As causas obstétricas podem ser divididas pela presença no início ou no final da gestação. As condições que duram por toda a gestação foram categorizadas de acordo com o sistema anatômico. Para simplificar, foram incluídas somente as condições que ocorrem mais comumente antes do parto (antes de o trabalho de parto começar), em vez das presentes durante ou pós-parto.
Início da gestação
Gravidez ectópica
Geralmente diagnosticada no primeiro trimestre, a maioria afeta as tubas uterinas.[5]Seeber BE, Barnhart KT. Suspected ectopic pregnancy. Obstet Gynecol. 2006 Feb;107(2 Pt 1):399-413.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16449130?tool=bestpractice.com
Fortemente associada a condições que danificam as tubas uterinas, como doença inflamatória pélvica (DIP), gravidez ectópica prévia e cirurgia tubária prévia.
Também associada às usuárias de dispositivo intrauterino (DIU) e a mulheres que engravidaram por meio de tecnologias reprodutivas assistidas.[6]Xiong X, Buekens P, Wollast E. IUD use and the risk of ectopic pregnancy: a meta-analysis of case-control studies. Contraception. 1995 Jul;52(1):23-34.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8521711?tool=bestpractice.com
A incidência de gravidez ectópica após técnicas de reprodução assistida parece estar diminuindo com o tempo.[7]Santos-Ribeiro S, Tournaye H, Polyzos NP. Trends in ectopic pregnancy rates following assisted reproductive technologies in the UK: a 12-year nationwide analysis including 160 000 pregnancies. Hum Reprod. 2016 Feb;31(2):393-402.
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[8]Perkins KM, Boulet SL, Kissin DM, et al. Risk of ectopic pregnancy associated with assisted reproductive technology in the United States, 2001-2011. Obstet Gynecol. 2015 Jan;125(1):70-8.
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Aborto espontâneo
Geralmente ocorre antes da 12ª semana, com aproximadamente 50% de todos os casos de perda gestacional precoce em decorrência de anormalidades cromossômicas fetais.[9]American College of Obstetricians and Gynecologists' Committee on Practice Bulletins-Gynecology. ACOG practice bulletin no. 200: early pregnancy loss. Obstet Gynecol. 2018 Nov;132(5):e197-207.
https://journals.lww.com/greenjournal/fulltext/2018/11000/acog_practice_bulletin_no__200__early_pregnancy.41.aspx
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[10]Stephenson MD, Awartani KA, Robinson WP. Cytogenetic analysis of miscarriages from couples with recurrent miscarriage: a case-control study. Hum Reprod. 2002 Feb;17(2):446-51.
https://academic.oup.com/humrep/article/17/2/446/568974
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11821293?tool=bestpractice.com
[11]Menasha J, Levy B, Hirschhorn K, et al. Incidence and spectrum of chromosome abnormalities in spontaneous abortions: new insights from a 12-year study. Genet Med. 2005 Apr;7(4):251-63.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15834243?tool=bestpractice.com
[12]Wu X, Su L, Xie X, et al. Comprehensive analysis of early pregnancy loss based on cytogenetic findings from a tertiary referral center. Mol Cytogenet. 2021 Dec 4;14(1):56.
https://molecularcytogenetics.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13039-021-00577-8
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Outras causas incluem a gestação múltipla, a patologia uterina (por exemplo, miomas) os medicamentos citotóxicos, a radiação e as condições sistêmicas (por exemplo, síndrome antifosfolípide).
Síndrome da hiperestimulação ovariana (SHEO)
Pelo menos 2% das gestações em países industrializados são consequências de técnicas avançadas para tratamento de infertilidade, como a fertilização in vitro.[13]Human Fertilisation and Embryology. Fertility treatment 2023: trends and figures. Jun 2025 [internet publication].
https://www.hfea.gov.uk/about-us/publications/research-and-data/fertility-treatment-2023-trends-and-figures
A SHEO grave é uma complicação iatrogênica com potencial de risco de vida, que ocorre em aproximadamente 0.5% a 2% das mulheres submetidas à estimulação com gonadotrofinas.[14]Medwin C, Rozen G, Agresta F, et al. The ovarian hyperstimulation that truly matters: admissions, severity and prevention strategies. Aust N Z J Obstet Gynaecol. 2023 Aug;63(4):583-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37062907?tool=bestpractice.com
[15]Tomás C, Colmorn L, Rasmussen S, et al. Annual incidence of severe ovarian hyperstimulation syndrome. Dan Med J. 2021 Jan 26;68(2):A12190738.
https://ugeskriftet.dk/dmj/annual-incidence-severe-ovarian-hyperstimulation-syndrome
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[16]Courbiere B, Oborski V, Braunstein D, et al. Obstetric outcome of women with in vitro fertilization pregnancies hospitalized for ovarian hyperstimulation syndrome: a case-control study. Fertil Steril. 2011 Apr;95(5):1629-32.
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O risco de SHEO é maior em mulheres jovens com síndrome do ovário policístico ou baixo índice de massa corporal.[17]Schirmer DA 3rd, Kulkarni AD, Zhang Y, et al. Ovarian hyperstimulation syndrome after assisted reproductive technologies: trends, predictors, and pregnancy outcomes. Fertil Steril. 2020 Sep;114(3):567-78.
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Casos graves de SHEO são caracterizados pelos ovários aumentados, ascite, aumento da viscosidade sanguínea e disfunção renal ou hepática.[18]Al-Shawaf T, Grudzinskas JG. Prevention and treatment of ovarian hyperstimulation syndrome. Best Pract Res Clin Obstet Gynecol. 2003 Apr;17(2):249-61.
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Final da gestação
Trabalho de parto prematuro
Pode ser desencadeado por nefrolitíase, infecções do trato urinário (ITUs, especialmente a pielonefrite), síndrome de hemólise, enzimas hepáticas elevadas e plaquetopenia (HELLP), descolamento da placenta (envolvida em 10% dos partos prematuros), corioamnionite e apendicite.[19]Leitich H. Controversies in diagnosis of preterm labour. BJOG. 2005 Mar;112 Suppl 1:61-3.
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A cistite aguda pode irritar o segmento uterino e desencadear as contrações uterinas.
Ocorre mais provavelmente pelo manejo não cirúrgico da colecistite, em comparação com às que se submetem à colecistectomia.[20]Curet MJ. Special problems in laparoscopic surgery: previous abdominal surgery, obesity, and pregnancy. Surg Clin North Am. 2000 Aug;80(4):1093-110.
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Corioamnionite
Complica de 1% a 5% das gestações a termo e é observada em cerca de 25% dos partos prematuros.[21]Goldenberg RL. The management of preterm labour. Obstet Gynecol. 2002 Nov;100(5 Pt 1):1020-37.
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Os micro-organismos associados incluem Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis, Gardnerella vaginalis, Peptostreptococcus e espécies de Bacteroides.
Risco aumentado após a biópsia da vilosidade coriônica (BVC) e a amniocentese.
Ruptura uterina
Alto risco em pacientes que passaram por cirurgia uterina prévia (por exemplo, parto cesáreo, miomectomia).[22]Turner MJ. Uterine rupture. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2002 Feb;16(1):69-79.
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Descolamento da placenta
Geralmente associado a sangramento vaginal.[23]Oyelese Y, Ananth CV. Placental abruption. Obstet Gynecol. 2006 Oct;108(4):1005-16.
https://www.doi.org/10.1097/01.AOG.0000239439.04364.9a
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17012465?tool=bestpractice.com
[24]Tikkanen M, Nuutila M, Hiilesmaa V, et al. Clinical presentation and risk factors of placental abruption. Acta Obstet Gynecol Scand. 2006;85(6):700-5.
https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1080/00016340500449915
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16752262?tool=bestpractice.com
Os fatores de risco incluem a idade materna ≥35 anos, gestação gemelar, tabagismo, cocaína e uso de outras drogas, várias gestações, hipertensão crônica, pré-eclâmpsia grave a leve, ruptura prematura de membranas, oligoidrâmnios e corioamnionite.[23]Oyelese Y, Ananth CV. Placental abruption. Obstet Gynecol. 2006 Oct;108(4):1005-16.
https://www.doi.org/10.1097/01.AOG.0000239439.04364.9a
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[24]Tikkanen M, Nuutila M, Hiilesmaa V, et al. Clinical presentation and risk factors of placental abruption. Acta Obstet Gynecol Scand. 2006;85(6):700-5.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16752262?tool=bestpractice.com
Síndrome de hemólise, enzimas hepáticas elevadas e plaquetopenia (HELLP)
Caracterizada por anemia hemolítica, enzimas hepáticas elevadas e trombocitopenia.
Uma forma grave de pré-eclâmpsia (às vezes chamada de "pré-eclâmpsia atípica").[25]Erez O, Romero R, Jung E, et al. Preeclampsia and eclampsia: the conceptual evolution of a syndrome. Am J Obstet Gynecol. 2022 Feb;226(2s):S786-803.
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8941666
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35177220?tool=bestpractice.com
Esteatose hepática aguda da gravidez
Condição rara, mas com risco de vida, caracterizada pela infiltração gordurosa microvesicular do fígado.
Isso ocorre com maior frequência no terceiro trimestre.[26]Westbrook RH, Dusheiko G, Williamson C. Pregnancy and liver disease. J Hepatol. 2016 Apr;64(4):933-45.
https://www.journal-of-hepatology.eu/article/S0168-8278(15)00788-6/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26658682?tool=bestpractice.com
Encarceramento do útero gravídico
Uma condição rara que ocorre quando o útero em crescimento fica preso na pelve entre a sínfise púbica e o promontório sacral, impedindo sua transição de órgão pélvico para abdominal.[27]Shnaekel KL, Wendel MP, Rabie NZ, et al. Incarceration of the gravid uterus. Obstet Gynecol Surv. 2016 Oct;71(10):613-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27770131?tool=bestpractice.com
Se não for prontamente reconhecido e tratado, o encarceramento do útero gravídico é uma complicação potencialmente devastadora da gravidez.
Estima-se que sua ocorrência seja de aproximadamente 1 em cada 3000 gestações.[28]Samejima K, Matsunaga S, Takai Y, et al. Efficacy of well-planned management in patients with incarcerated gravid uterus: a case series and literature review. Taiwan J Obstet Gynecol. 2021 Jul;60(4):679-84.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1028455921001285
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34247806?tool=bestpractice.com
O encarceramento do útero gravídico é normalmente diagnosticado no segundo trimestre (idade gestacional mediana de aproximadamente 17 semanas na apresentação).[29]Yun F, Fu L, Wen J, et al. Incarceration of the gravid uterus in women with previous cesarean section: case series and literature review. Int J Womens Health. 2025;17:2255-63.
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[30]Ntafam CN, Beutler BD, Harris RD. Incarcerated gravid uterus: a rare but potentially devastating obstetric complication. Radiol Case Rep. 2022 May;17(5):1583-6.
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Ginecológica
Massas anexiais
A incidência de massa anexial na gestação tem sido relatada entre 0.05% e 6%.[31]Gaughran J, Magee C, Mitchell S, et al. Adnexal masses in pregnancy: a single-centre prospective observational cohort study. diagnostics (Basel). 2024 Sep 30;14(19):2182.
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[32]Cathcart AM, Nezhat FR, Emerson J, et al. Adnexal masses during pregnancy: diagnosis, treatment, and prognosis. Am J Obstet Gynecol. 2023 Jun;228(6):601-12.
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[33]Cagino K, Li X, Thomas C, et al. Surgical management of adnexal masses in pregnancy: a systematic review and meta-analysis. J Minim Invasive Gynecol. 2021 Jun;28(6):1171-82.e2.
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[34]Montes de Oca MK, Dotters-Katz SK, Kuller JA, et al. Adnexal masses in pregnancy. Obstet Gynecol Surv. 2021 Jul;76(7):437-50.
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[35]Webb KE, Sakhel K, Chauhan SP, et al. Adnexal mass during pregnancy: a review. Am J Perinatol. 2015 Sep;32(11):1010-6.
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As massas pélvicas devem ser consideradas cancerosas, até que se prove o contrário. A grande maioria dos cistos anexiais em pacientes do sexo feminino em idade reprodutiva são benignos e apresentam resolução espontânea.[32]Cathcart AM, Nezhat FR, Emerson J, et al. Adnexal masses during pregnancy: diagnosis, treatment, and prognosis. Am J Obstet Gynecol. 2023 Jun;228(6):601-12.
https://www.ajog.org/article/S0002-9378(22)02179-2/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36410423?tool=bestpractice.com
No entanto, é prudente considerar a possibilidade de neoplasia maligna.
A torção anexial, e sua recorrência, é mais comum durante a gestação.[36]Young R, Cork K. Intermittent ovarian torsion in pregnancy. Clin Pract Cases Emerg Med. 2017 May;1(2):108-10.
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC5965408
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29849404?tool=bestpractice.com
[37]Hasson J, Tsafrir Z, Azem F, et al. Comparison of adnexal torsion between pregnant and nonpregnant women. Am J Obstet Gynecol. 2010 Jun;202(6):536.e1-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20060090?tool=bestpractice.com
A torção ocorre com mais frequência no lado direito do que no esquerdo.[36]Young R, Cork K. Intermittent ovarian torsion in pregnancy. Clin Pract Cases Emerg Med. 2017 May;1(2):108-10.
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC5965408
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A estimulação ovariana exógena (técnicas de reprodução assistida) é um fator de risco para a torção anexial.[37]Hasson J, Tsafrir Z, Azem F, et al. Comparison of adnexal torsion between pregnant and nonpregnant women. Am J Obstet Gynecol. 2010 Jun;202(6):536.e1-6.
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[38]Spitzer D, Wirleitner B, Steiner H, et al. Adnexal torsion in pregnancy after assisted reproduction - case study and review of the literature. Geburtshilfe Frauenheilkd. 2012 Aug;72(8):716-20.
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A massa anexial que provoca dor abdominal (torção, hemorragia e ruptura) tem maior probabilidade de se manifestar no primeiro trimestre.[39]Wang YX, Deng S. Clinical characteristics, treatment and outcomes of adnexal torsion in pregnant women: a retrospective study. BMC Pregnancy Childbirth. 2020 Aug 24;20(1):483.
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[40]Zucchini S, Marra E. Diagnosis of emergencies/urgencies in gynecology and during the first trimester of pregnancy. J Ultrasound. 2014 Mar;17(1):41-6.
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As massas anexiais consideradas para intervenção incluem aquelas que são:[32]Cathcart AM, Nezhat FR, Emerson J, et al. Adnexal masses during pregnancy: diagnosis, treatment, and prognosis. Am J Obstet Gynecol. 2023 Jun;228(6):601-12.
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[34]Montes de Oca MK, Dotters-Katz SK, Kuller JA, et al. Adnexal masses in pregnancy. Obstet Gynecol Surv. 2021 Jul;76(7):437-50.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34324696?tool=bestpractice.com
persistentes, grandes (>10 cm, presente após o primeiro trimestre)
com aumento do risco de torção
pacientes sintomáticos
a ultrassonografia revelou características sugestivas de neoplasia maligna.
A ruptura de cisto ovariano é rara e pode ocorrer juntamente com uma torção.[41]Barcroft J, Pandrich M, Del Forno S, et al. Evaluating use of two-step International Ovarian Tumor Analysis strategy to classify adnexal masses identified in pregnancy: pilot study. Ultrasound Obstet Gynecol. 2024 Dec;64(6):808-17.
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[42]Asfour V, Varma R, Menon P. Clinical risk factors for ovarian torsion. J Obstet Gynaecol. 2015;35(7):721-5.
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A hemorragia maciça em um cisto ovariano (especialmente um cisto maligno) ocorre raramente e provoca dor similar à da torção.
A hemorragia também pode ocorrer em um cisto de corpo lúteo.[43]Hallatt JG, Steele CH Jr, Snyder M. Ruptured corpus luteum with hemoperitoneum: a study of 173 surgical cases. Am J Obstet Gynecol. 1984 May 1;149(1):5-9.
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[44]Cheah G, Liu J. Rare case of haemoperitoneum secondary to a ruptured ovarian ectopic pregnancy superimposed by a bleeding corpus luteum cyst. BMJ Case Rep. 2024 Jan 29;17(1):e256872.
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No momento da formação do corpo lúteo, há sempre um pequeno sangramento no folículo que liberou o óvulo. Se o sangramento for excessivo, o corpo lúteo se distende com sangue. O tamanho dos cistos varia de 2.5 a 10 cm.
Miomas
A incidência de miomas durante a gravidez é desconhecida; taxas entre 0.1% e 12.5% foram relatadas.[45]Cooper NP, Okolo S. Fibroids in pregnancy: common but poorly understood. Obstet Gynecol Surv. 2005 Feb;60(2):132-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15671902?tool=bestpractice.com
[46]Mitro SD, Peddada S, Chen Z, et al. Natural history of fibroids in pregnancy: National Institute of Child Health and Human Development Fetal Growth Studies - singletons cohort. Fertil Steril. 2022 Oct;118(4):656-65.
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A maior parte do crescimento acontece no início da gestação.[47]Ghosh S, Naftalin J, Imrie R, et al. Natural history of uterine fibroids: a radiological perspective. Curr Obstet Gynecol Rep. 2018;7(3):117-21.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30101039?tool=bestpractice.com
[48]Benaglia L, Cardellicchio L, Filippi F, et al. The rapid growth of fibroids during early pregnancy. PLoS One. 2014;9(1):e85933.
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3896432
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24465797?tool=bestpractice.com
Provoca dor na gestação, principalmente em decorrência da degeneração vermelha (necrobiose), que ocorre em 5% a 10% das gestações entre 12 e 20 semanas.[45]Cooper NP, Okolo S. Fibroids in pregnancy: common but poorly understood. Obstet Gynecol Surv. 2005 Feb;60(2):132-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15671902?tool=bestpractice.com
A dor também pode ser resultante da torção de um mioma pediculado ou da impactação do mioma.[49]Douglas C, Owen A, Muhlmann M. Torted fibroid: a cause of acute abdomen in pregnancy. ANZ J Surg. 2025 Aug 22.
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Urológica
As condições urológicas na gestação constituem um importante desafio diagnóstico, pois o trato urinário passa por alterações anatômicas e fisiológicas profundas que predispõem as gestantes a um aumento do risco para ITUs sintomáticas e formação de nefrolitíase. Os ureteres se dilatam já no primeiro trimestre e permanecem distendidos até após o parto. Isso é provocado principalmente em decorrência da compressão exercida pelo útero em crescimento sobre o sistema coletor, acima da linha terminal. Isso leva à congestão vascular do trato urinário superior, com consequente estase urinária. Essas alterações podem facilitar a agregação de cristais na urina e aumentar o risco de infecção ascendente. As condições a seguir podem ocorrer, como consequência.
infecção do trato urinário (ITU)
Mais frequentemente por Escherichia coli (80% a 90% das ITUs durante a gestação)
Outros bastonetes Gram-negativos isolados: Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae
A incidência aumenta de acordo com o status sócio-econômico, o aumento da idade, a atividade sexual e o diabetes mellitus.
Pielonefrite aguda
Mais comum durante a segunda metade da gestação, como resultado da maior obstrução ureteral e estase urinária[50]Sheffield JS, Cunningham FG. Urinary tract infection in women. Obstet Gynecol. 2005 Nov;106(5 Pt 1):1085-92.
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Geralmente, é unilateral e mais comum no rim direito
E coli é o organismo predominante.
Nefrolitíase
Geralmente ocorre durante o segundo e terceiro trimestres
É três vezes mais provável em mulheres multíparas
Os cálculos ureterais são mais comuns que as nefrolitíases.[51]Cormier CM, Canzoneri BJ, Lewis DF, et al. Urolithiasis in pregnancy: current diagnosis, treatment, and pregnancy complications. Obstet Gynecol Surv. 2006 Nov;61(11):733-41.
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Hidronefrose
É uma condição fisiológica comum na gestação e desaparece rapidamente após o parto.[52]Rasmussen PE, Nielsen FN. Hydronephrosis during pregnancy: a literature survey. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 1988 Mar;27(3):249-59.
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Ocorre mais comumente (90%) após a 20ª semana de gestação, sendo mais evidente em primípara
A dilatação é observada apenas acima da linha terminal e é mais frequentemente no lado direito
A compressão dos ureteres pelo útero (provocando hidronefrose) pode resultar em ataques agudos de dor desencadeados pela obstrução ureteral.
Gastrointestinal
Várias condições gastrointestinais comuns podem complicar a gestação e se manifestar com dor abdominal. Por sua vez, a gestação pode dificultar o diagnóstico dessas condições em virtude das alterações fisiológicas que ocorrem no corpo durante esse período.
Apendicite
A apendicite aguda ocorre aproximadamente a uma taxa de 1:1250 a 1:1500.[53]Kave M, Parooie F, Salarzaei M. Pregnancy and appendicitis: a systematic review and meta-analysis on the clinical use of MRI in diagnosis of appendicitis in pregnant women. World J Emerg Surg. 2019;14:37.
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Não tem um sintoma, sinal ou achado laboratorial único como diagnóstico para apendicite aguda.[54]Humes DJ, Simpson J. Acute appendicitis. BMJ. 2006 Sep 9;333(7567):530-4.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1562475
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16960208?tool=bestpractice.com
O diagnóstico é complicado pelas alterações anatômicas na localização do apêndice, à medida que a gestação evolui.[55]Pastore PA, Loomis DM, Sauret J, et al. Appendicitis in pregnancy. J Am Board Fam Med. 2006 Nov-Dec;19(6):621-6.
https://www.jabfm.org/content/19/6/621.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17090795?tool=bestpractice.com
A avaliação clínica é vital na tomada de decisão quanto à necessidade ou não de manejo cirúrgico.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: O local do apêndice muda à medida que a gestação evoluiChamberlain G. ABC of antenatal care: abdominal pain in pregnancy. BMJ. 1991;302:390-1394. Usado com permissão [Citation ends].
Colecistite
Causada pela colelitíase em >90% dos casos na gestação.[56]Parangi S, Levine D, Henry A, et al. Surgical gastrointestinal disorders during pregnancy. Am J Surg. 2007 Feb;193(2):223-32.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17236852?tool=bestpractice.com
O risco de colelitíase é aumentado pelo relaxamento do músculo liso da vesícula biliar induzido pela progesterona (promovendo a estase da bile) e pelos níveis elevados de estrógenos (aumentando a litogenicidade da bile).
Pancreatite
A colelitíase e a hipertrigliceridemia podem ser causas comuns na gestação.[57]Karsenti D, Bacq Y, Brechot JF, et al. Serum amylase and lipase activities in normal pregnancy: a prospective case-control study. Am J Gastroenterol. 2001 Mar;96(3):697-9.
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[58]Tenner S, Vege SS, Sheth SG, et al. American College of Gastroenterology guidelines: management of acute pancreatitis. Am J Gastroenterol. 2024 Mar 1;119(3):419-37.
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[59]Yang AL, McNabb-Baltar J. Hypertriglyceridemia and acute pancreatitis. Pancreatology. 2020 Jul;20(5):795-800.
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Costuma ocorrer no final do terceiro trimestre, possivelmente em decorrência do aumento da pressão intra-abdominal nos dutos biliares.[60]Tang SJ, Rodriguez-Frias E, Singh S, et al. Acute pancreatitis during pregnancy. Clin Gastroenterol Hepatol. 2010 Jan;8(1):85-90.
https://www.cghjournal.org/article/S1542-3565(09)00881-7/fulltext
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Obstrução intestinal
Incidência aumentando com a maior frequência de cirurgia intra-abdominal, cirurgia pélvica e DIP.
Mais comumente causada por uma obstrução simples, principalmente como resultado de aderências (60% a 70% dos casos) ou volvo (25%).[2]Augustin G, Majerovic M. Non-obstetrical acute abdomen during pregnancy. Eur J Obstet Gynecol Rep Biol. 2007 Mar;131(1):4-12.
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Raramente provocada por intussuscepção, hérnias e neoplasias.
Traumático
As causas traumáticas de dor abdominal não devem ser descartadas em gestantes. A dor abdominal causada por traumatismo contuso afeta de 6% a 7% das gestações, 0.3% das quais requer admissão.[61]Shah KH, Simons RK, Holbrook T, et al. Trauma in pregnancy: maternal and fetal outcome. J Trauma. 1998 Jul;45(1):83-6.
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As causas mais comuns são acidentes em estradas, quedas acidentais e abuso físico. A ruptura esplênica pode ser provocada por violência doméstica.[62]Bljajic D, Ivanisevic M, Djelmis J, et al. Splenic rupture in pregnancy: traumatic or spontaneous event? Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2004 Jul 15;115(1):113-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15223180?tool=bestpractice.com
Musculoesquelético
Apesar de incomum, o hematoma da bainha do reto pode ser causa de dor abdominal na gestação. Trauma, obesidade, esforço, tosse, cirurgia abdominal prévia, patologias vasculares, distúrbios de coagulação, endometriose da bainha do reto, síndrome de Cushing e terapia de anticoagulação podem contribuir para a ocorrência dessa condição.[63]Deb S, Hoo P, Chilaka V. Rectus sheath haematoma in pregnancy: a clinical challenge. J Obstet Gynaecol. 2006 Nov;26(8):822-3.
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