Etiologia
Uropatia obstrutiva tem muitas causas, mas todos elas envolvem a interrupção do fluxo urinário pelo bloqueio ou estreitamento de alguma parte do trato urinário.[1] As causas comuns em adultos incluem nefrolitíase, hiperplasia prostática benigna, estenose uretral, bexiga neurogênica, bem como câncer de bexiga e de próstata avançado. Outras causas menos comuns incluem prolapso dos órgãos pélvicos, trauma, lesão iatrogênica durante cirurgia abdominopélvica e neoplasia maligna retroperitoneal. As anomalias congênitas são a causa mais comum na população pediátrica, incluem junção ureteropélvica (JUP) ou obstrução da junção ureterovesical e, normalmente, são identificadas na ultrassonografia pré-natal.
Uropatia obstrutiva unilateral: a uropatia obstrutiva unilateral é mais comumente decorrente de nefrolitíase. Trauma ou lesão iatrogênica a um ureter durante cirurgia abdominopélvica pode causar uropatia obstrutiva em caso de ligação acidental, fechada ou cauterizada.[10] A obstrução unilateral crônica pode resultar de obstrução da JUP congênita ou adquirida, um processo neoplásico que causa compressão extrínseca, bem como estenose ou fibrose retroperitoneal devido à história de radioterapia com latência de vários anos.[10]
Uropatia obstrutiva bilateral: hiperplasia prostática benigna (HPB) pode causar uropatia obstrutiva aguda ou crônica.[11][12] Apesar de a HPB ser uma causa comum de uropatia obstrutiva, a maioria dos pacientes com HPB não desenvolverá obstrução. Em um estudo de mais de 3000 homens, 18 (2.4%) dos 737 homens no grupo placebo desenvolveram retenção urinária aguda, com um acompanhamento médio de 4.5 anos. Nenhum homem no ensaio clínico desenvolveu insuficiência renal decorrente de HPB.[13] Estenoses uretral e meatal podem restringir o fluxo urinário e causar uropatia obstrutiva. Isso pode ser resultante de intervenção prévia. Causas mais raras incluem fibrose retroperitoneal, valvas uretrais posteriores em neonatos do sexo masculino, retenção de coágulos após hematúria, bexiga neurogênica, prolapso dos órgãos pélvicos e hidronefrose na gestação por compressão direta do útero gravídico.
Disfunção intestinal tem sido descrita em mulheres jovens em associação com retenção urinária, surgindo a possibilidade de uma etiologia comum.[14] Constipação pode ser o fator desencadeante de retenção aguda em homens quando há outro fator de risco subjacente, como a HPB. Medicamentos também podem causar retenção urinária, particularmente agentes anticolinérgicos, agonistas do receptor alfa e analgésicos opioides.[15][16] Pacientes com lesões na medula espinhal ou com transtornos neurológicos, como doença de Parkinson e esclerose múltipla, frequentemente apresentam envolvimento da bexiga e, em muitos casos, o músculo detrusor deixa de funcionar adequadamente, causando retenção urinária e uropatia obstrutiva.[15]
Fisiopatologia
Uropatia obstrutiva, independentemente da causa específica, pode acarretar pressão retrógrada renal ao obstruir o fluxo urinário. Isso pode resultar na diminuição do fluxo sanguíneo renal, taxa de filtração glomerular reduzida e up-regulation do sistema renina-angiotensina.[17] Por sua vez, isso pode causar atrofia e apoptose dos túbulos renais e fibrose intersticial com infiltração dos espaços intersticiais por macrófagos.[17] Essas alterações podem causar a diminuição da reabsorção de solutos e água, incapacidade de concentração da urina e excreção deficiente de hidrogênio e potássio.[1]
A obstrução pode, por fim, causar fibrose tubulointersticial, atrofia tubular e inflamação intersticial. Se não for tratada, a nefropatia obstrutiva pode causar danos renais irreversíveis.
Classificação
Classificação clínica
Uropatia obstrutiva pode ser classificada no início como aguda ou crônica, afetando um ou ambos os lados:
Unilateral aguda
Bilateral aguda
Unilateral crônica
Bilateral crônica.
Essa classificação ajuda a delinear a causa da obstrução. Casos unilaterais são mais comumente causados por distúrbios renais, ureterais, retroperitoneais ou de porções da bexiga. Casos bilaterais geralmente são decorrentes de distúrbios vesicais, da próstata e da uretra ou de malignidades pélvicas. Menos comumente, casos bilaterais decorrentes de ocorrência simultânea de causas unilaterais de obstrução nos dois lados.
Classificação clínica: extrínseca ou intrínseca
Isso diferencia a uropatia obstrutiva quanto a ela ser extrínseca ou intrínseca ao trato urinário. Causas extrínsecas incluem massas retroperitoneais e câncer oriundo de órgãos adjacentes. Causas intrínsecas incluem cálculos renais, tumores e hiperplasia prostática benigna.
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