Etiologia

As infecções virais que desencadeiam febre são a causa mais comum, com a bacteremia sendo uma causa infrequente.[10][11][14][15][16]

Um estudo de coorte retrospectivo de mais de 900 convulsões febris mostrou que o risco de desenvolver convulsão febril é similar com gripe (influenza), adenovírus ou parainfluenza e é menor do que com vírus sincicial respiratório ou rotavírus. O tipo de infecção viral não foi importante para predizer as características complexas ou recorrências futuras.[17] A frequência dessas infecções não foi significativamente diferente em um grupo-controle de pacientes com febre, mas sem convulsões.

Um estudo prospectivo multicêntrico de crianças com convulsões febris prolongadas revelou que a infecção por HHV-6 comumente estava associada ao estado de mal epiléptico febril; a infecção por herpes-vírus-7 (HHV-7) estava associada de forma menos frequente, mas juntas elas foram responsáveis por um terço do estado de mal epiléptico febril.[18]

A International League Against Epilepsy descreveu uma etiologia monogênica que pode causar um espectro de epilepsias leves a moderadas, como as mutações do SCN1A, que estão associadas com síndrome de Dravet e epilepsia genética com convulsões febris plus (GEFS+). Há uma tendência crescente para definir distúrbios epiléticos recém-descritos, principalmente em termos genéticos, com as características clínicas estando vinculadas aos genótipos.[19] No futuro, o diagnóstico das convulsões febris pode ser influenciado por uma maior compreensão das epilepsias genéticas.[20]

Fisiopatologia

As convulsões febris são dependentes de um limiar convulsivo da temperatura, e isso parece variar de um indivíduo para outro.[12][21][22] A idade exerce um papel importante na susceptibilidade das convulsões febris; o risco de recorrência da convulsão diminui com o avanço da idade. Se houver um limiar de temperatura individual acima do qual uma convulsão febril vai se desenvolver, este limiar é influenciado pela idade: quanto mais velha fica a criança, mais alto é o limiar e menor é o risco.[23] O aumento mínimo da temperatura necessário para diagnosticar febre varia de acordo com as sociedades científicas e os métodos de medição, e vem mudando com o tempo. A febre é geralmente definida como uma temperatura de ≥38.0 °C (100.4 °F).[1]

Um neurotropismo específico ou a propriedade invasiva do sistema nervoso central (SNC) de certos vírus (por exemplo, herpes-vírus-6 humano [HHV-6], influenza A) e a neurotoxina bacteriana (Shigella dysenteriae) têm sido implicados, mas as evidências são inconclusivas.[11] Em alguns casos, o HHV-6 pode invadir o cérebro durante a fase virêmica aguda de exantema súbito. O exantema súbito, antes conhecido como roséola ou sexta doença, é uma enfermidade febril geralmente acompanhada por erupção cutânea, linfadenopatia e sintomas gastrointestinais ou respiratórios. A recorrência de convulsão pode estar associada à reativação do vírus HHV-6. A definição de convulsão febril pode precisar ser modificada para incluir uma encefalite ou encefalopatia leve nesses casos. O tipo - simples ou complexo - pode estar relacionado a um neurotropismo viral ou à gravidade de uma resposta imune de citocinas à infecção.[24]

Classificação

As convulsões febris podem ser classificadas como simples ou complexas, dependendo das características clínicas, duração e recorrência.

As convulsões febris simples são geralmente definidas como crises generalizada primárias com duração inferior a 15 minutos, resolução espontânea e não recorrentes durante um período de 24 horas.[1][2][4] Os resultados do estudo Consequences of Prolonged Febrile Seizures in Childhood (FEBSTAT), um estudo multicêntrico prospectivo de 158 crianças com uma primeira convulsão febril, sugeriram que um limite de tempo superior de 10 minutos de duração pode ser mais apropriado para a definição das convulsões febris simples.[5] A definição amplamente aceita de convulsões febris simples ainda inclui uma duração de até 15 minutos; no entanto, a maioria das convulsões febris dura menos de 10 minutos.[4]

As convulsões febris complexas são definidas por uma ou mais das seguintes características: início focal ou características focais durante a convulsão, duração prolongada (mais de 10-15 minutos), recorrência dentro de 24 horas ou dentro da mesma doença febril ou recuperação incompleta.[1][2][4][6]

Entre 9% e 35% de todas as primeiras convulsões febris são complexas.[6]

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