Complicações
A taxa anual de progressão de gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS) para mieloma múltiplo ou outras malignidades linfoproliferativas relacionadas é de cerca de 1%.[10][11] Pacientes que apresentam MGUS com proteínas monoclonais (M) <1.5 g/dL e com uma proporção normal de cadeias leves livres no soro correspondem a aproximadamente 40% de todos os casos e têm, ao longo da vida, apenas 2% de probabilidade de desenvolver mieloma múltiplo ou malignidades relacionadas. [29] Aqueles com MGUS tipo imunoglobulina G (IgG) ou imunoglobulina A (IgA) podem progredir para mieloma múltiplo, mas os mecanismos exatos não estão claros.
O diagnóstico baseia-se na presença de critérios bem definidos que ajudam a distinguir o mieloma múltiplo de outras discrasias plasmocitárias e malignidades de células B associadas à produção de paraproteína. A investigação diagnóstica inicial inclui história completa e exame físico, com testes diagnósticos importantes para fornecer um diagnóstico definitivo.[37]
Entre 5% e 10% dos pacientes com mieloma múltiplo apresentam evolução indolente, assintomática ou sem danos aos órgãos-alvo e não requerem tratamento imediato. O início do tratamento nesses pacientes pode ser adiado até o surgimento da doença ativa. No entanto, se um paciente apresentar mieloma múltiplo ativo, é indicado que o tratamento se inicie na ocasião do diagnóstico.
Pacientes com MGUS têm aumento do risco de progressão para macroglobulinemia de Waldenström.[25] Cerca de 15% dos casos apresentam linfadenopatia e esplenomegalia.
Quaisquer sintomas e sinais de hiperviscosidade (como sangramento da pele e de mucosas, retinopatia com perturbação visual e sintomas neurológicos, como cefaleia, tontura e vertigem) são manifestações clínicas importantes e devem ser urgentemente tratados com plasmaférese e quimioterapia.
Pacientes com MGUS do tipo IgG ou IgA podem progredir para amiloidose de cadeia leve.[23] Manifesta-se geralmente por edema resistente à terapia com diuréticos, fadiga e perda de peso sem explicação. Na amiloidose de cadeias leves sistêmica, a imunofixação do soro e da urina confirma a presença de imunoglobulina monoclonal, juntamente com uma proporção anormal de cadeias leves livres. A investigação de depósitos amiloides por biópsia é essencial.
O tratamento definitivo da amiloidose de cadeia leve sistêmica inclui quimioterapia mieloablativa em altas doses com reconstituição de células-tronco em pacientes selecionados, ou quimioterapia.
Pacientes com MGUS tipo IgM apresentam aumento do risco de progressão para leucemia linfocítica crônica, uma malignidade hematológica com evolução variável que ocorre com o aumento da idade.[23] Manifesta-se geralmente com linfadenopatia assintomática ou com linfocitose absoluta como um achado incidental em um hemograma completo de rotina. O diagnóstico é feito por hemograma completo com diferencial, esfregaço de sangue exibindo manchas de Gumprecht e citometria de fluxo.
Critérios clínicos e laboratoriais são usados para determinar a abordagem de tratamento e o prognóstico. As opções de tratamento incluem uma abordagem conservadora (observar e aguardar) ou quimioterapia.
Pacientes com MGUS tipo IgM têm aumento do risco de progressão para linfoma não Hodgkin.[23] O linfoma difuso de grandes células B é o tipo mais comum de linfoma. O fenótipo maligno no linfoma não Hodgkin é devido a mutações genéticas anormais, que ocorrem durante a produção, maturação ou ação de linfócitos. As mutações promovem o crescimento e a expansão de uma população monoclonal de linfócitos malignos. O tipo de linfoma depende do estágio da produção, maturação ou ação dos linfócitos em que a mutação ocorre.
O diagnóstico é confirmado por amostragem tecidual (por exemplo, linfonodos, medula óssea, pele) e o tratamento é baseado no subtipo histológico e na gravidade dos sintomas na apresentação. O esquema de quimioterapia mais comumente usado é o R-CHOP-21 (rituximabe + ciclofosfamida + doxorrubicina + vincristina + prednisolona).
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