História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

sinais de disfunção orgânica precoce (taquipneia, taquicardia, hipotensão, estado mental alterado) em um paciente com suspeita de sepse

Em pacientes com febre ou hipotermia, leucocitose ou leucopenia, taquipneia e taquicardia, um escore validado, como o escore de determinação da falência orgânica relacionada à sepse (SOFA) rápido à beira do leito, pode detectar o risco de deterioração devido à sepse.[30] Um paciente é considerado de alto risco de um desfecho adverso se pelo menos dois dos três critérios a seguir estiverem presentes: estado mental alterado (Escala de Coma de Glasgow <15), frequência respiratória de 22 respirações por minuto ou mais, ou pressão arterial sistólica de 100 mmHg ou menos.

dor no flanco

Frequentemente, pacientes com obstrução aguda apresentarão dor no flanco, especialmente se a causa for unilateral.

A causa mais comum é a urolitíase, mas causas incomuns, como câncer ou estenose ureteral, também podem ser responsáveis.

Caso o paciente tenha febre, infecção no interior de um sistema obstruído deve ser excluída.

febre

Sugestiva de infecção do trato urinário.

Infecção no local da obstrução representa um forte indicador de intervenção urgente.

sintomas do trato urinário inferior

Sintomas como polaciúria, urgência, diminuição da força do jato e esvaziamento incompleto, são sugestivos de doença ao nível da bexiga ou da saída vesical.

A causa mais comum é hiperplasia prostática benigna; outras causas incluem bexiga neurogênica, estenose uretral e obstrução decorrente de malignidade.

abdome distendido/bexiga palpável

Abdome distendido pode ser decorrente de uma bexiga aumentada, que pode frequentemente ser palpada no abdome inferior, estando maciça à percussão.

incapacidade de urinar

Em combinação com um abdome distendido, isso é praticamente diagnóstico de retenção urinária aguda.

próstata aumentada ou nodular com consistência dura no exame retal

Leve aumento com sulco mediano preservado é condizente com hiperplasia prostática benigna.

Uma massa nodular dura, perda do sulco mediano ou assimetria pode sugerir câncer de próstata.

sensibilidade no ângulo costovertebral

Frequentemente presente em pacientes com obstrução e infecção.

Incomuns

doença neurológica (por exemplo, lesão da medula espinhal, esclerose múltipla)

Disfunção vesical é uma causa comum de uropatia obstrutiva crônica.

Pode haver retenção clinicamente silenciosa.

Outros fatores diagnósticos

comuns

hematúria

Uropatia obstrutiva não causa hematúria, mas muitas afecções que causam obstrução também podem causar hematúria (por exemplo, hiperplasia prostática benigna, urolitíase, infecção, malignidade no interior do trato urinário).

Hematúria também pode causar a retenção de coágulos.

idade mais avançada

Idosos têm maior probabilidade de apresentar hiperplasia prostática benigna, malignidade ou disfunção vesical decorrente de problemas neurológicos.

estreitamento meatal

Pode ser decorrente de massa uretral, fimose ou estenose meatal.

Incomuns

malignidade abdominal ou pélvica

Deve-se suspeitar de obstrução ureteral ou infravesical em pacientes com história de malignidade, principalmente câncer ginecológico ou pélvico.

intervenção uretral prévia

Deve-se suspeitar de doença da estenose uretral em pacientes com história de cateterismo frequente, trauma pélvico ou cirurgia no trato urinário inferior.[10][24]​​[25]

infecção do trato urinário em uma criança

Em lactentes, considere as valvas uretrais posteriores e outras anormalidades anatômicas, como ureterocele, obstrução da junção ureteropélvica e refluxo vesicoureteral.

massa pélvica no exame físico interno

Pode sugerir neoplasia maligna ou prolapso dos órgãos pélvicos.

perda de peso e linfadenopatia

Podem ser encontradas em associação com uropatia obstrutiva se houver malignidade subjacente.

infecção do trato urinário recorrente

Isso pode sugerir obstrução infravesical ou função deficiente do músculo detrusor, resultando em estase urinária, que pode predispor à infecção.

incontinência urinária

Incontinência por transbordamento pode resultar de retenção urinária.

Fatores de risco

Fortes

hiperplasia prostática benigna (HPB)

Pode causar uropatia obstrutiva bilateral aguda e crônica.

Homens com HPB sintomática não tratada apresentam uma incidência de 2.4% de retenção urinária aguda.[13] Fatores de risco para desenvolvimento de retenção urinária em homens com HPB incluem volume da próstata >31 mL, antígeno prostático específico >1.6 micrograma/L (>1.6 nanograma/mL), taxa de fluxo <10.6 mL/segundo, volume residual pós-miccional >39 mL e idade >62 anos.[1]

Existem fatores de risco similares para o desenvolvimento de doença renal crônica.[18]

constipação

Disfunção intestinal é frequentemente encontrada em pacientes com retenção urinária, particularmente mulheres jovens e crianças.[14]

Ela pode agravar a retenção urinária em pacientes que já apresentem outros fatores de risco, como bexiga neurogênica proveniente de lesão da medula espinhal.

medicamentos (agentes anticolinérgicos, analgésicos opioides, agonistas do receptor alfa)

Os efeitos colaterais de muitos medicamentos incluem retenção urinária.[16]

Pode ser necessária a suspensão do medicamento ou a troca para um medicamento alternativo, dependendo do equilíbrio entre riscos e benefícios.

urolitíase (cálculos ureterais)

A passagem de cálculos renais frequentemente pode causar uropatia obstrutiva unilateral aguda. Cálculos de 5 mm ou menores têm maior probabilidade de serem expelidos espontaneamente, com resolução imediata da obstrução.[19] Cálculos maiores mais provavelmente necessitam de intervenção.

lesão da medula espinhal, doença de Parkinson ou esclerose múltipla

Pacientes com lesões na medula espinhal ou transtornos neurológicos, como doença de Parkinson e esclerose múltipla, frequentemente apresentam comprometimento da bexiga. Em muitos casos, o músculo detrusor deixa de funcionar adequadamente, causando retenção urinária e uropatia obstrutiva. A função anormal do músculo detrusor também pode resultar em pressões de armazenamento elevadas e subsequente comprometimento do trato superior.

Danos progressivos dos rins na esclerose múltipla estão associados à duração desta, à presença de um cateter de demora, a contrações de alta amplitude e à pressão permanentemente elevada do músculo detrusor.[20]

neoplasia maligna

Embora incomuns, as malignidades em muitos locais podem inicialmente se apresentar como uropatia obstrutiva ou podem ser um efeito tardio com a disseminação da doença.[21]

Os tipos mais comuns de malignidade que causam obstrução do trato urinário são prostática, vesical, cervical e do cólon.

valvas uretrais posteriores

Anormalidade anatômica congênita que ocorre no sexo masculino. O distúrbio pode ser diagnosticado por achados característicos na ultrassonografia pré-natal ou pode ser diagnosticado depois que a criança desenvolve uma infecção do trato urinário (ITU).

Neonatos com hidronefrose e ITUs devem ser avaliados por um urologista.

estenose meatal

A estenose meatal pode se tornar uma doença tão grave que os pacientes desenvolvem retenção urinária. Isso é diagnosticado pelo exame físico ou na tentativa de sondagem.

Fracos

gestação

A gestação pode estar associada à obstrução dos rins. A obstrução na gravidez é geralmente unilateral e considerada tanto fisiológica (relacionada ao efeito relaxante muscular da progesterona) quanto anatômica (devido à compressão uterina).[22]

Na maioria dos casos, a hidronefrose da gravidez é benigna, mas pode evoluir para se tornar sintomática, com aumento do risco associado de infecção em <3% dos casos.[22] Pacientes gestantes também podem desenvolver outros distúrbios, como urolitíase, e essas causas devem ser consideradas quando da avaliação da gestante com hidronefrose.

hematúria

Raramente, sangramento originário do trato urinário poderá causar retenção de coágulos, quando houver coágulos sanguíneos bloqueando o fluxo urinário.

Sangramento pode surgir de causas diversas, inclusive HPB, câncer, necrose papilar, malformação arteriovenosa e trauma, ou pode ser secundário à terapia anticoagulante.

hérnia vesical

Uma causa incomum de obstrução do trato urinário é a hérnia vesical para o interior do canal inguinal.[23]

cistocele

Uma cistocele pode causar uma restrição anatômica do trato de saída uretral e acarretar uropatia obstrutiva.

lesão iatrogênica

É possível que um dos ureteres seja danificado durante uma cirurgia abdominopélvica, em virtude da proximidade das estruturas.[10]

intervenção uretral

Há um risco elevado de evoluir para estenose uretral ou estenose meatal depois de intervenção uretral, como cirurgia urológica ou cateterismo.[10][24][25]

fibrose retroperitoneal

Uma condição incomum, mas os pacientes podem apresentar uropatia obstrutiva bilateral devido à compressão extrínseca dos ureteres.[26]

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