Epidemiologia

A Salmonella é uma das causas identificadas mais comuns de enfermidades transmitidas por alimentos na Europa e nos EUA, e é uma das quatro causas globais principais de doenças diarreicas.[4][5][6][7][8] WHO: Salmonella (non-typhoidal) fact sheet Opens in new window

Campylobacter e Salmonella são as principais causas bacterianas de enterite de origem alimentar, enquanto Clostridioides difficile (C difficile) é o patógeno detectado com mais frequência nos EUA em pacientes ambulatoriais adultos com gastroenterite infecciosa aguda em geral.[9][10]​​​ Estima-se que a salmonelose cause aproximadamente 1.35 milhão de doenças a cada ano nos EUA, com 26,500 hospitalizações e 420 mortes.[11]

Aproximadamente 12,500 casos de infecção por Salmonella de isolados do trato gastrointestinal inferior foram relatados no Reino Unido em 2006; a espécie mais comum foi a S enteritidis.[12] Nos EUA, a taxa de incidência de infecção é de aproximadamente 16 casos por 100,000 habitantes.[9]​​A Salmonella é responsável por 30% de todas as mortes associadas a doenças transmitidas por alimentos nos EUA.[6]

Lactentes e crianças pequenas são os grupos com maior risco de contrair a doença, embora espécies não tifoides de Salmonella também sejam uma causa frequente de gastroenterite em adultos. Além disso, o risco em idosos é maior que em adultos jovens e de meia idade. Já foram relatados surtos de salmonelose entre idosos que residem em unidades de cuidados de longa permanência.[13] Pessoas nas extremidades etárias também estão em risco de infecções mais graves e complicadas. A maior parte das infecções ocorre durante os meses mais quentes do ano (novembro a abril), de modo similar a outros (mas não todos) tipos de doenças transmitidas por alimentos.

Enquanto aves são o alimento mais frequentemente implicado em mortes decorrentes de infecção por Salmonella, produtos crus correspondem a quase metade de todos os surtos.[9][14]​​[15]​ Um surto de salmonelose que abrangeu todo o país (S Saintpaul) ocorreu nos EUA em 2008, resultando em 1500 casos documentados; 21% dos pacientes foram internados.[16] Pimentas jalapeño e/ou serrano foram responsabilizadas pelo surto, destacando a importância de se evitar a contaminação de produtos perecíveis crus.[16] Surtos de vários estados ligados à carne moída também foram investigados nos EUA.[17]

Um aumento no número de aves criadas em ambiente domiciliar nos EUA resultou no crescimento do número de infecções por Salmonella ligadas ao contato com aves de quintal.[18]

A infecção por espécies não tifoides de Salmonella também é comum em países de renda baixa e média da Ásia, África e América do Sul, onde é causa importante de diarreia em lactentes e crianças.[19][20][21]​ Um estudo estimou que 93.8 milhões de casos de gastroenterite causada por espécies de Salmonella ocorram em todo o mundo a cada ano.[22] Uma análise sistemática para o estudo Global Burden of Disease de 2019 estima que a Salmonella não tifoide foi responsável por 215,000 mortes no mundo todo (IC de 95% 135,000-327,000), com 40% das portes atribuíveis a infecções da corrente sanguínea.[23]

Além da gastroenterite, infecções invasivas da corrente sanguínea por Salmonella não tifoide ocorrem especialmente entre crianças com malária e desnutrição e em adultos com HIV.

A incidência anual de doença por Salmonella não tifoide invasiva em crianças na África é de 175-388 por 100,000 casos, em comparação com 1 por 100,000 casos em países de alta renda.[24] A maioria dos casos invasivos na África Subsaariana é causada por linhagens específicas de S Typhimurium resistente a múltiplos medicamentos (não tifoide).[25][26][27]​​ As pessoas que vivem com HIV/AIDS apresentam um aumento do risco de infecção e as evidências genéticas e epidemiológicas sugerem a disseminação de pessoa para pessoa.[28][29][30]

Viajantes podem adquirir Salmonella como causa de diarreia do viajante, mas geralmente isso é raro em comparação com outras causas de diarreia do viajante, como Escherichia coli (E Coli) enterotoxigênica.[31]

Estado de portador crônico

O estado de portador crônico é definido como uma coprocultura ou urocultura positiva para Salmonella 12 meses ou mais após a enfermidade aguda.[32]

O estado de portador crônico de espécies não tifoide de Salmonella ocorre em 0.5% dos casos, em comparação com 3% dos casos de S Typhi).[33] O estado de portador por mais de um ano é incomum, e o estado de portador vitalício não foi demonstrado, ao contrário de S Typhi.[34] Certos grupos têm risco maior de se tornarem portadores crônicos, inclusive lactentes, mulheres, pacientes com litíase biliar ou nefrolitíase e pacientes coinfectados por Schistosoma haematobium.

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