.

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