História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
presença de fatores de risco
Os principais fatores de risco incluem a pouca idade, deficiência de complemento, asplenia ou hiposplenia, residência em dormitório, deficiência de globulinas, contato próximo com infecção meningocócica invasiva, domicílios com muitas pessoas, viagem a região hiperendêmica ou endêmica e profissionais de laboratórios.
início rápido da doença e deterioração rápida
As infecções meningocócicas geralmente evoluem de modo rápido. Uma doença febril persistindo por >24 horas sem evolução não tem probabilidade de ser causada pela Neisseria meningitidis.[41]
febre
A febre sustentada ocorre na maioria das infecções meningocócicas.No entanto, nem sempre há presença de febre, especialmente nos neonatos.[47]
dor nas pernas
Até 72% das crianças e dos adultos com meningococcemia queixam-se de doir nas pernas, que é um sinal inicial de sepse.[41]
convulsões
dor e rigidez na nuca
A dor e a rigidez cervicais são causadas por inflamação das meninges.A rigidez de nuca é um sinal comum de meningite, mas não está presente de modo confiável nos lactentes menores.
paresia
Pode ser causada por irritação meníngea.
cefaleia
Um sintoma inespecífico precoce.
fotofobia
Pode ser causada por irritação meníngea.
estado mental alterado
A alteração do estado mental (incluindo confusão ou delirium) é frequentemente observada nos pacientes com meningococcemia ou meningite.[4] Uma ou mais complicações neurológicas (comprometimento da consciência, convulsões ou anormalidades neurológicas focais) são observadas em 30% a 40% dos pacientes.[49]
alteração do nível de consciência
Sinal comum de infecção grave, incluindo meningite e sepse, e é observada em até 50% dos pacientes com infecções meningocócicas.[41] Uma ou mais complicações neurológicas (comprometimento da consciência, convulsões ou anormalidades neurológicas focais) são observadas em 30% a 40% dos pacientes.[49] Os pacientes adultos mais velhos com meningite bacteriana são mais propensos a apresentarem alteração do nível de consciência e menos propensos a desenvolverem cefaleia e rigidez de nuca do que os pacientes adultos mais jovens.[48]
deficit neurológico focal, incluindo envolvimento de nervos cranianos e pupilas anormais
Pode ser causado por irritação de meninges e aumento da pressão intracraniana, e por exsudatos encobrindo raízes nervosas.Uma ou mais complicações neurológicas (comprometimento da consciência, convulsões ou anormalidades neurológicas focais) são observadas em 30% a 40% dos pacientes.[49]
hipotensão
Geralmente ocorre tardiamente no choque séptico e é um fator de risco para a morte nas infecções meningocócicas.[51]
choque
Manifestação precoce da sepse.
estado tóxico/moribundo
Um sinal de doença grave.
palidez ou pele mosqueada
Sinal precoce de sepse meningocócica.[41]
erupção cutânea
Uma erupção cutânea hemorrágica (petequial ou purpúrea que não desaparece à digitopressão) é percebida em 42% a 83% dos pacientes com meningococemia.
Em uma minoria dos pacientes, um exantema maculopapular, eritematoso e que desaparece à pressão pode ser inicialmente observado, tornando-se hemorrágico posteriormente na evolução da doença.[41] A erupção cutânea se desenvolve mais comumente 4-18 horas após os sintomas iniciais da doença.[41][49] A erupção cutânea pode ser menos visível nos pacientes com tons de pele mais escuros - examine a sola dos pés, a palma das mãos e a conjuntiva.[47]
mãos e pés frios
Manifestação precoce da sepse.[41]
hipotonia
Pode ser um sinal de doença sistêmica grave, principalmente em lactentes jovens.
Incomuns
choro em tom agudo
sinal de Kernig
Rigidez intensa dos isquiossurais que causa incapacidade de estender a perna quando o quadril está flexionado a 90 graus.Incomum, mas indica uma inflamação meníngea e sugere meningite. Não deve servir de base para o diagnóstico, pois a sensibilidade pode ser baixa.[48]
Ele é evidenciado ao fazer com que o paciente se deite na posição supina e flexione a coxa, de modo que fique em ângulo reto em relação ao tronco, e estenda a articulação do joelho. Se a perna não puder ser completamente estendida por conta da dor, isso será considerado um sinal positivo.
sinal de Brudzinski
Rigidez de nuca intensa que faz com que o quadril e os joelhos do paciente se flexionem quando a nuca é flexionada passivamente. Incomum, mas indica uma inflamação meníngea e sugere meningite. No entanto, não deve servir de base para o diagnóstico, pois a sensibilidade pode ser baixa.[48]
Outros fatores diagnósticos
comuns
irritabilidade
Um sintoma inespecífico precoce.
letargia
Um sintoma inespecífico precoce.
dor em músculos/articulações
Um sintoma inicial inespecífico.
inapetência ou má alimentação
Um sintoma inespecífico precoce.
náuseas ou vômitos
Os vômitos podem ser uma indicação inespecífica da doença ou um sintoma de hipertensão intracraniana.
sede
Sintoma precoce comum da sepse.
coriza, faringite ou tosse
A infecção respiratória superior recente é um fator de risco para a infecção meningocócica e é descrita em até 50% dos pacientes.
dificuldade respiratória
Um sinal de doença grave.
taquicardia
Um sinal de doença grave.
Fatores de risco
Fortes
idade jovem
Os anticorpos bactericidas mucosos e séricos provocados pela colonização nasofaríngea com as espécies de Neisseria meningitidis e outras espécies de Neisseria aumentam durante a primeira década de vida. No terceiro trimestre de gestação, esses anticorpos protetores são transmitidos por via transplacentária da mãe para o feto. As taxas mais altas de infecção ocorrem em crianças abaixo de 1 ano de idade, acompanhando a diminuição fisiológica deste anticorpo derivado da mãe.[4][10] O aumento da exposição a portadores meningocócicos é provavelmente responsável por um segundo pico nas infecções invasivas em adolescentes mais velhos.[21][22]
deficiência de complemento
As deficiências hereditárias ou adquiridas dos componentes da via comum do complemento C3, properdina, Fator D, Fator H ou C5-C9 estão associadas a altas taxas de infecção meningocócica invasiva e meningococcemia crônica.[4][10] O soro de pacientes com essas deficiências mata insuficientemente as bactérias, significando que a atividade bactericida dependente do complemento sérico é uma defesa importante do hospedeiro.
A prevalência da deficiência de complemento em pacientes com infecções meningocócicas invasivas varia de 0% a 25%, sendo mais elevada em pacientes com infecções meningocócicas recorrentes e com infecções causadas por sorogrupos incomuns.[23]
uso de eculizumabe e ravulizumabe
Estima-se que o risco de infecção meningocócica entre os pacientes que tomam eculizumabe, mesmo se estiverem vacinados, é 1000 a 2000 vezes maior.[24] Especialistas acreditam que o uso de ravulizumabe também aumenta o risco de infecção invasiva.
Eculizumabe e ravulizumabe são inibidores do complemento que podem ser usados no tratamento de hemoglobinúria paroxística noturna, síndrome hemolítico-urêmica atípica e miastenia gravis generalizada.
deficiência de imunoglobulina
Os anticorpos opsonofagocíticos direcionados contra o polissacarídeo capsular meningocócico e contra outros antígenos bacterianos contribuem para a destruição bacteriana. Os pacientes com hipogamaglobulinemia congênita ou adquirida, deficiências da subclasse IgG ou deficiências funcionais de imunoglobulina são mais suscetíveis a infecções meningocócicas, embora as taxas de infecção meningocócica nesses pacientes não sejam tão altas quanto as taxas de Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae.
Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)
As pessoas com infecção por HIV, sobretudo aquelas com baixa contagem de CD4 ou alta carga viral, correm maior risco de contrair a doença meningocócica.[25][26][27][28] Nos EUA, a vacinação meningocócica do sorogrupo ACWY é recomendada em todos os pacientes com HIV acima de 2 meses de idade, independentemente da contagem de CD4.[21]
asplenia ou hiposplenia
Pessoas com hiposplenia anatômica ou funcional apresentam aumento do risco de contrair infecções meningocócicas graves, embora o risco não seja tão grande quanto o risco para infecções por Streptococcus pneumoniae.[29]
frequentar universidade ou faculdade
Estudantes dos EUA e do Reino Unido apresentam um risco consideravelmente maior de infecção meningocócica que colegas da mesma idade que não frequentam a universidade.[28][30][31] No entanto, as taxas entre calouros, e principalmente naqueles que vivem em dormitórios, são de 2 a 5 vezes mais altas que nos outros estudantes.[4][32] Isso está presumivelmente relacionado ao rápido aumento nas taxas de colonização meningocócica durante o primeiro ano de universidade.[22]
contato próximo com a infecção meningocócica invasiva
Mais de 95% das infecções meningocócicas são esporádicas. Entretanto, casos secundários podem ocorrer em contatos de pacientes com infecções meningocócicas.[33] O contactante domiciliar de pessoas com a infecção meningocócica tem taxas de infecção que variam de 0.25% a 3%.[14] Os contatos em escolas e no local de trabalho têm um menor risco de infecção (0.04% a 2.5%), observando-se taxas mais elevadas em adolescentes e pessoas que moram ou trabalham em ambientes aglomerados. A maioria dos casos secundários é diagnosticada dentro de 2 semanas do caso índice. Os surtos ocorrem em certas comunidades, por exemplo, entre homens gays e bissexuais em Melbourne, Austrália, em 2017, e na Flórida, em 2022.[34][35] Recomenda-se que as pessoas que estejam em uma comunidade afetada por um surto se vacinem ou recebam vacinações de reforço, dependendo dos fatores de risco e do status de vacinação individuais.[21][36]
aglomeração domiciliar
A aglomeração domiciliar é um fator de risco para a infecção meningocócica em crianças e adolescentes, possivelmente porque o fato de morar perto de outras pessoas facilita a transmissão da bactéria entre membros do domicílio.[21]
viagem para uma área epidêmica ou hiperendêmica
As infecções meningocócicas pelos sorogrupos A e C são hiperendêmicas no cinturão subsaariano da meningite, que se estende do Senegal à Etiópia, principalmente na estação seca de dezembro a junho. Durante as epidemias, as taxas de ataques podem chegar a 1000 a cada 100,000 pessoas.[7] Epidemias causadas pelas cepas W-135 e Y têm ocorrido na Arábia Saudita e em vários países africanos, e epidemias das cepas do sorogrupo A têm ocorrido na Índia.[37] As pessoas que viajam para essas regiões têm taxas elevadas de doença meningocócica. Infecções também têm sido relatadas em participantes da peregrinação Hajj à Arábia Saudita e seus respectivos contactantes domiciliares.
profissionais de laboratórios
Os infectologistas clínicos com exposição ocupacional à Neisseria meningitidis apresentam maior risco de infecção.[21][38] Em muitos casos, essas pessoas relataram atividades que provavelmente as expuseram a gotículas ou aerossóis infecciosos, ou tiveram exposição confirmada na forma de manipulação de um isolado ou amostra confirmada de N meningitidis nos 14 dias anteriores ao início dos sintomas.[38]
exposição à fumaça de cigarro
O tabagismo e a exposição passiva à fumaça de cigarro são fatores de risco para a transmissão meningocócica e a doença meningocócica invasiva.[21][28][39] A fumaça de cigarro prejudica as barreiras físicas para a colonização bacteriana, como a função ciliar e as respostas imunes celulares locais. Ela é tóxica para as células epiteliais respiratórias, e a bactéria pode ter melhor capacidade de colonizar e invadir o epitélio respiratório danificado.
Fracos
mudança recente para uma nova comunidade
As pessoas que mudam para um novo ambiente de moradia, principalmente para uma comunidade fechada ou semifechada, como escola residencial, dormitório universitário ou instalação militar, têm taxas elevadas de infecção meningocócica. As taxas de transmissão meningocócica são altas ou aumentam rapidamente nas primeiras semanas de residência e frequentemente são sustentadas em níveis elevados. O risco elevado de doença nesses ambientes provavelmente está relacionado a taxas mais elevadas de colonização em pessoas suscetíveis.
infecção respiratória
Até 50% das pessoas com infecções meningocócicas invasivas tiveram sintomas recentes de infecção respiratória superior, e muitas têm copatógenos respiratórios identificáveis.[40][41] Os patógenos respiratórios podem promover a colonização bacteriana prejudicando a imunidade local ou facilitando a invasão bacteriana. A tosse e espirros podem promover a transmissão da Neisseria meningitidis para contatos próximos.
frequentar bares/clubes (discotecas)
Em adolescentes e adultos jovens, os fatores de risco da doença meningocócica incluem visitar bares e clubes.[28][42] O tabagismo é um forte fator confundidor em muitos estudos. É provável que esses contextos com multidões e o contato pessoal próximo facilite a disseminação dos meningococos a pessoas suscetíveis.
beijar
Em adolescentes e adultos jovens, um fator de risco para a doença meningocócica é o beijo íntimo.[42] O tabagismo é um forte fator confundidor em muitos estudos.
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