Considerações de urgência

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Hipomagnesemia

Geralmente definida como magnésio sérico <0.75 mmol/L (<1.5 mEq/L).

Deficiência de magnésio grave

Os pacientes com depleção de magnésio grave (<0.5 mmol/L [<1 mEq/L]) são sintomáticos.[40] Os sintomas incluem alucinações, convulsões, espasmos musculares, dificuldade ou incapacidade de deglutição (espasmos dos músculos esofágicos) e batimentos cardíacos irregulares. A condição pode apresentar risco de vida em função de convulsões recorrentes ou batimentos cardíacos irregulares que podem evoluir para arritmias, extrassístoles, torsades de pointes, taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular.

A reposição intravenosa de magnésio é indicada se o magnésio sérico estiver <0.5 mmol/L (<1 mEq/L) ou se o paciente estiver sintomático.[40] Deve-se consultar e seguir os protocolos locais. Podem ser necessárias velocidades de infusão maiores em emergências (por exemplo, convulsões). A causa subjacente também deve ser tratada.

Deficiência de magnésio leve

Os pacientes com depleção de magnésio leve (magnésio sérico 1-1.5 mEq/L) são geralmente assintomáticos e podem ser tratados com reposição oral de magnésio.[40] As recomendações locais de dosagem podem variar entre si e devem ser seguidas.

Arritmias cardíacas

A depleção de magnésio produz alterações características no eletrocardiograma (ECG). Uma depleção pequena causa alargamento do complexo QRS, resultando em prolongamento do intervalo QT e pico das ondas T. Se a depleção piorar, o complexo QRS continua a alargar, ocorre prolongamento do intervalo PR e diminuição da onda T.[41]​ Arritmias ventriculares geralmente ocorrem em pacientes com cardiopatia isquêmica concomitante; essas incluem extrassístoles ventriculares, taquicardia ventricular (particularmente torsades de pointes) e fibrilação ventricular. Não está claro se essas arritmias ocorrem devido a hipomagnesemia, hipocalemia associada ou ambas.

Os pacientes com alterações no ECG necessitam de reposição oral de magnésio. Os pacientes com arritmias precisam receber sulfato de magnésio intravenoso. Os protocolos locais para dosagem em adultos podem variar e devem ser consultados. Deve-se consultar um especialista para diretrizes de dosagens em crianças. Os pacientes com taquicardia ventricular sustentada que não respondem à terapia inicial necessitam de cardioversão. A desfibrilação é necessária em casos de fibrilação ventricular, de acordo com algoritmos de suporte avançado de vida. Consulte Taquicardias ventriculares sustentadas e Parada cardíaca.

Frequentemente são observados intervalos QT prolongados na hipomagnesemia grave. Os intervalos QT prolongados decorrentes de canalopatias hereditárias podem piorar ou se agravar devido a uma hipomagnesemia subjacente, especialmente se esta for grave.[42]​ A restauração a um nível adequado de magnésio sérico pela suplementação oral nas hipomagnesemias leves ou com magnésio por via intravenosa nos casos de hipomagnesemia grave é recomendada para diminuir a incidência de prolongamento dos intervalos QT e evitar a ocorrência de torsades de pointes.

Eclâmpsia

A eclâmpsia é caracterizada pela ocorrência de convulsões em uma paciente com pré-eclâmpsia sem nenhuma outra causa identificada. A eclâmpsia é tratada com sulfato de magnésio intravenoso.[14]​ Os protocolos locais podem variar e devem ser consultados. Qualquer mulher que apresentar convulsões durante a gravidez precisa de tratamento imediato, mesmo se o diagnóstico ainda não tiver sido estabelecido. O diagnóstico é confirmado pela presença de hipertensão e proteinúria e pela exclusão de outras causas de convulsões. Consulte Pré-eclâmpsia (Manejo).

Cetoacidose diabética

Uma complicação metabólica aguda do diabetes mellitus potencialmente fatal causada pela deficiência absoluta de insulina. Os sintomas geralmente se desenvolvem com rapidez em um dia ou menos e incluem poliúria, polidipsia, fraqueza, perda de peso, náuseas, vômitos e, ocasionalmente, dor abdominal. Estão presentes também sinais de depleção de volume, respiração de Kussmaul e hálito cetônico. A cetoacidose é frequentemente desencadeada pela insulinoterapia insatisfatória ou afecção clínica aguda em indivíduos com diabetes diagnosticado, mas também é uma apresentação inicial comum no diabetes mellitus do tipo 1. O tratamento envolve reposição de fluidos e insulina intravenosa imediatos.[43]​ Podem também ser necessários potássio, fosfato, magnésio e bicarbonato dependendo dos graus de distúrbios eletrolítico e ácido-básico presentes. Consulte Cetoacidose diabética (Manejo).

Alcalose metabólica

Algumas causas de hipomagnesemia, como doença renal, uso crônico de diuréticos ou hiperaldosteronismo podem produzir uma alcalose metabólica grave concomitante (pH arterial >7.6). A rápida redução do pH arterial pode ser obtida por hipoventilação controlada, sedação e ventilação mecânica. Deve-se corrigir a depleção de volume com soro fisiológico, assim como as anormalidades eletrolíticas associadas. Se o soro fisiológico for contraindicado (devido à sobrecarga de volume ou insuficiência renal grave), o cloreto de hidrogênio (HCl) ou de amônio podem ser usados para corrigir a alcalose. No entanto, esses tratamentos possuem um alto risco de complicações (hemólise e necrose tecidual pelo HCl e toxicidade por amônia pelo cloreto de amônio). Se houver suspeita de que um diurético seja a causa, deve-se reduzir a dose ou descontinuar o medicamento. O hiperaldosteronismo requer tratamento com espironolactona e/ou ressecção do tumor secretor de aldosterona.

Hipocalcemia refratária

A hipocalcemia na presença de hipomagnesemia não remitirá a não ser que o nível de magnésio normalize. Deve ser administrada uma suplementação adequada de magnésio. Deve-se sempre considerar a deficiência de magnésio normomagnesêmica como uma causa da hipocalcemia refratária; uma tentativa terapêutica de suplementação de magnésio melhora o nível de cálcio nessa afecção.

Hipocalemia refratária

A hipocalemia na presença de hipomagnesemia não remitirá a não ser que o nível de magnésio normalize. Deve ser administrada uma suplementação adequada de magnésio. Deve-se sempre considerar a deficiência de magnésio normomagnesêmica como uma causa de hipocalemia refratária; uma tentativa terapêutica de suplementação de magnésio melhora os níveis de potássio nessa afecção.

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