Abordagem

O tratamento da halitose depende da causa. Na maioria dos pacientes a halitose tem causa oral. O tratamento é, portanto, voltado para a redução dos acúmulos de restos de alimentos e bactérias orais produtoras de odores.

Pacientes saudáveis com halitose transitória leve devem melhorar os procedimentos de higiene bucal, incluindo uma escovação suave da língua e o uso de enxaguantes bucais antibacterianos. A halitose transitória devida à ingestão de alimentos que causem a excreção de agentes voláteis contendo enxofre a partir dos pulmões (por exemplo, alho) não se beneficia da higiene bucal somente. Nesses casos, a redução da concentração de tais gases no hálito requer uma alteração da dieta.[39]

Indivíduos com halitose persistente devido a doenças dentais necessitam do tratamento dental adequado. Isso pode incluir intervenções restauradoras e cirúrgicas.

A halitose associada a doenças da nasofaringe do trato respiratório superior e do trato gastrointestinal se beneficiam do tratamento adequado do transtorno de base.

Procedimentos de higiene bucal (mecânicos)

A remoção física eficaz da placa dental bacteriana é obtida via limpeza dos dentes, incluindo escovação e uso de fio dental. Similarmente, dentaduras devem ser limpas de modo eficaz, embora ainda não haja um método de limpeza específico que reduza a halitose associada ao uso de dentaduras.[40]

Procedimentos de higiene bucal (químicos)

Os enxaguantes bucais indicados para o tratamento do mau hálito agem reduzindo a carga bacteriana ou os compostos odoríferos associados.[9][41] Infelizmente há poucos ensaios clínicos randomizados e controlados (ECRCs) sobre a eficácia desses enxaguantes bucais.

  • O gluconato de clorexidina causa uma queda nas bactérias que geram compostos voláteis de enxofre (CVEs) e, usado como enxaguante bucal ou spray, ele pode ser mais eficaz que melhorar isoladamente a higiene bucal na redução do mau hálito por várias horas.[42][43] Um enxaguante bucal com clorexidina/zinco combinado foi relatado como eficaz para halitose em um estudo, mas uma revisão Cochrane concluiu que as evidências foram muito incertas.[11][44] Um enxaguante bucal de clorexidina/cloreto de cetilpiridínio e lactato de zinco também reduz o mau hálito.[45] No entanto, os pacientes podem ser relutantes em usar a clorexidina em longo prazo, pois ela têm gosto desagradável, pode causar sensação de queimação na mucosa oral se for usada com muita frequência e pode provocar manchas (reversíveis) nos dentes.

  • A triclosana tem tanto uma ação anti-CVE direta quanto um efeito antibacteriano. É usada em enxaguantes bucais e cremes dentais e pode reduzir o mau hálito, mas as evidências são incertas.[11] A ação anti-CVE parece depender principalmente do agente solubilizante com o qual a triclosana é administrada.[46] Uma formulação de triclosana/copolímero/fluoreto de sódio parece ser particularmente eficaz na redução de CVEs, bactérias e mau cheiro orais.[47][48]

  • Um enxaguante bucal bifásico com óleo e água pode reduzir o mau hálito por várias horas sem efeitos adversos.[49]

  • Outras preparações que podem reduzir o mau hálito por várias horas incluem enxaguantes bucais contendo cloreto de cetilpiridínio, dióxido de cloro e cloreto de zinco e dentifrício estabilizado de fluoreto estanoso com hexametafosfato de sódio (0.454%).[50][51][52] A adição de zinco aos enxaguantes bucais com clorexidina pode aumentar as reduções da microbiota da língua e CVEs em comparação com a clorexidina administrada isoladamente.[53] Isso também pode aumentar os efeitos de mascaramento dos enxaguantes bucais.[54] O uso de doces sem açúcar contendo gliconato de zinco e própolis mostrou reduzir os CVEs (conforme determinado por halímetro).[55]

  • Um achado prévio de que um enxaguante bucal à base de metronidazol poderia ser benéfico jamais foi confirmado.[56]

Limpeza da língua

Caso o mau hálito persista, a língua pode ser a fonte mais provável do odor e, portanto, uma limpeza suave e regular da língua é indicada.[53][57] O objetivo é desalojar restos de alimentos, células mortas e bactérias do espaço entre as papilas filiformes, diminuindo, assim, a concentração de CVEs.[9]

A limpeza da língua deve ser feita à noite usando-se uma escova de dentes rígida e água fria, mas sem creme dental, ou um limpador de língua. Os benefícios da limpeza da língua parecem ser de curta duração.[9] Limpar a língua nem sempre reduz a contagem bacteriana intraoral de bactérias supostamente associadas ao mau hálito e não há evidência quanto a frequência, duração ou método mais apropriados de limpeza da língua para reduzir o mau hálito.[53][58] Uma revisão Cochrane revelou evidências de qualidade muito baixa de que a limpeza mecânica da língua pode reduzir os escores dos testes organolépticos.[11] Os resultados de alguns estudos sugerem que a adição de géis como o Meridol™ (fluoreto de amina/fluoreto estanhoso/lactato de zinco) pode reduzir o mau hálito em curto prazo (conforme avaliado pelo método organoléptico) e os compostos voláteis de enxofre (CVEs).[59][60]

Métodos cosméticos

Métodos cosméticos como goma de mascar, balas, sprays aromatizados e alguns enxaguantes bucais oferecem meramente um aroma temporário que compete com o odor desagradável e que pode mascará-lo. Um comprimido fitoterápico mucoadesivo demonstrou reduzir o odor subjetivo da boca e os níveis de CVEs, pelo menos em curto prazo.[61] Uma goma que contenha extrato de casca de magnólia pode diminuir as bactérias orais associadas à halitose.[62]

Tratamento do quadro clínico subjacente

Doença dental/periodontal

  • O tratamento adequado de doenças dentais e periodontais pode controlar a halitose que resulta do acúmulo de bactérias nas superfícies dentais e tecidos periodontais. Doenças dentais são em geral tratadas com medidas restauradoras e protéticas, ao passo que, em um número significativo de indivíduos, doenças periodontais requerem intervenção cirúrgica.

Doença oral e orofaríngea

  • Inclui transtornos infecciosos, inflamatórios e malignos das mucosas oral, nasal e orofaríngea, assim como dos tecidos moles e duros circundantes. A abordagem terapêutica depende da etiopatogênese relevante.

Doença dos trato respiratório superior e gastrointestinal

  • Incluem transtornos infecciosos, inflamatórios e malignos. A abordagem terapêutica depende da etiopatogênese relevante.

Transtornos sistêmicos causadores de halitose hemogênica

  • A abordagem terapêutica depende da etiopatogênese relevante.

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal