Abordagem

A gravidade da cólica infantil é extremamente subjetiva e depende da tolerância dos pais. Defende-se a tranquilização e a educação dos pais, mas as evidências de eficácia são escassas.[30][31][32]

Alguns pais ficam tão exaustos com o choro, que precisam se afastar da criança, e eles devem ser orientados a fazer isso. Deve-se estimular os pais a discutirem seus sentimentos e preocupações entre si, para suporte emocional mútuo.[21]

Recomendações gerais

A super ou a subalimentação da criança deve ser evitada. Recomenda-se alimentar o lactente em posição semiereta para evitar a aerofagia e deve-se favorecer a eructação adequada da criança após cada alimentação.

Não existe base científica para o uso de chupetas. Os pais podem pegar a criança no colo e niná-la o quanto quiserem. Evitar estímulos em excesso pode beneficiar os lactentes com cólica.[28]

Nenhuma intervenção comportamental, alimentar ou farmacológica é fortemente recomendada.[30][33] Uma revisão Cochrane revelou evidências de baixa qualidade para sugerir que a massagem no lactente pode reduzir o tempo de choro ou de desconforto.[34] São necessários ensaios clínicos metodologicamente robustos.

Lactentes

Mães nutrizes devem continuar amamentando.[35]

O uso de alimentação hipoalergênica deve ser considerado para mães nutrizes, pelo menos no caso de lactentes com cólica intensa ou com características atópicas, como dermatite atópica (lesões cutâneas eczematosas), asma (sibilância, tosse) e rinite alérgica (olhos vermelhos, espirros).[35] Essas mães devem considerar a eliminação do leite bovino de sua alimentação e evitar substâncias potencialmente alergênicas, como cafeína, chocolate, ovos e nozes.[32][35]​​

Lactentes alimentados com fórmula

Em bebês alimentados com mamadeira, o furo no bico da mamadeira deve ser do tamanho correto para cada criança. Furos ou fendas no bico devem ser aumentados no caso de bebês que sugam com entusiasmo; caso contrário, a criança não consegue sugar o leite suficientemente rápido e acaba engolindo ar em excesso. Mamadeiras anticólica podem ajudar a reduzir a deglutição de ar.[21]

Fórmulas hipoalergênicas

Pode ter um efeito benéfico no manejo de alguns lactentes com cólica infantil. Nas crianças alimentadas com fórmulas, a cólica pode melhorar após uma mudança de uma fórmula padrão à base de leite bovino para uma fórmula alternativa. Entretanto, o consenso é que essa mudança para uma outra fórmula geralmente não é necessária para as crianças alimentadas com fórmulas que apresentem cólica leve a moderada.[35]

Crianças com cólica intensa, especialmente aquelas com características atópicas ou uma história familiar forte de atopia, podem se beneficiar de uma fórmula hipoalergênica, como hidrolisados de soro de leite ou hidrolisados de caseína.[32][35]​​​ Usam-se testes de desencadeamento alimentar periódicos em intervalos mensais para se garantir que a melhora está relacionada à modificação alimentar, e não é resultado de uma remissão natural.[35] Uma revisão Cochrane constatou que os benefícios atribuídos às fórmulas hidrolisadas foram inconsistentes.[33]

Fórmulas de soja e fórmulas suplementadas com fibras devem ser evitadas na maioria dos lactentes

De modo geral, deve-se evitar o uso de fórmulas à base de soja no tratamento da cólica infantil, porque a proteína da soja é um alérgeno importante na primeira infância e seu uso pode ter efeitos prejudiciais em longo prazo na saúde reprodutiva.[35][36][37][38] Além disso, existem preocupações quanto aos riscos potenciais para os lactentes que recebem suas únicas fontes de nutrição delas. Em particular, o uso de fórmulas baseadas em soja deve ser evitado nos lactentes prematuros e naqueles com hipotireoidismo congênito.

Descobriu-se que fórmulas suplementadas com fibra não apresentam nenhum efeito no tratamento da cólica.[39]

Cólica persistente

Embora alguns lactentes não respondam bem ao tratamento acima descrito e o nível de sofrimento dos pais possa ficar muito elevado durante as sessões de choro da cólica, deve-se tranquilizá-los informando-os que essa condição vai passar naturalmente e a criança continuará com o crescimento pôndero-estatural.[21][32]

Medicamentos não são indicados

Os medicamentos que são de uso seguro nos primeiros meses de vida não apresentaram nenhum benefício. Embora a dicicloverina (diciclomina) tenha sido considerada um medicamento eficaz para o tratamento da cólica infantil, ela é contraindicada para crianças <6 meses de idade após de relatos de dificuldades respiratórias, apneia, coma e morte associadas a ela.[21]

Não há evidências para apoiar o uso da simeticona como agente analgésico para cólicas infantis.[40]

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