Complicações
É a complicação mais comumente relatada.[57] Associada à infecção pelo Staphylococcus aureus e pelo estreptococo do grupo A (GAS).[96] A característica principal é febre que persiste (ou recorre) por mais de 3 dias após a erupção cutânea primária.
Pacientes com eritemas cutâneos disseminados de forma localizada ou difusa e/ou febre persistente devem ser avaliados quanto a infecções, e é necessário considerar o uso de antibióticos empíricos.
A infecção por estreptococos do grupo A (GAS) pode levar a complicações como a síndrome do choque tóxico estreptocócico, fasciite necrosante, miosite e glomerulonefrite.[97]
Deve-se solicitar uma consulta cirúrgica para avaliar a presença de fasciite necrosante em pacientes que apresentarem, por mais de 2 ou 3 dias após o início da erupção cutânea, sintomas como febre, taquicardia e contagem elevada de bastonetes em associação a lesões eritematosas, endurecidas e dolorosas.[98]
Alguns dados sugerem um aumento do risco de infecções bacterianas da pele na varicela após o tratamento com medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais, de modo que estes devem ser evitados durante o tratamento.[78]
Incomum em crianças; os índices são mais altos em adolescentes, adultos, gestantes, pessoas imunossuprimidas e fumantes.[99][100][101] É a complicação com risco de vida mais comum em adultos, afetando 1 a cada 400 adultos com varicela.[99][102] Os adultos também apresentam maior probabilidade de desenvolver doença pulmonar hemorrágica.[5]
As gestantes podem ter maior probabilidade de desenvolver pneumonia por varicela se apresentarem 100 lesões ou mais e/ou forem fumantes.[103] As gestantes que efetivamente desenvolvem pneumonia apresentam maior risco de óbito.[104]
Manifesta-se de 1 a 6 dias após o início da erupção cutânea, com tosse, dispneia, taquipneia, febre e hipóxia, e às vezes com dor torácica pleurítica ou hemoptise.[91][105]
O raio-X do tórax mostra alterações nodulares ou intersticiais, geralmente com uma distribuição peribrônquica.[105][106]
Manifesta-se com cefaleia e febre, mas é mais classicamente associada à alteração sensorial, e geralmente ocorre em qualquer momento entre 2 e 6 dias após o início da erupção cutânea.[107] Pacientes imunocomprometidos podem apresentar encefalite por varicela sem erupção cutânea.[108]
Pode evoluir para convulsões generalizadas, rigidez da nuca e outros sinais de envolvimento meníngeo.
O líquido cefalorraquidiano tipicamente demonstra proteína total elevada e pleocitose linfocítica.[64]
Complicação neurológica mais comum em crianças abaixo dos 15 anos de idade, ocorrendo em 1 para cada 4000 crianças.[99] Manifesta-se com distúrbio da marcha de base ampla, que ocorre ao longo de alguns dias. Os sintomas associados podem incluir irritabilidade, vômitos, tremor, cefaleia e, raramente, nistagmo, fala indistinta, hipotonia e rigidez da nuca.[64]
O exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) geralmente é normal, mas pode estar associado à concentração elevada de proteína no LCR.
A recuperação completa ocorre entre 2 e 4 semanas, e as complicações em longo prazo são raras.[109]
A hepatite subclínica leve é comum em crianças imunocompetentes, está associada a leve aumento das enzimas hepáticas e recupera-se sem complicações.[112][113]
A hepatite sintomática é uma complicação rara, encontrada principalmente em pacientes imunossuprimidos; está associada a elevação acentuada das enzimas hepáticas e coagulopatia.[114]
As mulheres que desenvolvem a varicela entre 5 e 2 dias antes do parto apresentam um alto risco (17% a 30%) de transmitirem o vírus a seus neonatos. Devido à ausência de imunidade materna ao vírus varicela-zóster, essas crianças apresentam um risco de infecção grave.[21]
A cicatrização desfigurante, que também pode estar associada à formação de queloide, ocorre em cerca de 19% das crianças 1 ano após a varicela, e ocorre com maior frequência na face.[115]
A transmissão da varicela através da placenta pode ocorrer durante uma infecção materna por varicela no primeiro ou segundo trimestres de gestação, embora ela seja rara.[61][116][117][118]
Podem ocorrer danos fetais durante a gestação. Pode se manifestar como lesões cutâneas cicatriciais, hipoplasia ou paresia de membros, microcefalia e lesões oftálmicas.[61][119][120]
Associada ao uso de aspirinas e outros salicilatos. Manifesta-se com vômitos, encefalopatia e distúrbios metabólicos, como hiperamonemia e enzimas hepáticas elevadas.[77]
Como a taxa de fatalidade de crianças com essa síndrome rara chega a atingir até 30%, a aspirina e outros salicilatos não são recomendados para uso durante a varicela.
Até um terço dos pacientes com varicela-zóster primária desenvolverão herpes-zóster ao longo da vida.[11] Tipicamente associada a erupção cutânea com distribuição dermátoma, prurido e dor.
Os pacientes que recebem a imunização contra varicela apresentam índices menores que aqueles que adquirem o vírus da varicela-zóster naturalmente.[121][122][123] Índices reduzidos de herpes-zóster foram demonstrados entre as crianças imunocompetentes que receberam a imunização, quando comparados aos de crianças que adquiriram a infecção por varicela do tipo selvagem.[124][125][126] De forma semelhante, o risco de herpes-zóster em crianças imunocomprometidas também pode ser menor entre as vacinadas contra varicela que entre aquelas que adquiriram a infecção por varicela do tipo selvagem previamente.[125][126][127][128] Entretanto, devido ao acompanhamento de curto prazo da maioria desses estudos, ainda são necessários dados epidemiológicos adicionais para determinar o risco de herpes-zóster em longo prazo nas crianças e adultos que recebem vacinação.[122]
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