Considerações de urgência

Ver Diferenciais para obter mais detalhes

As elevações graves da pressão arterial são classificadas como emergências ou urgências.[43] Nas emergências hipertensivas, há hipertensão grave (>180/120 mmHg) com evidência de dano a órgão-alvo novo ou em agravamento.[2] Esta é uma ameaça imediata ao sistema cardiovascular e ao paciente. Nas urgências hipertensivas, há hipertensão grave, mas o paciente permanece estável de outra forma, sem evidência de alteração aguda ou iminente no dano ou disfunção de órgãos-alvo.[2]

As emergências hipertensivas reais incluem a encefalopatia hipertensiva, a insuficiência ventricular esquerda hipertensiva e a dissecção aguda da aorta. O manejo dessas condições inclui o tratamento imediato em unidade de tratamento intensivo, com redução gradual e controlada da pressão arterial. Os exames laboratoriais iniciais devem incluir um exame completo de sangue e análise da urina para pesquisar uma causa subjacente. Podem ser necessários exames adicionais, como enzimas cardíacas, testes de função da tireoide (TFTs), catecolaminas urinárias e ácido vanilmandélico. Elevações na ureia e na creatinina, níveis aumentados de sódio e fosfato, níveis altos ou baixos de potássio (particularmente no hiperaldosteronismo, como resultado da perda renal de potássio) e acidose são alguns dos achados frequentes.

Estudos de imagens, como radiografia torácica e ultrassonografia renal, também podem ajudar a excluir etiologia subjacente. Também pode ser indicada uma tomografia computadorizada da cabeça para avaliar hemorragia intracraniana ou infarto cerebral, bem como lesões com efeito de massa. Um eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações é útil para avaliar isquemia cardíaca ou infarto do miocárdio, presença de hipertrofia ventricular esquerda e evidências de distúrbios eletrolíticos ou efeitos de overdose medicamentosa. Se não tratadas, essas condições são associadas a uma alta mortalidade e morbidade. Felizmente, com o uso disseminado de agentes anti-hipertensivos, essas condições são geralmente menos observadas.[43][44][45]

Emergências hipertensivas específicas

Encefalopatia hipertensiva

  • Trata-se de um sintoma complexo de hipertensão grave com cefaleia, vômitos, distúrbio visual, alterações do estado mental, convulsões e papiledema. Sintomas cardíacos, como angina, infarto do miocárdio e edema pulmonar, podem, ocasionalmente, ser os principais sintomas presentes.

Insuficiência ventricular esquerda hipertensiva

  • Os sintomas são aqueles da insuficiência cardíaca descompensada com falta de ar, edema pulmonar, letargia, dispneia paroxística noturna e ortopneia. Uma tosse produtiva de expectoração rósea e espumosa pode ser relatada. A insuficiência cardíaca esquerda pode levar à insuficiência biventricular, e pode haver sinais de edema periférico e hepatomegalia. Geralmente, indica-se um ecocardiograma, e o exame de imagem das artérias coronarianas pode ser útil porque a isquemia cardíaca reversível pode melhorar os sintomas e o prognóstico.

Dissecção aguda da aorta

  • Manifesta-se, tipicamente, com dor torácica intensa e aguda, acompanhada de características de um "rasgo" ou "ruptura". Pode irradiar para as costas ou para a mandíbula. Síncope, cognição alterada e ansiedade são sintomas neurológicos comuns. Uma diferença >20 mmHg na pressão arterial entre os braços é sugestiva, mas não diagnóstica, de dissecção aguda da aorta. O tratamento depende da parte da aorta que está afetada e pode incluir reparo cirúrgico, implante de stent endovascular ou apenas terapia medicamentosa. Todos os pacientes requerem monitoração rigorosa e tratamento intensivo da pressão arterial e do pulso, geralmente em unidade de terapia intensiva ou de alta dependência, com acompanhamento por um especialista.

Consulte Emergências hipertensivas.

Urgências hipertensivas

Hipertensão maligna ou grave

  • A hipertensão maligna é associada a danos potencialmente irreversíveis mediados pela hipertensão em órgãos-alvo que ocorrem ao longo de dias ou semanas, em vez de minutos. Por isso ela é classificada como urgência. Ela é caracterizada por pressão arterial muito alta associada a alterações retinianas bilaterais, inclusive exsudatos e hemorragias, com ou sem papiledema. Os sintomas mais comuns incluem cefaleia (frequentemente occipital), distúrbios visuais, dor torácica, dispneia e deficits neurológicos. As consequências incluem infarto ou hemorragia cerebral, cegueira ou paralisia transitória, convulsões, estupor ou coma. A hipertensão maligna geralmente tem uma causa renal. A presença de proteinúria, hematúria microscópica, eritrócitos e de cilindros hialinos na urina é um sintoma típico. Consulte Emergências hipertensivas.

Pressão arterial alta assintomática

  • Trata-se de uma ocorrência comum, em que o paciente assintomático (hipertenso conhecido sob tratamento ou cuja hipertensão ainda não era conhecida) apresenta leituras muito altas na faixa da "hipertensão grave". Se houver sinais de envolvimento retiniano, o paciente deverá ser tratado de acordo com as diretrizes para "hipertensão maligna" ou "hipertensão grave". Entretanto, se não houver envolvimento de órgãos mediados pela hipertensão, a causa da pressão arterial alta deverá ser avaliada.

  • Se o paciente já estiver tomando anti-hipertensivos, deve-se verificar sua adesão terapêutica ou o agravamento da função renal. Se tiver ocorrido aumento da pressão arterial ao longo tempo, isso pode simplesmente refletir a necessidade de ajustar a posologia do medicamento, pois a posologia atual talvez não seja suficiente. Deve-se também pesquisar uma história de uso de substâncias ilícitas, pois isso pode causar o aumento súbito da pressão arterial. Também é importante o rastreamento de causa secundária.

  • Se o paciente nunca tiver sido exposto à terapia com anti-hipertensivos, ele deverá ser tratado como qualquer indivíduo com hipertensão recém-diagnosticada, com o rastreamento de causas secundárias, danos a órgãos-alvo e risco cardiovascular.

Pré-eclâmpsia

  • A pré-eclâmpsia é um novo episódio de hipertensão persistente, com proteinúria ou evidência de envolvimento sistêmico, que ocorre em gestantes após 20 semanas de gestação. Mulheres com pré-eclâmpsia necessitam de cuidados obstétricos especializados. Os detalhes do diagnóstico e tratamento estão além do escopo deste tópico. Consulte Pré-eclâmpsia.

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal